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Universidade Federal de Goiás
indígenas ufg

Palestras abordam inclusão de estudantes indígenas no ensino superior

Em 22/03/24 14:00. Atualizada em 26/03/24 13:21.

Participantes apontaram necessidade de mudanças nas estruturas e processos educacionais

Ricardo Lima

A inclusão de estudantes indígenas foi o tema do último dia da Semana de Planejamento Pedagógico 2024/1 da Diretoria de Acessibilidade (DAC) da Secretaria de Inclusão da Universidade Federal de Goiás (SIN/UFG). O evento, realizado entre os dias 11 e 14 de março, no Câmpus Samambaia, promoveu atividades internas e abertas ao público.

No dia 14 de março, o encontro teve início com a palestra das professoras Joana Aparecida da Silva e Katiúscia Teixeira da Costa, associadas ao curso de Educação Intercultural da UFG. Elas abordaram o tema "Saberes necessários para uma atuação inclusiva e acessível para estudantes indígenas no ensino superior".

Em seguida, a coordenadora administrativa da Diretoria de Ações Afirmativas da SIN, Liliene dos Santos, apresentou o tema "Mulheres indígenas na UFG: inclusão nos cursos de graduação regulares". Por fim, a estudante indígena Kiga Bóe relatou encontros e vivências na Universidade.

Estudantes indígenas

Na palestra, a professora Joana enfatizou a importância da diversidade cultural e linguística dos povos indígenas do Brasil, ressaltando também a diferença entre a educação tradicional nas aldeias e a educação escolar colonialista, que historicamente desconsiderou suas tradições e costumes. "A educação escolar colonialista promove o epistemicídio, é desrespeitosa com os costumes, monolíngue e autoritária", pontuou.

A professora destacou as dificuldades dos alunos indígenas na Universidade, como a barreira linguística e os desafios sociais. Ressaltou a necessidade de preparo da instituição para acolhê-los integralmente, com apoio em moradia, alimentação e saúde. "Incluir não significa apenas abrir vagas, é preciso preparar os professores, funcionários e a universidade".

A docente ressaltou a interculturalidade como caminho para uma convivência harmoniosa, destacando a importância de mudanças nas estruturas e processos educacionais para garantir igualdade de oportunidades e respeito à diversidade.

Universitárias indígenas

Em sua apresentação, Liliene dos Santos, estudante de mestrado do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Direitos Humanos da UFG, discutiu sua pesquisa, ainda em andamento, sobre as políticas de ações afirmativas da Universidade para o ingresso e a permanência de mulheres indígenas nos cursos regulares de graduação.

Ela apresentou os objetivos de pesquisa, conceitos norteadores, metodologia e a questão problema de seu trabalho acadêmico: a práxis das políticas institucionais de inclusão na UFG consideram a equidade de gênero e a interculturalidade para a inclusão de mulheres indígenas?

Liliene destacou a importância de uma abordagem crítica para compreender a complexidade dessas políticas e garantir uma inclusão efetiva, evidenciando conceitos fundamentais como direitos humanos, ações afirmativas e interculturalidade. Além disso, enfatizou a necessidade de sensibilidade por parte da academia para garantir que as mulheres indígenas tenham acesso à informação e apoio necessários para sua permanência nos cursos, desencorajando o abandono.

Segundo o seu levantamento, há 29 cursos com mulheres indígenas pelo UFGInclui. O curso de Medicina Veterinária é o que tem o maior número de alunas indígenas.

Diálogo intercultural

A estudante Kiga Bóe mencionou casos pessoais e de pessoas indígenas próximas para exemplificar o estranhamento e a adaptação cultural para discentes indígenas. Ela pontuou, por exemplo, que o português é a segunda língua dos estudantes indígenas.

Kiga também abordou como esses estudantes podem sofrer dificuldades ou mesmo precariedade nas condições acadêmicas, de vida social e de renda no meio universitário e metropolitano. Não obstante, ela destacou o impacto do apoio oferecido pela Universidade. "Temos que dar valor às bolsas e benefícios que temos", afirmou.

 

* Foto de capa: Izabela Tamaso.

Fonte: Secom UFG

Categorias: Acessibilidade Institucional SIN