Mês das bruxas inspira eventos na UFG
Mostra de cinema e Centro de Línguas abordam a temática
Eduardo Bandeira
O Halloween, celebrado principalmente em países como Estados Unidos, Canadá, Irlanda e Reino Unido, evoluiu de uma tradição cultural para um evento popular que movimenta a economia. Além do tradicional "doces ou travessuras" e do uso de fantasias, a data tem se tornado lucrativa para o comércio, aos poucos sendo integrada à cultura popular contemporânea.
O termo Halloween deriva da tradição católica, resultado da contração de All Hallows' Even, que se refere à véspera do Dia de Todos os Santos, comemorado em 1º de novembro. A palavra hallow vem do inglês antigo e significa "pessoa santa", reforçando a conexão religiosa da data.
Antes de se tornar um feriado com influências cristãs, no século V d.C., na Irlanda Céltica, o verão terminava oficialmente em 31 de outubro com a celebração do Samhain, o Ano Novo Céltico. Esse festival simbolizava o término da última colheita anual, a preparação de mantimentos para o inverno, o retorno dos animais dos pastos e a renovação das normas tribais.
Segundo uma das lendas mais populares, na noite de Samhain, os espíritos das pessoas que partiram ao longo do ano retornariam à Terra em busca de corpos vivos para possuírem no próximo ciclo.
Para evitar isso, as pessoas apagavam tochas e fogueiras, tornando suas casas pouco atraentes, vestiam fantasias e percorriam as ruas de forma barulhenta na tentativa de afastar esses espíritos. Acreditava-se que, naquela noite, as barreiras entre o mundo espiritual e o dos vivos se enfraqueciam, permitindo que ambos se encontrassem.
Leia também: Crítica de cinema comenta "Pobres Criaturas", filme candidato ao Oscar 2024
Estudantes assistem a filme da Amostra Dinho, promovida pelo Cineclube Mãe d'Ouro, da FIC/UFG (Foto: Evelyn Parreira)
Halloween nas telas e a Amostra Dinho
A comercialização do Halloween como uma tradição popular norte-americana trouxe uma influência significativa para o cinema, especialmente para o gênero do terror. A crítica de cinema Deborah Tomaselli observa que os filmes de terror não apenas entretêm, mas reafirmam essa cultura.
No Brasil, a celebração do Halloween ganhou força por meio dessas produções cinematográficas. Os filmes apresentam a data de uma maneira que permite ao público vivenciar de alguma forma a experiência do Halloween.
Deborah destaca que, enquanto filmes de terror norte-americanos, como "Halloween", "O Massacre da Serra Elétrica" e "Pânico", ajudam a popularizar a celebração do Halloween e moldar sua percepção em outros países, essa influência também é evidente nas produções audiovisuais brasileiras.
Ela observa que, no Brasil, o gênero frequentemente adota uma estética mais trash, com filmes que incorporam elementos de sátira, possivelmente em razão da limitação de recursos. No entanto, a presença do Halloween se faz notar até mesmo em produções mais simples, como festivais estudantis, onde jovens cineastas criam suas próprias versões de filmes de terror, refletindo a absorção dessa cultura.
Uma dessas versões estudantis foi uma das primeiras produções a abrir a Amostra Dinho, uma mostra de cinema organizada pelo Cineclube Mãe d'Ouro. O evento é promovido pelo coletivo de Jornalismo Compartilhado da Magnífica Mundi, da Faculdade de Informação e Comunicação (FIC) da Universidade Federal de Goiás (UFG), e destaca a criatividade e a inovação dos estudantes na adaptação de clássicos do gênero.
A estudante de Jornalismo e integrante do Cineclube Mãe d'Ouro, Hayane Bonfim, explica que a proposta de realizar uma mostra de filmes de terror no mês do Halloween surgiu da busca por interatividade com o público. "Acreditamos que o terror é um gênero que atrai muitas pessoas, e permitir que o público participe da escolha dos filmes cria uma conexão maior com o cineclube".
Além de Hayane, Fábio Prado, também graduando em Jornalismo, colaborou na montagem da mostra. Os dois explicam que desejavam trazer filmes que não fossem de Hollywood, pois a maioria das pessoas já está acostumada com esse tipo de terror.
Eles optaram por obras fora desse eixo, priorizando produções nacionais, mas também incluindo filmes da América Latina, Europa e Ásia. A ideia era ampliar o contato das pessoas com filmes de terror menos conhecidos.
Fábio acrescenta que foi possível incluir filmes de subgêneros diferentes do terror, como terror psicológico, sobrenatural e terror com humor, oferecendo uma variedade maior de opções.
Ele observa que o terror é um gênero que trabalha intensamente com o absurdo, tanto para provocar medo quanto para gerar humor, e ressalta que esse estilo narrativo envolve as emoções de uma forma única, criando uma conexão profunda com o público, seja por meio do susto, da risada ou da tensão.
A Amostra Dinho será realizada todas as sextas-feiras do mês de outubro, na sala da Magnífica Mundi, na FIC, no Câmpus Samambaia. Os participantes são incentivados a usar fantasias para celebrar a ocasião.
Halloween no Centro de Línguas da UFG
Além da FIC, as celebrações do Halloween na UFG também ocorrem no Centro de Línguas (CL) da Faculdade de Letras (FL). O professor do CL, Gabriel Cândido, revela que os docentes costumam decorar as salas para o Halloween. Ele se recorda de uma professora que fez um caixão em tamanho real de papelão para a sala.
Além disso, os corredores foram decorados e ocorreu o "trick or treat": professores distribuíam doces usando recipientes que imitavam abóboras. Alguns alunos também se fantasiaram para a ocasião. Gabriel explica que, como o Centro de Línguas é um projeto de formação de professores, os docentes têm liberdade para organizar as comemorações como desejarem.
Para seus alunos, Gabriel aborda o Halloween como uma festa folclórica e cultural dos Estados Unidos, que envolve ludicidade, diversão e imaginação. Ele destaca que, ao aprender sobre essa celebração, os alunos também estão compreendendo como as pessoas daquele país pensam e se comportam em determinados momentos do ano.
O professor ressalta que, para os norte-americanos, a comemoração do Halloween não está relacionada a motivos religiosos, sendo uma abordagem folclórica que visa explicar a cultura local.
No entanto, observa que no Brasil há um movimento religioso fundamentalista que proíbe essas comemorações, com alguns donos de escolas de inglês acreditando que a celebração possui conotações religiosas, o que, segundo ele, não é verdade. Ele compara essa situação ao folclore brasileiro, mencionando personagens como o Saci-Pererê, a Mula Sem Cabeça e o Curupira.
Fonte: Secom UFG
Categorias: Halloween Humanidades Fic