
Evento reúne tradição e diversidade da agricultura familiar
Mais de 200 agricultores familiares apresentam produtos e serviços diversos
De encher os olhos: produtos orgânicos mostram a força da agricultura familiar do Centro-Oeste (Foto: Carlos Siqueira/Secom UFG)
Piter Salvatore
Desde a última quarta-feira (4/6), a Universidade Federal de Goiás (UFG) sedia a Agro Centro-Oeste Familiar (Acof), evento anual que se destaca por abrir espaço para agricultores familiares e artesãos de diversas partes da região, com o objetivo de incentivar a produção artesanal e a economia local. Nas bancas e estandes montados no Centro de Cultura e Eventos Professor Ricardo Freua Bufáiçal, no Câmpus Samambaia, tanto expositores quanto visitantes ressaltam a valorização da cultura goiana promovida pela feira e o comércio de produtos artesanais.
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Nos corredores da Acof, as bancas saltam aos olhos com itens de todo tipo. As cores das hortaliças, frutas e mel enfeitam a vista em tonalidades abundantes. Há também espaço para objetos de tecelagem manual e cosméticos, que alastram seu cheiro pelo ar. Por trás dos forros, pilhas e garrafas, existem rostos confiantes, sorridentes, alguns mais sérios, outros observando. Uma parcela fica à espera do próximo olhar de curiosidade, do toque de dedos cativados pelas texturas dos vidros, folhas e tecidos.
No centro da área interna, a cooperativa de mulheres Floriá, por exemplo, expõe uma variedade de sabores do Cerrado, o que inclui bananas, pasta de pequi, polpas, geleias e ovos caipira. "A gente consegue, hoje, fornecer alimentos de qualidade, sem agrotóxicos", ressalta Fernanda Barbosa, produtora de maracujá e cooperada da Floriá, em sua primeira vez participando do evento.
No estande do assentamento Canudos, que abrange os municípios de Palmeiras de Goiás, Guapó e Campestre, Maria Aparecida da Costa, conhecida como Cida, apresenta orgulhosa a produção de sua comunidade. "A gente produz essas coisas aí, ó, pra poder estar vendendo. É paçoca, mel de abelha". A banca inclui salames de fabricação própria e doces, como abóbora, figo e leite.
Da divisa de Goiás com o Mato Grosso, Hélio Henrique apresenta uma lavoura comunitária, vinda do assentamento Oziel Alves Pereira, em Baliza, uma iniciativa de mulheres da Comissão Pastoral da Terra (CPT) em conjunto com a Reforma Agrária. Assim como os outros expositores, ele destaca que a lavoura possui itens "produzidos manualmente, orgânicos, sem agrotóxico", e que é a primeira vez do grupo na Acof.
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Doces, geleias, molhos, licores... produtos da agricultura familiar são um dos grandes atrativos da Acof (Foto: Carlos Siqueira/Secom UFG)
Cultura indígena
A presença do povo Karajá, de Aruanã, revela-se na feira com artefatos de sua cultura ancestral. As artesãs Dilomar Souza Matos e Iracy Raredique, juntamente com outras mulheres pertencentes à etnia Inỹ Karajá, expõem artesanatos e confecções próprias, refletindo a dimensão cultural e artística da feira.
A banca apresenta aos visitantes as bonecas de cerâmica ritxòkò, registradas como Patrimônio Imaterial Brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), assim como colares, brincos, tiaras, arco, flecha e maracás, que são instrumentos de percussão parecidos com chocalhos. "Tudo é confeccionado nas comunidades", explica Dilomar.
Para as artesãs, a feira é uma oportunidade de divulgação. "O povo Karajá é muito esquecido aqui em Goiás. Eles são daqui, mas são deixados para trás", lamenta Dilomar. Iracy complementa, afirmando que o evento permite conhecer pessoas e mostrar o trabalho, que envolve o vestuário e a cerâmica.
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Visibilidade, reconhecimento e identidade: comunidades indígenas também participam do evento (Foto: Carlos Siqueira/Secom UFG)
Olhar visitante
Para quem visitou o espaço, a feira trouxe novidades e relembrou uma identidade goiana borrada pela vida urbana. Yohana Alves dos Santos, estudante de Ciências Biológicas da UFG, considera a experiência enriquecedora. "É muito bom aproximar a gente, que já é daqui, dessa cultura, que é a nossa cultura [...] e entender que, na verdade, esse é o verdadeiro Goiás", reflete. Ela aproveitou a oportunidade para provar as comidas típicas, fazer compras e elogiou a qualidade dos pratos.
A opinião é compartilhada por Thayssa, discente de Direção de Arte da UFG. Para ela, o evento é um "espaço que abre para outras pessoas de fora conseguirem ter uma presença a mais, contar sua história, suas origens". Ela elogia a organização e a diversidade, desde as áreas de plantas e animais até a praça de alimentação. "É um evento que traz muitas raízes, principalmente de Goiás, e que tem uma importância muito grande", conclui.
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Fonte: Secom UFG
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