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Emoções positivas podem reduzir pressão alta, revela pesquisa
Experimento conduzido na Unidade de Hipertensão Arterial do HC-UFG acompanhou pacientes por 12 semanas
Da Redação
Um estudo publicado na revista Global Heart demonstrou que emoções positivas podem ser uma ferramenta útil no controle da hipertensão. A pesquisa, conduzida na Unidade de Hipertensão Arterial do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC-UFG), avaliou os efeitos de estímulos edificantes como perdão, gratidão, otimismo e propósito de vida, enviados por mensagens diárias via WhatsApp, em pacientes com hipertensão leve a moderada.
A pesquisa envolveu 100 pacientes com hipertensão estágios um e dois, divididos aleatoriamente em dois grupos: um recebeu mensagens diárias via WhatsApp com vídeos, reflexões e atividades voltadas para a prática desses sentimentos; o outro grupo seguiu apenas com os cuidados convencionais. O acompanhamento foi feito ao longo de 12 semanas.
Segundo os resultados, o grupo que participou da intervenção apresentou uma redução média de 7,6 mmHg na pressão arterial sistólica aferida no consultório. A pressão sistólica é o valor mais alto que aparece na aferição. Ao se falar em uma de pressão de 12 por 8, por exemplo, a pressão sistólica é de 120 mmHg e a diastólica, 80 mmHg.
Também foi observada uma melhora de 4,1 pontos percentuais na dilatação mediada pelo fluxo (FMD, na sigla em inglês), um marcador importante da saúde vascular. Cada ponto percentual de aumento nessa medida pode corresponder a uma redução de cerca de 10% no risco cardiovascular.
"Observamos uma melhora na função endotelial que supera os efeitos de intervenções tradicionais, como o aumento da atividade física ou o consumo de fitosteróis [compostos naturais encontrados em alimentos de origem vegetal que que reduzem a absorção de colesterol no intestino]", destacam os pesquisadores no artigo. Isso sugere que os sentimentos positivos influenciam mecanismos fisiológicos de forma benéfica.
A cardiologista Maria Emilia Teixeira pesquisou o tema em seu doutorado (Foto: Arquivo Pessoal)
Respaldo científico
De acordo com a pesquisadora Maria Emília Figueiredo Teixeira, primeira autora do artigo, a espiritualidade tem sido definida como um conjunto de valores morais, mentais e emocionais que guiam os pensamentos, comportamentos e atitudes de um indivíduo, e que pode ser avaliada cientificamente com metodologia apropriada.
Maria Emilia é médica cardiologista e se aprofundou nesse tema no doutorado em Ciências da Saúde da UFG, sob orientação do professor da Faculdade de Medicina Weimar Sebba, também cardiologista e um dos coautores do estudo.
Segundo Maria Emilia, um dos diferenciais do estudo é que, ao contrário de pesquisas anteriores, os hábitos de vida dos participantes, como tabagismo, consumo de álcool e prática de exercícios físicos, foram mantidos constantes durante o período da intervenção, o que reforça a eficácia do programa de espiritualidade em si.
Embora este seja um estudo piloto, o artigo aponta que os resultados são promissores, pois as pesquisas sobre os efeitos da espiritualidade em resultados clínicos são, em sua maioria, observacionais. Os pesquisadores também ressaltam que os mecanismos fisiológicos exatos pelos quais a espiritualidade promove esses benefícios ainda não são totalmente compreendidos. No entanto, o estudo destaca que o foco nos sentimentos de perdão, gratidão, otimismo e propósito de vida pode ter um papel importante.
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Fonte: Secom UFG