Fungo de orquídeas do Cerrado apresenta potencial como bioinsumo agrícola
Pesquisas do Laboratório de Genética de Microrganismos da UFG buscam alternativas sustentáveis a agrotóxicos
Orquídeas cultivadas no Laboratório de Genética de Microrganismos do Instituto de Ciências Biológicas da UFG (Foto: Arquivo Pessoal)
EM SÍNTESE:
- Pesquisadores da UFG estudam o fungo Waitea circinata, encontrado em orquídeas do Cerrado, como bioinsumo para controlar doenças em plantas.
- O uso de bioinsumos oferece alternativas aos agrotóxicos, com benefícios como menor uso de fertilizantes e maior resistência à seca, promovendo uma agricultura mais sustentável.
- A regulamentação para bioinsumos no Brasil ainda é um desafio, com longos processos de registro; o desenvolvimento de um bioproduto está previsto para os próximos três anos.
Ricardo Lima
Luiz Felipe Fernandes
Pesquisas realizadas no Laboratório de Genética de Microrganismos (LGM) do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Goiás (ICB/UFG) buscam identificar o potencial de fungos encontrados em orquídeas do Cerrado para serem usados como bioinsumos.
Bioinsumos são produtos de origem biológica utilizados na agricultura e pecuária para melhorar a produtividade e a qualidade das lavouras e criações de forma sustentável. Eles podem ser compostos por microrganismos, extratos vegetais, substâncias orgânicas e outros materiais naturais.
O fungo Waitea circinata, obtido das raízes de orquídeas do Cerrado que crescem sobre pedras, foi testado em laboratório. "O fungo foi capaz de controlar doenças em várias culturas, incluindo arroz, tomate e cana-de-açúcar", destaca a professora Leila Garcês de Araújo, coordenadora do LGM.
Além de controlar doenças e microrganismos como nematóides (vermes microscópicos), o fungo também promoveu o crescimento das plantas e de outras orquídeas submetidas ao estudo.
Alternativa sustentável
A professora explica que o objetivo é encontrar alternativas sustentáveis ao uso de agrotóxicos. Os pesquisadores estudam formas de reduzir a dependência de insumos químicos na agricultura por meio de bioinsumos e resistência genética.
Esse tipo de abordagem se alinha aos princípios da sustentabilidade, pois não envolve a introdução de agentes externos às plantas. "Isso garante a segurança alimentar e ecológica", ressalta a pesquisadora.
Ainda segundo Leila, os benefícios incluem a redução no uso de fertilizantes e maior proteção contra a seca. Além disso, o uso de bioinsumos pode ter impacto em diversos biomas além do Cerrado, tornando a agricultura mais sustentável e menos agressiva ao meio ambiente.
Leia também: UFG participa de projeto para desenvolver biodefensivo
Fungo Waitea circinata é obtido das raízes de orquídeas do Cerrado que crescem sobre pedras (Foto: Arquivo Pessoal)
Formulação de bioproduto
No entanto, a regulamentação para o uso de bioinsumos no Brasil ainda representa um obstáculo. "Leva-se de oito a 12 anos para registrar um produto biológico, pois as regras são as mesmas aplicadas aos agrotóxicos", esclarece a pesquisadora.
Os próximos passos das pesquisas envolvem a formulação de um bioproduto, com previsão de conclusão em três anos. Espera-se que ele tenha um impacto significativo na agricultura agroecológica e sustentável. "Os bioinsumos não substituem completamente os agrotóxicos, mas integram um manejo mais equilibrado", conclui Leila.
Quer divulgar sua pesquisa ou projeto de extensão?
Preencha aqui o formulário.
Receba notícias de ciência no celular
Siga o Canal do Jornal UFG no WhatsApp
Comentários e sugestões
jornalufg@ufg.br
Política de uso
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal UFG e do autor.
Fonte: Secom UFG
Categorias: agricultura Ciências Naturais ICB Destaque