
Redes sociais e IA impõem desafios ao jornalismo
Crise na produção jornalística moderna foi debatida por especialistas em evento na Faculdade de Informação e Comunicação
Fernando Cardoso*
O jornalismo moderno tem passado por diversas mudanças nos últimos anos. Questões como a ascensão das redes sociais, a crise de credibilidade do jornalismo e as tecnologias de inteligência artificial têm imposto desafios ao modo de produção jornalística.
Alguns desses assuntos foram discutidos pelas jornalistas e professoras Ana Mielke e Maria José Braga em uma mesa-redonda coordenada pela professora da Faculdade de Informação e Comunicação da Universidade Federal de Goiás (FIC/UFG) Mariza Fernandes. A roda de conversa foi parte da Semana do Jornalismo 2025, evento realizado de 1º a 5 de setembro.
Ana Mielke discutiu a ascensão da internet, o surgimento das redes sociais e seu impacto na produção de conteúdo – que prioriza o engajamento em detrimento da informação de interesse público – e o desafio da inteligência artificial. "A inteligência artificial está nos colocando em um novo desafio que é: como garantir que o jornalismo seja um lugar de produção criativa das histórias sobre o mundo?".
Ana argumentou que a inteligência artificial deve ser regulamentada, pois ela copia e reproduz o conteúdo produzido por humanos. Ela defendeu a necessidade de projetos de lei que garantam que a produção jornalística seja identificada, porque é um conteúdo humano que está sendo apropriado e reproduzido infinitamente. A jornalista propôs que as grandes plataformas remunerem os profissionais por esse conteúdo.
Mariza Fernandes, Ana Mielke e Maria José Braga na Semana de Jornalismo (Foto: Fernando Cardoso)
Maria José Braga afirmou que a crise de credibilidade do jornalismo tem múltiplas causas, e é gerada pelo próprio modelo de negócios e pelo movimento de descredibilização intencional, orquestrado por um grupo político de extrema direita que busca crescer descredibilizando a informação jornalística. "No meio disso tudo, o próprio mecanismo das redes sociais, baseado em cliques, lucro e engajamento, também gerou uma polarização dentro da política que buscou a deslegitimação das instituições sociais".
A jornalista acrescentou que outro problema que o jornalismo vem sofrendo, em especial nos grandes veículos comerciais, é a mimetização ou adoção do formato das redes sociais. Ela argumenta que o jornalismo não combina com a lógica das redes sociais, pois elas buscam despertar emoções, enquanto o jornalismo requer pensamento crítico.
* Fernando Cardoso é estagiário do curso de Jornalismo da FIC/UFG, orientado pela jornalista Kharen Stecca.
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Fonte: Secom UFG
Categorias: Comunicação Humanidades Fic Notícia 1