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Universidade Federal de Goiás
Reading Club

Projeto de extensão promove encontros literários em línguas estrangeiras

Em 16/04/24 16:30. Atualizada em 16/04/24 16:31.

Promovido pela Faculdade de Letras, Reading Club UFG discute contos em inglês, espanhol e francês lidos por participantes

Eduardo Bandeira

Certa feita, Eric Arthur Blair, mais conhecido pelo pseudônimo George Orwell, escritor, jornalista e ensaísta político inglês proferiu a máxima: "Uma vida sem leitura é uma vida sem esperança". Indo ao encontro dessa afirmação, a Faculdade de Letras (FL) da Universidade Federal de Goiás (UFG) possui um projeto de extensão aberto ao público que realiza encontros em línguas estrangeiras (inglês, espanhol e francês) para discutir contos lidos pelos participantes.

Com o nome de Reading Club (Clube de Leitura, em português) os encontros são realizados em semanas intercaladas. Cada língua tem um encontro quinzenal de maneira remota, por meio do aplicativo Google Meet, às sextas-feiras, das 18h30 às 19h30. Os contos são lidos nas línguas específicas de obras literárias em língua inglesa, espanhola e francesa. Os participantes recebem um certificado de duas horas.

Este ano a iniciativa partiu dos estudantes Gabriel Cândido e Julia Garcia, que reativaram o projeto coordenado pela professora Neuda Lago. O principal objetivo é fomentar o interesse pela literatura e oferecer um espaço para as comunidades externa e interna da UFG, com ênfase nos alunos do Centro de Línguas (CL) da Faculdade de Letras, para que pratiquem a conversa literária nos idiomas que estão aprendendo.

Neuda destaca que o formato on-line permite a participação de pessoas de outros países nos encontros. Na edição deste ano, além dos responsáveis pelos encontros em espanhol e francês, o clube conta com a parceria da Segi University, na Malásia.

 

Leia também: Novo Ensino Médio: por que sai espanhol e fica inglês?

 

Reading Club

Participantes do Reading Club durante o encontro virtual para discussão de contos (Imagem: Reprodução)

 

Partilha

O Reading Club busca trazer pessoas para compartilhar sua experiência de leitura, além de ser um momento de crescimento por meio da partilha, uma oportunidade de promover um momento gratuito de experiências de leitura, além de praticá-la em uma língua adicional e manifestar suas impressões sobre o texto literário. "O clube de leitura é um momento para conversarmos totalmente à vontade, sem a rigidez da grade curricular", explica a professora.

Para o professor de idiomas da comunidade externa à UFG, Gabriel Augusto de Oliveira, o interesse pelos autores foi o que o motivou a participar dos encontros. O docente esteve presente em quatro das cinco reuniões desta edição e, para ele, ouvir as diferentes perspectivas que outros participantes tiveram enquanto liam os contos, além de praticar o inglês, são alguns dos pontos mais importantes.

"É gratificante observar que a maioria dos participantes está interessada nas obras, mesmo aquelas que possam ser mais desafiadoras de ler. Acredito que, no geral, tem sido uma experiência muito enriquecedora", relata.

Os textos a serem lidos no clube são escolhidos pelos participantes. Os líderes do inglês, espanhol e francês enviam o texto para os participantes lerem antes dos encontros. Posteriormente, há a discussão do material. Atualmente, Gabriel Cândido, líder dos estudantes em língua inglesa, explica que existe uma reciclagem do material usado na primeira versão do Reading Club que dialoga com temáticas de cunho crítico e social.

"No Reading Club discutimos muito questões que abordam as mazelas sociais, homofobia, capacitismo, racismo. Ter esses tópicos nos contos que lemos pode trazer a capacidade de compreender melhor as pessoas, as habilidades de comunicação em outras línguas e a possibilidade de nos abrir para pontos de vista opostos aos nossos", ressalta Neuda.

A maioria dos contos traz reflexões muito interessantes sobre esses assuntos. "Nós já lemos Brokeback Mountain, que traz muitas questões sobre a homossexualidade, contos do autor Oscar Wilde, que tem um histórico e perfil muito interessante para discussões sobre a comunidade LGBT+. Além disso, em nossa lista temos contos de autores como Margaret Atwood e Chimamanda Ngozi Adichie, que também podem ser material para reflexões muito interessantes sobre misoginia, racismo, xenofobia entre outros assuntos", destaca Julia Garcia, participante e organizadora do projeto.

"Vale também destacar que estão presentes autores polêmicos como Lovecraft, que teve um passado obscuro como supremacista branco, o que também seria interessante discutir com os alunos, pois às vezes devemos ler textos de autores como ele para entender como as pessoas pensavam em sua época e ter uma discussão mais profunda e crítica sobre seus textos", acrescenta Julia.

Habilidades

A professora Neuda esclarece ainda que no Reading Club a literatura é vista para além do prazer, uma oportunidade de crescimento para os seres humanos desenvolverem habilidades de comunicação e relacionamentos interpessoais.

Para Julia, além de ter o prazer de conversar sobre literatura, o Reading Club faz com que ela tenha que revisitar textos já lidos ou conhecer novos que talvez nunca leria. Já Gabriel relata a experiência de compartilhar o que leu como um incentivo para que tenha uma leitura mais atenta.

Outra contribuição importante do Reading Club é a possibilidade de colocar jovens autores, por vezes independentes, em contato com o público leitor, para que possam ter parâmetros de para quem vão escrever e qual será a linguagem adequada para seus textos.

Apesar disso, os desafios às atividades do clube de leitura são, na maioria das vezes, em relação ao tempo disponível para a leitura dos materiais, além da participação e engajamento para que todos os presentes nas reuniões possam falar. Daí a escolha de discutir contos em vez de romances, tornando os debates mais acessíveis.

Um aspecto agridoce do clube, de acordo com Neuda, é a alternância de participantes. Se por um lado há o alcance de um público diversificado, por outro isso abala a continuidade das atividades.

Crescimento

O projeto de extensão, no entanto, tomou proporções que nem os próprios coordenadores poderiam prever. "Eu não tinha planejado que fôssemos estabelecer um grupo de suporte, de apoio pessoal. O Reading Club acabou criando um laço afetivo entre as pessoas, é esse momento em que nós nos sentimos mais livres ao compartilhar nossas experiências", afirma a coordenadora.

Também professora da FL, Rose Carreira ressalta a importância de lugares como o Reading Club para a comunidade acadêmica, pois isso permite outros vieses além do âmbito da pesquisa.

O link das reuniões é compartilhado no perfil da professora Neuda Lago no instagram.

 

* Foto de capa: Freepik.

Fonte: Secom UFG

Categorias: literatura Humanidades FL Notícia 1