Icone Instagram
Ícone WhatsApp
Icone Linkedin
Icone YouTube
Universidade Federal de Goiás
Artefatos de pedra

Pesquisa revela inovação tecnológica de primeiros humanos do Brasil Central

Em 21/01/25 17:38. Atualizada em 21/01/25 17:39.

Novas descobertas arqueológicas desafiam classificações convencionais e mostram variabilidade e adaptações de ferramentas

 

Artefatos de pedra

Artefato lítico (de pedra) do acervo coletado no sítio arqueológico GO-Ni.1 Caieira Barreiro, em Planaltina de Goiás  (Foto: MA/UFG)

 

EM SÍNTESE:

- Análise 3D de ferramentas líticas revela complexidade tecnológica no povoamento inicial do Brasil Central.

- Estudo contou com parcerias internacionais e utilizou técnicas inovadoras para mapear variações morfoestruturais.

- Pesquisa desafia classificações tradicionais e destaca adaptação às condições ambientais e culturais.

 

João Lúcio

Novas análises de artefatos encontrados em um sítio arqueológico de Planaltina de Goiás revelam uma produção e inovação tecnológica no povoamento inicial do Brasil Central mais complexa do que se pensava. Os resultados do estudo foram publicados na revista científica internacional Plos One.

A pesquisa foi realizada por meio da parceria do Laboratório de Arqueologia (LabArq) do Museu Antropológico da Universidade Federal de Goiás (MA/UFG) com a doutoranda Marina González-Varas, do Musée de l’Homme (França), sob orientação de pesquisadores da Universidad Tecnológica de Pereira (Colômbia), Institut Français d’Etudes Andines (Peru) e Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás).

Por meio de escaneamento das peças em 3D, a investigação identificou uma diversidade morfológica e funcional de ferramentas líticas (feitas a partir de pedras) que compõem a coleção do sítio arqueológico GO-Ni.1 Caieira Barreiro.

A hipótese do estudo era a de que a variabilidade observada nas ferramentas resulta de uma combinação de fatores, incluindo a disponibilidade de matéria-prima e os requisitos funcionais e ergonômicos.

Para testar essa hipótese, os pesquisadores analisaram 67 ferramentas unifaciais. A investigação utilizou análise morfométrica geométrica 3D e tecnoestrutural aplicada para investigar a variabilidade de ferramentas unifaciais do Holoceno no Brasil Central tropical.

Marina explica que a tecnologia estrutural foca em como as ferramentas são organizadas em componentes funcionais distintos e a morfometria geométrica em 3D proporciona análises altamente precisas da variação geométrica das diferentes partes de cada ferramenta e entre elas.

A metodologia permitiu quantificar com precisão a geometria das ferramentas e explorar suas potenciais funções, revelando uma diversidade morfoestrutural significativa dentro dos grupos tecnoestruturais, desafiando classificações tipológicas convencionais. A análise demonstrou que a variabilidade das ferramentas é um reflexo de uma abordagem sofisticada e provavelmente surgiu de adaptações às condições ambientais e culturais.

"A pesquisa amplia a compreensão sobre os sistemas tecnológicos paleoamericanos na América do Sul e ressalta a importância das ferramentas unifaciais como indicadores culturais e tecnológicos", destaca Marina.

O arqueólogo do LabArq, Rafael Lemos, acrescenta que, para a pesquisa realizada na UFG, essa investigação é particularmente relevante, pois contribui para o entendimento do contexto arqueológico local e regional, destacando a importância do sítio GO-Ni.1 como um espaço de produção e inovação tecnológica.

 

Leia também: Indígenas Iny Karajá reencontram pertences culturais na Europa

 

Artefatos de pedra

Variabilidade das formas e localização das unidades estruturais de um artefato (Imagem: González-Varas et al., 2025)

 

Coleção revisitada

A coleção lítica do sítio arqueológico de Planaltina de Goiás já havia sido estudada no início da década de 1970, mas nos últimos dois anos o material passou por uma nova curadoria, com a troca das antigas etiquetas e caixas, além da atualização dos inventários, no âmbito do projeto Pesquisa, Salvaguarda e Comunicação Museal dos Acervos Arqueológicos do Museu Antropológico/UFG.

O acervo foi revisitado em diferentes situações e em cada uma delas demonstrou potencialidades de diálogos, descobertas e novas pesquisas. Esta pesquisa, com uma pequena amostra do acervo, possibilitou que estes artefatos líticos fossem interpretados como vestígios arqueológicos que oferecem informações cruciais para entender as habilidades, conhecimentos e identidades técnico-culturais dos grupos estudados.

"Nessa perspectiva, o estudo com o acervo do GO-Ni.1 avança com novas experiências e narrativas com as materialidades, e colabora no exercício para o diálogo com o público", conclui a pesquisadora do LabArq, Tatyana Beltrão.

Acesse aqui o artigo "Techno-structural and 3-D geometric morphometric analysis applied for investigating the variability of Holocene unifacial tools in tropical Central Brazil".

 

Receba notícias de ciência no seu celular
Siga o Canal do Jornal UFG no WhatsApp e nosso perfil no Instagram.

É da UFG e quer divulgar sua pesquisa ou projeto de extensão?
Preencha aqui o formulário.

Comentários e sugestões
jornalufg@ufg.br

Política de uso
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal UFG e do autor.

Fonte: MA

Categorias: arqueologia Humanidades MA Destaque Notícia 1