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Universidade Federal de Goiás
capa envelhecimento

O que define o envelhecimento e o que você irá fazer com o seu?

Em 14/10/25 08:19. Atualizada em 23/10/25 16:25.

NIPEE UFG 60+ convida comunidade para discutir o papel das universidades nesse processo

Caroline Pires

Pensar o envelhecimento, em suas diversas dimensões, não é uma tarefa simples ou que deve ser pensada de maneira isolada. Consciente da importância do tema e entendendo a seriedade dos múltiplos fatores que a compõem, o Conselho Universitário da Universidade Federal de Goiás (UFG) criou, há um ano, o Núcleo Interdisciplinar em Envelhecimento (NIPEE UFG 60+), que comemorou a data com a realização do 1º Simpósio Interdisciplinar em Envelhecimento, realizado no auditório da Adufg-Sindicato, no dia 10 de outubro.

Depois desse ano de intensas atividades, que transitaram desde ações de extensão à pesquisa e inserção de disciplinas relacionadas à área no ensino, a expectativa é seguir atuando em prol do compromisso com o envelhecimento.

Acesse o álbum de fotos do evento.

 

simpósio envelhecimento

Simpósio comemora um ano do NIPEE UFG 60+ (Foto: Evelyn Parreira/Secom UFG)

 

Ciente de que transformar toda uma cultura de surdez quanto ao envelhecimento também é uma missão da UFG, a coordenadora do NIPEE 60+ considera que o trabalho já realizado marca o início de todo o potencial de atuação de uma equipe multidisciplinar, coesa e participativa sobre a temática. Segundo a professora, assim como uma gota de água caindo em um rio ecoa, ela espera que as ações do Núcleo continuem reverberando e alterando a cultura sobre o envelhecimento, dentro e fora da Universidade.

"Nós trabalhamos a várias mãos, com participação de estudantes e professores de diversas Unidades Acadêmicas, atuando para nosso público interno, mas também promovendo iniciativas que alcancem toda a sociedade", destacou Ruth Lousada.

Para contribuir com as discussões na UFG, a organização do evento convocou especialistas que são referência nas discussões sobre o envelhecimento no Brasil. Somando diferentes perspectivas, foi possível traçar um panorama dos desafios e instigar os presentes a refletir sobre braços de ação, em suas áreas de atuação na Universidade.

 

simpósio envelhecimento

Evento foi realizado no auditório da Adufg (Foto: Evelyn Parreira/Secom UFG)

 

Lembrando que a velhice deve ser vista de uma maneira heterogênea, Cristina Hoffmann, consultora para a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e a Organização Mundial da Saúde (OMS), deu início à mesa-redonda do evento e destacou que cada cultura e local devem ser examinados de maneira única.

"São muitos os determinantes que impactam no nosso envelhecer e por isso é tão importante pensarmos a partir das diferentes políticas", defendeu. Ela lançou o desafio para as universidades públicas, que precisam se preocupar em inserir disciplinas que abarquem o tema do envelhecimento, pensando a multidisciplinaridade do tema.

Apresentando que as expectativas de vida variam de acordo com o grupo, o envelhecimento deve ser discutido na integração de diferentes políticas. "O envelhecer nos exige um olhar longitudinal que não se baseia na dicotomia saúde e doença, mas sim no acompanhamento ao longo do tempo", afirmou. Em 2020, a OMS definiu que esta seria a década do envelhecimento saudável, e colocou como eixos principais: combater o etarismo, transformar os ambientes de forma a torná-los mais adequados, entrega e serviços integrados e o acesso a cuidados de longo prazo.

Humanização do atendimento

"O que define a velhice hoje?". Foi com essa frase, instigando todos a pensarem o gráfico sobre o crescimento da população idosa no Brasil, que Karla Giacomin, médica geriatra, afirmou que a partir de 2050 o país terá mais de 30% da sua população de idosos. Essa realidade demanda que seja mantida a noção "do todo e da pessoa por inteiro, por isso precisamos caminhar na contramão do que usualmente se diz e demandar a necessidade de uma formação generalista e humanista", defendeu.

Diante dessa realidade é preciso que as universidades estejam atentas, especialmente no que se refere à extensão e à sua atuação direta na formação de políticas públicas. "Precisamos criar mecanismos para tirar as pessoas da pobreza e esse papel também é do Estado, que atende 80% da população idosa brasileira que depende só do Sistema Único de Saúde. Precisamos romper com a surdez social quanto ao envelhecimento", finalizou.

Pensando nos desafios e avanços da gerontologia, Tiago Alexandre, docente da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), acrescentou às discussões a tentativa de se manter as capacidades mentais e físicas antes que as situações se estabeleçam na vida do indivíduo. De acordo com o pesquisador, apesar das particularidades, os fatores de risco são conhecidos para as pessoas idosas. Dados apontam que no Brasil hoje 1,85 milhão de pessoas vivem com demência, e 20% delas não são diagnosticadas.

"Há problemas de segurança domiciliar e pessoal e sem manejo dos seus sintomas. Além disso, os cuidadores também estão exauridos nesse processo, já que em média elas prestam em média mais de dez horas de dedicação a essas pessoas", apresentou. Esse enorme problema que ultrapassa as questões familiares e não tem solução simples também passa por pesquisas. 

Encerrando as falas da tarde, Elisa Franco de Assis Costa, docente da Faculdade de Medicina da UFG, destacou que o avanço da expectativa de vida é ao mesmo tempo uma conquista, mas também um desafio. Segundo ela, há uma surdez com relação ao envelhecer e é criada uma oposição com a juventude, o que acaba por aprofundar o problema da relação intergeracional.

"Isso demanda ainda mais a necessidade de que a formação dos profissionais seja ampliada. Todos os profissionais, e não só da área da saúde, precisam dessa visão abrangente", finalizou.

 

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Palestrantes discutiram os desafios do envelhecimento na atualidade (Foto: Evelyn Parreira/Secom UFG)

 

Abertura

Emocionando os presentes, o Coral Vozes do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais de Goiás (Adufg) deu início às atividades do simpósio e apresentou duas canções, acompanhado pelo público, que interagiu com os componentes do conjunto. O coral reforça que, mesmo aposentados, os professores estão ativos e participativos na vida da Universidade.

 

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Coral Vozes da Adufg-Sindicato abriu o evento (Foto: Evelyn Parreira/Secom UFG)

 

Reforçando a importância do Centro em Referência à Saúde da Pessoa Idosa (Craspi), seu coordenador e paciente, Alcione Vieira, falou que o espaço é um dos poucos de Goiânia onde os idosos são acolhidos com respeito e consideração. "Façam uma visita para conhecer nosso trabalho e a maneira fabulosa como tratamos cada um que chega lá", convidou.

A presidente do Conselho Estadual de Pessoa Idosa, Biany Lourenço, lembrou que o Coral Vozes da Adufg emocionou e representa a força dos idosos. De acordo com ela, mais do que proteção, as pessoas idosas demandam um processo permanente de promoção da saúde. "Não conseguiremos fazer isso sem a Universidade, que nos auxilia a pensar e implementar políticas públicas que realmente sejam efetivas", defendeu.

A diretora executiva da Fundação de Apoio à Pesquisa (Funape), Sandramara Matias Chaves, afirmou que todos os 60+ da Universidade ainda têm muito a contribuir "para que tenhamos um mundo mais igualitário, onde as pessoas mais idosas sejam respeitadas, incluídas e ativas em nossa sociedade". Sandramara foi eleita reitora da UFG para o mandato 2026-2030.

Já o atual vice-reitor da UFG, Jesiel Freitas Carvalho, lembrou que o Conselho Universitário aprovou a resolução para servidores sêniores recentemente, com o objetivo de promover que, aqueles que desejem, possam continuar atuando nas atividades da universidade.

Além disso, citou o projeto UFG Conexão Para Toda a Vida, que acolhe e realiza ações para os servidores aposentados da instituição. "Ficamos muito felizes de poder constatar todas essas conquistas do NIPPE 60+ em tão pouco tempo após a sua criação", destacou.

 

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Abertura teve a presença de autoridades e gestores (Foto: Evelyn Parreira/Secom UFG)

 

O que é o NIPEE 60+?

O NIPEE UFG 60+ surge com o propósito de integrar esses esforços, promovendo o envelhecimento saudável e participativo e consolidando a UFG como referência nessa área. A iniciativa reflete o compromisso institucional da Universidade com o envelhecimento humano, articulando ensino, pesquisa e extensão em uma abordagem interdisciplinar e multidimensional.

A UFG acumulou, ao longo das últimas décadas, uma significativa trajetória voltada ao público idoso, com ações conduzidas por servidores de diversas unidades acadêmicas. O NIPEE UFG 60+ surge com o propósito de integrar esses esforços, promovendo o envelhecimento saudável e participativo e consolidando a UFG como referência nessa área.

No âmbito da pesquisa, o Núcleo visa fomentar estudos sobre os múltiplos aspectos do envelhecimento humano, formando recursos humanos qualificados e ampliando a produção científica. Pretende-se criar parcerias com agências de fomento estaduais e nacionais para estimular editais voltados ao tema, além de fortalecer a colaboração com centros de excelência no Brasil e no exterior.

O espaço interdisciplinar oferecido pelo NIPEE busca consolidar a Universidade como protagonista na produção de conhecimento científico sobre o envelhecimento, contribuindo para uma compreensão mais ampla e profunda desse processo da vida.

No ensino, o NIPEE UFG 60+ propõe a integração da temática do envelhecimento nos currículos acadêmicos e a oferta de disciplinas específicas. Aumentar a participação de pessoas idosas em cursos de graduação e pós-graduação também é uma prioridade, reconhecendo que o aprendizado acontece ao longo de toda a vida.

A Universidade está aberta para acolher novos e antigos alunos, promovendo uma cultura de respeito, inclusão e combate ao ageísmo, essencial para construir uma comunidade acadêmica diversa e acolhedora.

Na extensão, o Núcleo busca estreitar os laços entre a UFG e a população idosa, promovendo ações voltadas ao envelhecimento participativo, ativo e saudável. Também se destaca o olhar atento para a própria comunidade interna da universidade, que atualmente conta com 312 docentes e 376 técnicos administrativos permanentes com mais de 60 anos.

Estão sendo planejadas ações que valorizem as contribuições dos servidores idosos e ofereçam suporte na preparação para a aposentadoria, reconhecendo o papel essencial desses trabalhadores na construção da Universidade.

 

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Fonte: Secom UFG

Categorias: envelhecimento Institucional Nipee