Icone Instagram
Ícone WhatsApp
Icone Linkedin
Icone YouTube
Universidade Federal de Goiás
cabeça pescoço

Especialista do HC-UFG alerta para diagnóstico do câncer de cabeça e pescoço

Em 30/07/24 12:30. Atualizada em 07/08/24 14:48.

Apesar da agressividade desse tipo de tumor, há 90% de cura se o diagnóstico for realizado precocemente

Fernanda Viana

O Dia Mundial de Conscientização e Combate ao Câncer de Cabeça é comemorado em 27 de julho. A data tem como objetivo chamar a atenção para os cuidados e o controle efetivos desse tipo de câncer. O câncer de cabeça e pescoço são tumores que aparecem na região que envolve glândulas salivares, nariz, seios da face, ouvido, boca, laringe, faringe e tireoide, dentre os mais comuns são: da tireoide, seguido pela cavidade oral, laringe e melanoma, que é o câncer de pele com origem nas células que produzem o pigmento que dá cor à pele.

Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), a previsão para os anos de 2023 a 2025 é de 39.550 casos de tumores na região de cabeça e pescoço. No mesmo período, apenas na região Centro-Oeste, a previsão é de 3.350 pessoas com o diagnóstico, e o principal fator para isso é o tabagismo aliado ao alcoolismo.

O chefe da Unidade de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC-UFG), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), Claudiney Candido Costa, alerta sobre a importância do diagnóstico precoce e de se reconhecer os fatores de risco da doença.

 

Leia também: HC-UFG desenvolve estudos científicos em diversas linhas de pesquisa

 

cabeça pescoço

Até 2025, a previsão é de quase 40 mil novos casos de câncer na região da cabeça e pescoço, segundo o Inca (Foto: Pixabay)

 

Quais são os tipos de cânceres de cabeça e pescoço?

Claudiney Candido Costa – Há vários tipos de tumores nessa região, e o tipo de tumor vai depender do local primário da lesão. Então, há tumores específicos da cavidade oral, da laringe, de partes moles, da glândula tireoide, do pescoço, e, para cada um desses sítios, a gente tem tipos histológicos diferentes, classificação diferente e chances de cura diferentes. Mas o fundamental a ser dito é que há um índice de cura em torno de 90% se o diagnóstico é precoce. Se a pessoa sentir alguma coisa diferente, seja na fala, seja para engolir, ou se descobrir algum caroço, deve procurar imediatamente uma consulta com o especialista para fazer essa avaliação. E essa triagem começa desde o dentista até o clínico, mas o parecer final sempre é do especialista.

 

Qual a incidência do câncer de cabeça e pescoço?

Claudiney – A previsão, feita pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), é que teremos em torno de quase 40 mil casos de cânceres novos de cabeça e pescoço nos próximos anos. O câncer de cabeça e pescoço não é o mais comum e não tem uma prevalência tão grande como o câncer de pele, de próstata, de mama, mas, se não é feito o diagnóstico precoce, o câncer de cabeça e pescoço tem chance de cura muito diminuída.

 

Quais os fatores de risco do câncer de cabeça e pescoço?

Claudiney – Existem alguns fatores preponderantes, como o tabagismo, o etilismo e a presença do HPV na cavidade oral, que é o mesmo vírus que provoca o câncer de colo de útero. Existem também alguns fatores de risco de vias aéreas superiores, mas que são mais frequentes na Europa, como, por exemplo, a exposição à fuligem em pessoas que limpam chaminé. No Brasil, um fator de risco é o câncer de pele, que é uma das maiores incidências e que envolve todo o organismo, pois onde tem pele, tem risco de câncer. E na região da cabeça e pescoço, a incidência maior de câncer envolve, principalmente, o lábio inferior. É ideal, também, manter uma dieta balanceada e evitar a obesidade para diminuir o risco do refluxo, porque o refluxo, a longo prazo, por mais de 20 ou 30 anos, irrita também a região da orofaringe. A gente não diz que é um fator de risco para câncer, mas é um fator que abre portas para lesões na orofaringe.

 

Quais os sinais e sintomas do câncer de cabeça e pescoço?

Claudiney – Isso depende da localização. Quando o câncer envolve a parte nasal, os seios da face, os principais sintomas são obstrução nasal, sangramento e sensação de dor e inchaço, o que chamamos de abaulamento. Na cavidade oral, você pode ter alteração para engolir, que é a disfagia, e, à medida em que as lesões da região da laringe crescem, você pode ter engasgos frequentes. Pacientes descrevem como sensação crônica de “uma bola na garganta”. Há também alterações da qualidade da voz, então um paciente que fica rouco por mais de uma semana tem que procurar uma avaliação com um especialista: um otorrinolaringologista ou cirurgião de cabeça e pescoço.  Os casos de tumores da tireoide podem vir acompanhados de abaulamento cervical, que é o inchaço na região da tireoide, e alterações do hormônio da tireoide. A incidência é de seis a sete vezes maior em mulheres que em home, então, a paciente precisa fazer uma avaliação hormonal. Em resumo, os principais sinais são abaulamento, dificuldade para engolir, obstrução nasal, sangramento, rouquidão e tosse com um pigarro que não melhora.

 

Como é feito o diagnóstico do câncer de cabeça e pescoço?

Claudiney – O diagnóstico é uma responsabilidade de muitas áreas. Os tumores mais comuns na região da cabeça e pescoço são os cânceres de boca, que podem ser identificados pelos dentistas, por exemplo. Então sempre que se vai ao dentista ou a um clínico geral, tem que pedir para eles olharem, fazerem uma oroscopia, que é uma avaliação simples, que permite visualizar a cavidade oral e as estruturas que compõe essa região. Se usar prótese, toda vez que for ao médico, tem que tirar e pedir para examinar, porque, às vezes, o tumor está debaixo da prótese dentária.  O diagnóstico também passa pelo exame físico e observação do próprio paciente: ao tomar banho, passar a mão no pescoço, observar se tem dificuldade para engolir, alteração da qualidade de voz, sangramento, tosse, obstrução nasal, abaulamento na região nasal. Tudo isso passa pela inspeção que, em seguida, pode ser feita tanto pelo dentista quanto do clínico geral e, depois, passa para as áreas mais específicas, como otorrinolaringologista e cirurgião de cabeça e pescoço. Importante lembrar que é fundamental o exame físico, a palpação do pescoço do paciente, colocar o dedo na boca do paciente, identificar alguma irregularidade, ver se o paciente sente dor, se está endurecido. O exame físico na região do cabeça e pescoço é primordial para pensar nas hipóteses diagnósticas.

 

Como é o tratamento para o câncer de cabeça e pescoço?

Claudiney – Se o câncer de cabeça e pescoço é inicial, temos um índice de cura de 90%. À medida que esse tumor vai avançando, aumenta o risco de insucesso no tratamento, com metástases para o pulmão, parte óssea e sistema nervoso central. Em casos de tumores não diagnosticados e não tratados precocemente, que já chegam avançados, o que se consegue fazer é um tratamento paliativo. O tratamento vai depender do local, mas, na maioria das vezes, é realizado pela cirurgia. Dependendo do tipo histológico, ou do estágio da doença, se faz necessário complementar com radioterapia e, às vezes, com quimioterapia associada. Existem alguns tipos em que a cirurgia não é necessária, e o tratamento é apenas com radioterapia e quimioterapia. Mas, a princípio, na maioria dos casos, o tratamento se constitui inicialmente, com cirurgia e, quanto menor o tumor, menor é a sequela para esse paciente. As sequelas dos tumores de cabeça e pescoço, infelizmente, são muito graves, porque, muitas vezes, envolvem a retirada de órgãos como laringe, e o paciente perde a capacidade de falar, ou a retirada da língua, e o paciente fica com dificuldade para engolir e dificuldade na comunicação. Às vezes, na região dos seios da face, é preciso retirar o olho, e isso deixa sequelas graves para a qualidade de vida do paciente.

Fonte: HC

Categorias: entrevista Saúde HC