Ludmila Lima

Desde 2021, a Cátedra Sérgio Vieira de Mello (CSVM) da Universidade Federal de Goiás (UFG) auxilia os migrantes que buscam validar seus diplomas estrangeiros no Brasil. No ano passado, o departamento testemunhou um aumento impressionante na procura por seus serviços, passando de 50 pessoas atendidas em 2022 para cerca de 100 pessoas em 2023.

Esse aumento reflete não apenas uma aproximação com as comunidades migrantes, mas também a determinação dessas pessoas em construir suas vidas no país.

Para a professora Carolina Hissa, advogada para migrantes e vice-coordenadora de pesquisa da CSVM, a oportunidade de exercer suas profissões impacta diretamente a autoestima dos migrantes, especialmente daqueles que foram forçados a deixar seus países devido a conflitos ou perseguições.

"Mais do que um recomeço do zero, é um recomeço de um zero, sabendo que você já chegou em outra esfera. São dores em cima de dores, o que compromete muito a qualidade de vida. Não é uma perda só financeira, mas emocional também", aponta Carolina.

Mas iniciar esse processo não é simples. Embora a plataforma Carolina Bori, do Ministério da Educação (MEC), tenha sido desenvolvida para simplificar a validação de diplomas estrangeiros, as barreiras linguísticas, a escassez de vagas e a burocracia excessiva ainda são desafios enfrentados pelos requerentes.

A situação é ainda mais complicada para aqueles que não são de países signatários da Convenção de Haia, que visa facilitar transações comerciais e jurídicas entre nações. Sem esse acordo, o processo se torna ainda mais árduo e caro para os migrantes.

Pressão

A voluntária da CSVM, Rafaela Pereira, destaca a variedade de valores cobrados pelas universidades para validar os diplomas, o que coloca uma pressão financeira adicional sobre os solicitantes. Embora estados como Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo tenham leis que isentam refugiados dessas taxas, a falta de uniformidade e abrangência nacional é uma lacuna que precisa ser preenchida.

A integração desses profissionais qualificados na sociedade brasileira não é apenas uma questão de inclusão, mas também uma oportunidade valiosa para o país. No entanto, alcançar esse objetivo requer políticas públicas mais eficazes e um reconhecimento mais amplo das habilidades e talentos dos migrantes.

É nesse contexto que a Cátedra Sérgio Vieira de Mello desempenha um papel crucial. Com atendimentos virtuais e presenciais, o departamento não só fornece informações, mas também acolhe e apoia os migrantes em sua jornada de integração no Brasil.

Aqueles que precisam de assistência nesse processo podem entrar em contato com a Cátedra Sérgio Vieira de Mello pelo WhatsApp: (62) 3521-2624.

* Foto de capa: DNY59 (Getty Images/iStockphoto)