Icone Instagram
Icone Linkedin
Icone YouTube
Universidade Federal de Goiás
Pesquisa famílias museus

Novos arranjos familiares ainda são invisibilizados nos museus do Brasil

Em 24/07/24 12:18. Atualizada em 07/08/24 13:39.

Estudo realizado por estudante da UFG foi publicado nos Anais do Museu Histórico Nacional

Jayme Leno
Carolina Melo

A conexão entre passado, presente e futuro pode ser traçada nos espaços constitutivos de um museu. No entanto, em se tratando das transformações ocorridas nos arranjos familiares contemporâneos, os museus do Brasil não acompanham a passagem do tempo. Estacionaram nos desenhos familiares tradicionais, presos ao modelo patriarcal, cisgênero e heteressexual.

A conclusão é da pesquisa realizada pelo estudante do curso de Museologia da Universidade Federal de Goiás (UFG), Abraão Modesto de Freitas, publicada nos Anais do Museu Histórico Nacional.

O estudo, de acordo com Abraão, levou quase um ano  para ser concluído e faz parte de seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). O interesse pelo tema surgiu de sua vivência como frequentador de museus e estudioso da área. "Sempre notei a ausência de representações das novas famílias nos museus, que continuam a exibir apenas as famílias tradicionais. Esse questionamento me levou a pesquisar o tema".

 

Leia também: Pesquisa investiga a origem da LGBTfobia na América do Sul

 

Pesquisa famílias museus

Lado externo do Museu Imperial, em Petrópolis (RJ): espaços refletem modelo cisheteronormativo de família (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Invisibilidade

Abraão aborda em seu artigo como os novos arranjos familiares brasileiros são reconhecidos nos âmbitos sociais e jurídicos, porém ainda não são refletidos adequadamente nos museus. "Os museus ainda têm dificuldade de explorar e expor esses novos arranjos familiares. Barreiras impostas pelo conservadorismo e pela homofobia impedem essa transformação", acredita. De acordo com ele, a digitalização dos acervos museológicos durante a pandemia ajudaram a sua pesquisa, facilitando o acesso remoto.

O acadêmico de Museologia observa que, historicamente, a família tradicional é representada no centro de objetos raros, que tem como base a família imperial brasileira, composta por um núcleo formado por um homem branco, cisgênero e heteressexual, sua esposa com os mesmos marcadores sociais, e seus filhos. Essa representação cisheteronormativa, de acordo com Abraão, tem sido amplamente adotada por outros museus, perpetuando um modelo de família que não reflete a diversidade contemporânea dos arranjos familiares existentes no país.

Papel social

As novas famílias, que incluem arranjos com pais do mesmo sexo, famílias monoparentais, e outras variações, ainda enfrentam barreiras na sua representatividade, inclusive nos museus, conclui o acadêmico.

"Trata-se de um reflexo de um conservadorismo persistente e, muitas vezes, de atitudes homofóbicas que invisibilizam essas famílias. A inclusão dessas novas famílias nos acervos museológicos é essencial para que esses espaços cumpram seu papel social de refletir e valorizar a diversidade da sociedade", afirma Abraão Modesto.

Diante desse panorama, o pesquisador ressalta que é crucial publicizar o resultado de seu estudo. "Precisamos sensibilizar os curadores e organizadores de exposições para que incluam essas novas famílias em seus acervos".

Fonte: Secom UFG

Categorias: sociedade Humanidades FCS