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Universidade Federal de Goiás
Ciência em Rede

Divulgação científica é apontada como estratégia contra a desinformação

Em 08/09/25 16:48. Atualizada em 08/09/25 16:48.

Evento discute como a ciência pode ocupar espaços e disputar narrativas

 

Ciência em Rede

Luciane Agnez (UFG), Guilhermo Vilas Boas (CNPq), Ana Carolina Monari (Unicamp) e Andreia Caldeira (SBPC/GO) (Foto: Carlos Siqueira/Secom UFG)

 

Da Redação

No atual cenário de excesso de informações e crescimento da desinformação, a divulgação científica precisa ocupar espaços e disputar narrativas. Esse foi um dos pontos compartilhados nas discussões do evento Ciência em Rede: desafios e estratégias para a divulgação científica no mundo digital, realizado na última quinta-feira (4/9) no auditório da Biblioteca Central da Universidade Federal de Goiás (UFG), no Câmpus Samambaia.

Para pesquisadoras, jornalistas e representantes institucionais presentes, consolidar a divulgação científica como prática acadêmica e política pública é essencial para aproximar a ciência da sociedade e enfrentar a pós-verdade – cenário em que apelos à emoção e crenças pessoais são mais determinantes que fatos objetivos.

O debate foi realizado pelo projeto de extensão Ciência Na Real, da Faculdade de Informação e Comunicação da UFG, em parceria com a Secretaria de Comunicação (Secom/UFG) e apoio da Fundação de Apoio à Pesquisa (Funape) e do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais de Goiás (Adufg).

No painel Divulgação Científica, Desinformação e Cenário Digital: desafios e oportunidades, a professora da Universidade Estadual de Goiás (UEG) Andreia Juliana Caldeira apresentou um panorama histórico das políticas públicas voltadas à divulgação científica, desde a criação do Instituto Nacional de Cinema Educativo, em 1936, até a recente instituição do Programa Nacional de Popularização da Ciência (Pop Ciência), em 2023.

Para Andreia, que também é secretária adjunta da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) Regional Goiás, a ciência deve estar presente no cotidiano da sociedade. "As pessoas têm que desejar fazer ciência", destacou. Entre as iniciativas citadas por ela estão o projeto SBPC Vai à Escola, o Prêmio SBPC/GO de Popularização da Ciência e o Coletivo de Mulheres Cientistas em Rede, do qual é coordenadora.

"Esse projeto busca transformar esse cenário por meio da colaboração, da diversidade e da visibilidade, contribuindo para uma sociedade mais justa e inclusiva e levando a ciência de um modo cotidiano para a comunidade", explicou. O coletivo já reúne mais de 150 pesquisadoras e 50 bolsistas, envolvendo estudantes da educação básica em clubes de ciência e ações que articulam saberes tradicionais e geração de renda.

 

Ciência em Rede

Andreia Caldeira apresentou projetos de divulgação científica para a comunidade (Foto: Carlos Siqueira/Secom UFG)

 

Desinformação

Já a jornalista e pesquisadora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Ana Carolina Monari trouxe ao debate a dimensão do problema da desinformação científica. Ela lembrou que, segundo o Fórum Econômico Mundial, a desinformação está entre os principais riscos globais para os próximos anos, cenário ainda mais preocupante com as tecnologias de inteligência artificial.

Ana Carolina apresentou alguns dados de sua pesquisa etnográfica em grupos anticiência do Telegram – alguns com até 100 mil inscritos e moderados por profissionais de saúde. "Essas comunidades são também comunidades de pertencimento. É preciso pensar no dialogismo e nos afetos. Desinformação não é falta de informação", afirmou.

Representando o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Guilhermo Vilas Boas destacou a importância da institucionalização da divulgação científica como área de conhecimento e de sua valorização entre pesquisadores, que muitas vezes desconhecem ou não se interessam pela área.

Coordenador dos Programas de Pesquisa em Educação, Popularização e Divulgação Científica do CNPq, Guilhermo lembrou que já existe uma aba no currículo Lattes para o registro dessas atividades e que planos de divulgação passaram a ser exigidos em projetos financiados pela agência. A extensão universitária foi apontada como um dos possíveis caminhos para a divulgação científica.

A professora da FIC/UFG e coordenadora do evento, Luciane Agnez, conduziu as discussões, enfatizando a importância da popularização da ciência para o exercício da cidadania, mas também como campo de trabalho para futuros jornalistas. "Cada plano de comunicação nesse campo pressupõe a criação de produtos e estratégias específicas para públicos distintos". Nesse sentido, os profissionais de comunicação podem contribuir para entender os diferentes perfis de públicos e como se estabelece a linguagem nas diversas plataformas.

 

Ciência em Rede

Oficina abordou os elementos de um Plano de Divulgação Científica (Foto: Carlos Siqueira/Secom UFG)

 

Planejamento

Na segunda parte do evento, o jornalista da Secom/UFG Luiz Felipe Fernandes e o coordenador de comunicação do Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (Lapig/UFG), Caio Rabelo, ministraram a oficina Planos de divulgação científica e estratégias digitais.

Os profissionais mostraram como a exigência de um plano de comunicação está cada vez mais presente em editais de financiamento à pesquisa. Eles abordaram os principais elementos que devem constar nesse documento, tais como a definição dos públicos, os canais e plataformas a serem utilizados, os conteúdos das mensagens e os diferentes tipos de linguagem.

Foram apresentados exemplos práticos de estratégias bem-sucedidas de divulgação científica em diferentes meios e para diferentes audiências, como a utilização de uma linguagem mais informal e bem-humorada para o público jovem, a criação de produtos comunicacionais dialógicos e participativos por meio de aplicativos como o WhatsApp, e a união entre ciência e arte para despertar o interesse e gerar vínculos.

 

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Fonte: Secom UFG

Categorias: Comunicação Humanidades Fic Secom Notícia 1