
Seminário aborda repatriação e cidadania patrimonial
Mesa de abertura destacou a exposição Acervo Nosso Sagrado do Museu da República
Mãe Nilce apresentou palestra sobre o Acervo Nosso Sagrado (Foto: Carlos Siqueira/Secom UFG)
Daniel Ferreira
Uma coleção formada por itens apreendidos em batidas policiais racistas entre 1880 e 1946: esse é o conteúdo da exposição Acervo Nosso Sagrado, tema da mesa de abertura do evento REpatri – Coleções, Formas de Repatriação e Cidadania Patrimonial realizado no Museu Antropológico da Universidade Federal de Goiás (MA/UFG) entre os dias 25 e 27 de junho. A palestra foi realizada pela coordenadora de projetos voltados para as questões de Direitos Humanos no Terreiro Ilê Omolu Oxum, Mãe Nilce de Iansã. O evento ocorreu na Sala de Exposições de Curta Duração Irmhild Wust do Museu Antropológico na última quarta-feira (25/6).
De acordo com a palestrante, os objetos foram apreendidos em uma sala na delegacia de polícia denominada Sala da Magia Negra. Já em 1938, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) tombou as peças, que apenas no ano de 2017, por meio da campanha Liberte o Nosso Sagrado, passaram a ser cuidadas por uma gestão compartilhada.
Acesse aqui as fotos do evento.
Sala da "Magia Negra": Mãe Nilce abordou preconceito dado à coleção (Foto: Carlos Siqueira/Secom UFG)
Já no ano de 2020, os objetos da coleção foram transferidos definitivamente para o Museu da República. Apenas no ano de 2023, a coleção foi renomeada para Nosso Sagrado. Mãe Nilce ainda relatou o processo para o reconhecimento das peças perante o racismo sofrido e o desrespeito dado para com a coleção. "Foram muitas campanhas, foram muitas reportagens, foram muitas visitas até o museu para reconhecer nossas peças. Quando eu falei que o racismo religioso dói na gente, era de doer, ver as nossas coisas sagradas largadas daquele jeito, já que na nossa casa a gente tem tanto cuidado com o nosso sagrado".
Ela também enfatizou a necessidade de reparação e punição do racismo religioso para garantir o respeito e a preservação do Nosso Sagrado. "É uma luta ancestral. A gente tem conseguido em algumas cidades, com algumas delegacias específicas, sobre o racismo, sobre o racismo religioso. Mas tem que começar a punir".
O acervo está disponível on-line.
REpatri
A mesa foi parte do evento REpatri - Coleções, Formas de Repatriação e Cidadania Patrimonial, que tem como objetivo discutir temas relacionados a acervos, processos de repatriação e o conceito de cidadania patrimonial. A cerimônia de abertura contou com a apresentação musical do professor Pedro Vaz. Além disso, a mesa diretiva foi composta por diversas autoridades e professores, dentre eles, o diretor do Museu Antropológico da UFG, Manuel Ferreira Lima Filho, e a vice-diretora do Museu, Rossana Klippel de Souza José, que destacou a importância do evento. "Esse evento foi pensado com carinho por toda uma equipe antropológica conduzida e orquestrada pelo professor Manuel, para pensar sobre essas temáticas (processos de repatriação e o conceito de cidadania patrimonial)", disse.
Mesa de abertura do evento no Museu Antropológico da UFG (Foto: Carlos Siqueira/Secom UFG)
O REpatri conta com a organização do Museu Antropológico (MA/UFG). Além disso, também participam da organização do evento, o Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS/UFG), o Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa, Ensino e Extensão em Direitos Humanos (NDH/UFG), a Faculdade de Ciências Sociais (FCS/UFG), do Núcleo Takinahaky (UFG), a Escola de Música e Artes Cênicas (EMAC/UFG), o Núcleo Interdisciplinar de Patrimônios, Artes e Memórias (Nipam/UFG), a Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (PROEC/UFG) e a Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação (PRPI/UFG).
O evento teve diversas atividades, incluindo apresentações artísticas, mesas redondas e conferências, que abordaram temas relacionados à repatriação e memória coletiva, à justiça social e aos direitos humanos e ao papel das universidades e museus.
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Fonte: Secom UFG
Categorias: antropologia Humanidades MA