Simpósio internacional coloca o sul global no centro das discussões
Evento da Faculdade de Ciências Sociais da UFG promoveu oficinas, palestras e rodas de conversa
Integrantes da mesa de abertura do 7º Simpósio Internacional da Faculdade de Ciências Sociais da UFG (Foto: Carlos Siqueira)
Da Redação
Uma intensa programação marcou os três dias do 7º Simpósio Internacional da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás (UFG), realizado de 11 a 13 de setembro. O tradicional evento reuniu pesquisadores, professores, profissionais e estudantes de diferentes áreas para discussões acerca do tema "Não se seca a raiz de quem tem sementes: desafios contemporâneos e saberes do sul global".
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A atenção à inclusão e acessibilidade – marcas do evento – pôde ser observada logo na abertura do simpósio, na última terça-feira (11/9), transmitida ao vivo no canal da UFG no YouTube. Além de intérprete em Língua Brasileira de Sinais (Libras), o cerimonial foi conduzido por Gabriela Vieira, uma mulher com deficiência visual.
Na abertura, as integrantes do grupo Diversos, da Faculdade de Educação Física e Dança (Fefd) da UFG, Vanessa Dalla Déa e sua filha Ana Beatriz, apresentaram a coreografia Cumplicidade. A apresentação uniu performance corporal e audiodescrição.
Na sequência, a mesa diretora foi composta pela pró-reitora de Extensão e Cultura da UFG, Luana Ribeiro; pela secretária de Inclusão da UFG, Luciana Dias, recém-eleita como a primeira presidenta negra da Associação Brasileira de Antropologia (ABA); pela representante da Comissão Organizadora do simpósio, professora Luciene Dias; pelo diretor de Transferência e Inovação Tecnológica da Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação da UFG, Marinaldo Divino Ribeiro; e pelo diretor da Faculdade de Ciências Sociais da UFG, Luiz Mello. A mesa foi aberta com uma homenagem à professora Janine Collaço, da FCS/UFG, que faleceu na semana passada.
O diretor da unidade acadêmica agradeceu as parcerias e as colaborações para a realização do evento – o primeiro presencial depois da pandemia de covid-19. "São longos meses de intenso trabalho. Tem muito aprendizado e muitos desafios", destacou Luiz Mello.
Ao mencionar a programação gratuita de oficinas, grupos de trabalho, rodas de conversa e minicursos, o professor destacou a importância do evento como espaço de troca, aprendizado, construção de amizades e de potenciais parcerias e projetos de trabalho.
"É necessário saber quem somos e onde estamos", acrescentou a professora Luciene Dias, que lembrou que a abertura do evento estava sendo realizada no Dia do Cerrado. Marinaldo Ribeiro destacou a importância da discussão das problemáticas enfrentadas pelo sul global.
Para a secretária de Inclusão da UFG, Luciana Dias, o evento entra para a história da FCS e da UFG, com destaque para a inclusão. "Eu gostaria de agradecer de maneira muito genuína a oportunidade de ter presenciado esse cerimonial. É um cerimonial que me toca particularmente e que revela como a inclusão é uma possibilidade de fato".
Representando a reitora Angelita Pereira de Lima, a pró-reitora Luana Ribeiro ressaltou a importância da Faculdade de Ciências Sociais e de seu simpósio para a discussão dos problemas da contemporaneidade, citando como exemplo a crise climática.
O 7º Simpósio Internacional da Faculdade de Ciências Sociais contou com peças da obra "Do silêncio à cura", do artista visual Dalton Paula. O artista vive e trabalha em Goiânia e sua arte integra coleções do Museum of Modern Art (MoMA), de Nova York, da Pinacoteca do estado de São Paulo e do Museu de Arte de São Paulo (Masp).
Grupo Diversos: professora Vanessa Dalla Déa (Fefd/UFG) e sua filha Ana Beatriz na performance Cumplicidade (Foto: Carlos Siqueira)
Amefricanidades transatlânticas
A conferência de abertura, intitulada "Amefricanidades transatlânticas: lições contra-hegemônicas do passado para o enfrentamento das colonialidades do presente", foi ministrada pela professora Joseania Miranda Freitas, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), com mediação da professora da UFG Camila Azevedo de Moraes Wichers.
Em sua apresentação, Joseania dialogou com autores e pesquisadores do tema colonialidade e negritude na América Latina, como Aníbal Quijano, Conceição Evaristo, Aimé Césaire, Saidiya Hartman e Denise Ferreira da Silva.
A professora destacou o papel das mulheres negras escravizadas nas Américas, que formaram redes de solidariedade transatlânticas, visíveis nas religiões de matriz africana. "As mulheres do passado nos ensinaram a construir narrativas a partir da hegemonia", explicou.
Ela também discutiu a ressignificação de roupas hegemônicas das mulheres portuguesas pelas mulheres negras escravizadas, transformando-as em símbolos de resistência. A professora enfatizou que, embora nem todos os resquícios coloniais sejam intrinsecamente negativos, é preciso combater as marcas de imposição e violência deixadas pelo colonialismo. "As sobras perversas e feridas não cicatrizadas precisam ser enfrentadas", esclareceu Joseania.
Na conferência de abertura, professora Joseania Miranda Freitas (UFBA) abordou enfrentamento das colonialidades (Foto: Carlos Siqueira)
Fonte: Secom UFG
Categorias: Saberes Contra-Hegemônicos Humanidades FCS