
Estudo da UFG revela possível agravante da doença celíaca
Pesquisadores identificam proteína que pode intensificar inflamação intestinal causada pela ingestão do glúten
Caio Rabelo
Um estudo conduzido pelo Laboratório de Imunologia de Mucosas e Imunoinformática (Limim), do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás (Iptsp/UFG), traz novas pistas sobre os mecanismos envolvidos no desenvolvimento e agravamento da doença celíaca. Os pesquisadores analisaram o papel do TREM-1, uma proteína que ajuda a regular a resposta inflamatória do organismo, e descobriram que ele pode estar envolvido na inflamação intestinal causada pelo consumo de glúten.
A doença celíaca é uma condição autoimune desencadeada pela ingestão de glúten, uma proteína presente no trigo, cevada e centeio. Em pessoas com essa doença, o sistema imunológico reage exageradamente ao glúten no intestino, causando inflamação crônica, que pode provocar fadiga, dores abdominais, diarreia, irritação na pele, entre outros sintomas. Embora já se saiba que o sistema imune desempenha um papel central nesse processo, os cientistas buscam entender melhor como ele é ativado e ampliado.
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Doença celíaca causa danos às vilosidades da parede intestinal (Imagem: Be Your Future)
"Amplificador" da inflamação
O estudo focou no TREM-1, uma proteína presente na superfície de células imunes e não imunes, como o próprio intestino. Essa proteína funciona como um "amplificador" da inflamação: quando ativada, ela faz com que o sistema imunológico reaja de forma mais intensa. Para investigar se o TREM-1 estaria envolvido na doença celíaca, os pesquisadores utilizaram simulações computacionais e informações disponíveis em bancos de dados públicos sobre pacientes com essa condição.
"Ao analisarmos os dados, observamos que o TREM-1 pode se ligar a fragmentos específicos do glúten, intensificando a resposta imunológica. Isso sugere que essa proteína pode ser um fator-chave para a progressão da doença", explica Helioswilton Sales-Campos, coordenador do Limim. Os pesquisadores também descobriram que a ativação do TREM-1 é mais intensa em pacientes com doença celíaca ativa, enquanto aqueles em remissão apresentam níveis da proteína semelhantes aos de indivíduos saudáveis.
"Compreender melhor esse mecanismo pode nos ajudar a desenvolver estratégias para modular essa resposta e, quem sabe, minimizar os danos causados pela doença celíaca", conclui o professor.
O Limim é um centro de pesquisa que atua na compreensão de aspectos imunes determinantes no desenvolvimento de doenças. A equipe investiga a participação de receptores imunes, tecidos de mucosas e microbiota, utilizando estratégias in silico para otimizar decisões e predições científicas.
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Fonte: Iptsp