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Universidade Federal de Goiás
Não vou negar

Exposição aborda sonoridades e contradições da música sertaneja

Em 19/05/25 14:44. Atualizada em 19/05/25 14:45.

Mostra reúne obras de artistas consagrados e nomes da nova geração no Centro Cultural UFG

 

Não vou negar

Trecho do vídeo Leite de Córrego, com roteiro e direção de Benedito Ferreira, que compõe a mostra (Imagem: Reprodução)

 

Da Redação

A relação entre arte, território, memória e cultura popular é o eixo da exposição Não vou negar: artes visuais, território e música sertaneja, no Centro Cultural da Universidade Federal de Goiás (CCUFG). Tomado de empréstimo da conhecida canção de Zezé Di Camargo & Luciano, a mostra reúne trabalhos de 30 artistas, em sua maioria radicados em Goiás, entre nomes consagrados e emergentes, vivos e falecidos, compondo um amplo retrato da produção artística atravessada pelas sonoridades e contradições da música sertaneja.

Entre os destaques estão obras de artistas reconhecidos como Siron Franco, Antônio Poteiro, Nazareno Confaloni e Octo Marques, além de talentos da nova geração, como Benedito Ferreira, Emilliano Freitas, Cássia Nunes e Verônica Santana. A curadoria é assinada por Paulo Duarte-Feitoza, pesquisador e professor da Faculdade de Artes Visuais (FAV) da UFG, cuja investigação se dedica às articulações entre arte contemporânea, cultura visual e patrimônio imaterial.

A exposição propõe um percurso visual que dialoga com o universo da música sertaneja – desde sua raiz caipira até suas expressões mais atuais – como linguagem estética e como dispositivo simbólico que questiona a ideia de território, pertencimento e identidade. Segundo o curador, "o peso cultural da música sertaneja em Goiás e no Brasil é incontestável e esta exposição procura pensá-la sem idealização nem desprezo, mas de forma crítica. A mostra visa desmistificar os estereótipos que cercam o gênero. Queremos evidenciar sua potência como linguagem artística que mobiliza sentidos, expressa contradições e atravessa diferentes campos da produção simbólica, incluindo a arte contemporânea".

Um dos artistas presentes na mostra é o goiano Benedito Ferreira, cuja obra tem lidado de forma recorrente com o universo da música sertaneja. Na parte externa do CCUFG, o artista instala uma faixa com versos das cantoras e compositoras Marília Mendonça e Maraísa, figuras centrais na reinvenção do sertanejo nos últimos anos. Para Benedito, "a faixa é um convite para pensarmos diferentes protagonismos que se expressam no universo sertanejo. É também um modo de deslocar a canção para o espaço público, onde ela continua a reverberar outras formas de dizer e de viver".

Não vou negar
Obra de Rossana Jardim retrata as frases de caminhão (Imagem: Reprodução)

Encontro de gerações

A curadoria da exposição também propicia o encontro entre artistas de diferentes gerações, linguagens e percursos. Um dos destaques da mostra é uma série inédita de cinco fotografias do fotógrafo goiano Samuel Costa, falecido em Goiânia em 1987. Realizadas em Trindade (GO) no mesmo ano de sua morte, as imagens mostram um pequeno estúdio de rua montado durante as procissões católicas da cidade. Em uma das fotografias, o próprio Costa se deixa registrar pela câmera.

"As imagens demonstram não apenas a relação do fotógrafo com as tradições, mas também sua capacidade de perceber o mundo com generosidade e delicadeza", comenta Paulo Duarte-Feitoza.

Entre os nomes da nova geração, a artista Verônica Santana apresenta uma série de pinturas que representam duplas de travestis que cantam sertanejo. Em seu imaginário, a artista propõe uma fabulação visual que desestabiliza os códigos normativos do gênero e afirma outras formas de corporeidade, desejo e expressão popular, questionando o conservadorismo historicamente associado ao estilo.

Os artistas Emilliano Freitas e Elinaldo Meira resgatam memórias de suas infâncias, marcadas pelo auge do sertanejo romântico dos anos 1980, para construir o universo lúdico que propõe o encontro entre passado e presente. Seja por meio da importância dos discos que embalavam as festas em casa, com cerveja e churrasco, ou pela valiosa contribuição das duplas de irmãos na consolidação do gênero no Brasil.

Rossana Jardim mostra pinturas que representam lameiras de caminhão, nas quais inscreve frases poéticas que evocam o universo da estrada e ressoam os afetos, saudades e promessas que atravessam a música sertaneja. Segundo a artista, "essas frases são expressão de uma cultura que, infelizmente, está se tornando mais rara. Frases amorosas e divertidas representam nossa brasilidade".

Cássia Nunes apresenta três fotografias realizadas em pontos comerciais presentes na beira de uma das rodovias que margeiam a capital goiana. Usando uma máscara das Cavalhadas de Pirenópolis (GO), a artista se transfigura numa personagem de vaca educadora guiando o público por lugares e símbolos que atestam uma dinâmica de urbanização e modernização coincidente com a permanência de traços de diferentes ruralidades.

Parodiando referências de movimentos canônicos da história da arte, questiona o regime de visibilidade, representação e valoração das narrativas hegemônicas e a posição das produções estéticas presentes nos territórios goianos.

A abertura da exposição, na última terça-feira (13/5), teve apresentação da dupla Camila & Thiago. Irmãos naturais de Firminópolis (GO) e atualmente radicados em Goiânia, atuam há mais de 19 anos na música sertaneja. Participaram de diversos festivais e do quadro Jovens Talentos, do Programa Raul Gil.

Para o curador da exposição, a presença dos artistas na abertura "é extremamente significativa, pois a mostra Não vou negar não pretende ilustrar a música sertaneja, mas colocá-la em primeiro plano, viva e em profundo diálogo com o público das artes visuais".

Participam da exposição os seguintes artistas: Ana Flávia Marú, Antônio Poteiro, Barranco Ateliê, Benedito Ferreira, Camila e Thiago, Cássia Nunes, Chico Silva, Diego Oliveira, Divino Diesel, D. J. Oliveira, Elinaldo Meira, Emilliano Freitas, Glauco Gonçalves, Isabella Brito, Manoel Gomes, Nazareno Confaloni, Octo Marques, Paulo Fogaça, Pitágoras, Rafael de Almeida, Renato Reno, Robin MacGregor, Rossana Jardim, Sáida Cunha, Samuel Costa, Siron Franco, Talles Lopes e Verônica Santana.

A exposição permanece em cartaz até o dia 28 de junho de 2025, com entrada gratuita e classificação indicativa A12.

SERVIÇO
Exposição: Não vou negar: artes visuais, território e música sertaneja.
Período de visitação: 14 de maio a 28 de junho de 2025.
Horário de visitação: Segunda a sábado, das 9h às 17h.
Local: Centro Cultural da UFG (CCUFG) – Av. Universitária, 1533, Setor Universitário, Goiânia (GO).
Entrada gratuita
Classificação indicativa: 12 anos.

 

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Fonte: CCUFG

Categorias: Arte Arte e Cultura fav Notícia 5