Arthur Gabriel

A exposição Archi, proveniente do projeto didático-pedagógico "Conchas e suas geometrias", se revelou um ponto de convergência de diversas áreas do conhecimento no 22º Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão (Conpeex) da Universidade Federal de Goiás (UFG). Com mais de 500 exemplares, a coleção pessoal do professor José Clecildo Barreto, do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (Iptsp), demonstra como a natureza serve de inspiração para a ciência e a arte.

Acesse aqui as fotos da exposição.

Luiz Gabriel, estudante de Biotecnologia e monitor do projeto, expressou seu fascínio e admiração pelas cores vibrantes e formas orgânicas das conchas presentes na exposição. "Eu sou apaixonado por essa área de estudos que a biologia me proporciona. As conchas permeiam campos de saberes que nós nem imaginamos. Por exemplo, algumas das conchas aqui apresentadas já serviram como inspiração para tecidos de moda, outras servem como postura de ovos de alguns seres vivos".

O estudante ressalta que a exposição vai além da simples mostra biológica, oferecendo lições sobre história, conhecimento e preservação. "As conchas têm muito a ensinar, tanto pela coloração como pela beleza delas para a área da moda, para a área das artes em si, bem como para a área da matemática, pelo conhecimento da sequência de Fibonacci, da semente da vida, da proporção áurea. As conchas reúnem conhecimentos multidisciplinares".

Entre os visitantes, a coleção provocou surpresa e admiração em Ênio Pazini, que já atuou como professor no curso de Engenharia Civil da UFG. "Nunca tinha visto num mesmo local uma quantidade e variedade tão grande de conchas com formas, cores e texturas tão lindas. O que se vê aqui é uma coleção admirável. É incrível pensar como as formas da natureza podem servir de inspiração para projetos de engenharia e arquitetura. Exposições como estas inspiram muito a comunidade acadêmica".

Viés pedagógico

O professor José Clecildo conta que, ao longo de seus estudos, passou a olhar para as conchas de uma outra maneira. "Eu passei a vê-las como estruturas harmônicas. Comecei a perceber de forma mais detalhada a harmonia da natureza, que está diretamente ligada aos estudos matemáticos e de geometria. Interessante pensar que a maioria das pessoas que passaram pela exposição me questionaram se as conchas eram de verdade e se as cores eram reais. Então acredito que a principal mensagem deixada por essa exposição é a de que quebramos a harmonia da natureza com o desmatamento, queimadas, o uso de microplásticos. É preciso conhecer para preservar".

O professor enfatizou que há uma intenção pedagógica e interdisciplinar por trás do projeto. "Quisemos ressaltar a geometria sagrada através de algumas gravuras. Alguns dos desenhos que expomos aqui foram feitos pela minha mãe, Neusa Barreto, de 86 anos. Outros foram feitos pela minha filha, Larissa Bezerra, que é artista. Os estudos matemáticos que as conchas proporcionam configuram um rico material para ser aplicado e inserido nos estudos acadêmicos".

José Clecildo afirma que a interdisciplinaridade entre arte, matemática e biologia, proporcionada pelo estudo das conchas, pode servir como material educacional para o ensino básico brasileiro. "A sala de aula permite que trabalhemos essa diversas áreas do conhecimento a partir de um olhar de respeito e cuidado com a natureza. Isso é extremamente importante para a educação atual".