Jogo de cartas ensina sobre biodiversidade brasileira
Ação de extensão do ICB/UFG já foi apresentada em congressos e escolas públicas goianas
Kharen Stecca
Um jogo que ensina sobre biomas do Brasil de forma lúdica, levantando informações sobre a fauna e a flora desses locais: essa foi a proposta de pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) ao criar o jogo educativo Cara a Cara dos Biomas. O jogo é parte de uma ação de extensão visando a divulgação científica e a reflexão sobre a diversidade ecológica brasileira.
O projeto foi desenvolvido por integrantes do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão em Educação Ambiental (Lepeea) e da Sala Verde: Educar no e para o Antropoceno, ambos vinculados ao Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFG. Um relato de experiência foi publicado na Revista Elo: Diálogos em Extensão.
O jogo, especificamente, foi elaborado em 2024. O desenvolvimento dos materiais educativos foi financiado com recursos de uma chamada do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para Eventos de Abrangência Intermunicipal, e apresentado na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT). O projeto é coordenado pela professora Raphaela de Castro Georg e o jogo de tabuleiro foi coordenado pelo professor Michel Mendes e produzido pelos estudantes.
Reconhecimento da biodiversidade
A proposta central do Cara a Cara dos Biomas é facilitar o reconhecimento e a diferenciação das características dos biomas brasileiros. Ao ser utilizado como elemento pedagógico, o jogo permite a discussão aprofundada de vários temas, como o endemismo, as características físicas dos seres vivos, seus hábitos alimentares e os tipos de ambiente em que estão inseridos. O jogo une elementos pedagógicos, promovendo a liberdade, a incerteza, o desafio, o prazer e a interação social.
O jogo une elementos pedagógicos, promovendo a liberdade, a incerteza, o desafio, o prazer e a interação social.
O Cara a Cara dos Biomas é composto por sete baralhos, representando os seis biomas terrestres oficiais e, em consonância com o texto norteador da SNCT, os Ambientes Marinhos. Os biomas incluídos são: Cerrado, Pantanal, Amazônia, Mata Atlântica, Caatinga e Pampa. Cada baralho contém 16 cartas. Dessas, oito são dedicadas à vegetação e oito aos animais típicos daquele bioma.
A jogabilidade estimula a criatividade e a interação entre os participantes. Durante os testes, observou-se que surgiram adaptações das regras pelos próprios estudantes, como a criação de um limite de perguntas para descobrir a espécie representada, adicionando um elemento de estratégia.
Um desafio na elaboração foi a dificuldade de encontrar fotografias de alta qualidade e de uso livre que retratassem espécies endêmicas. Foi necessário um processo minucioso de verificação e validação, conduzido pela equipe, para garantir que as imagens estivessem rigorosamente de acordo com o nome científico, a representatividade e o endemismo das espécies.
Aprendizado e reflexão dos participantes
Os participantes, segundo relato dos pesquisadores, demonstraram entusiasmo com o design vibrante das cartas, embora algumas espécies nunca antes vistas gerassem estranheza e curiosidade. O jogo estimulou o aprendizado colaborativo e reflexivo. Enquanto jogavam, os estudantes trocavam informações e justificavam suas escolhas, o que é essencial para a construção do conhecimento por meio da interação com o outro.
Os monitores, autores do projeto, intervinham estrategicamente, aprofundando os temas conforme o nível de conhecimento prévio e a faixa etária dos estudantes.
Houve também, segundo eles, uma conexão relevante estabelecida pelos estudantes entre o jogo e outra atividade desenvolvida (painéis interativos). Ao reconhecerem espécies em ambas as atividades, os estudantes faziam comentários espontâneos sobre hábitos alimentares, adaptações e características físicas, consolidando o conhecimento de maneira dialógica e contextualizada.
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Distribuição e alcance
O jogo Cara a Cara dos Biomas, junto aos painéis interativos, foi utilizado em ações de extensão em três municípios do estado de Goiás: Brazabrantes, Caldazinha e Goiânia. A seleção das escolas em Brazabrantes e Caldazinha teve o objetivo de buscar municípios com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e que se diferenciassem dos territórios amplamente ocupados, como o entorno da UFG ou a capital Goiânia.
Os materiais produzidos continuam sendo utilizados em outras ações do Lepeea, refletindo a responsabilidade social do recurso recebido. Em reconhecimento à parceria, as duas escolas parceiras (Brazabrantes e Caldazinha) receberam dois kits completos do jogo. Estes kits são acompanhados por um guia de uso e material complementar contendo informações para fortalecer o debate sobre aspectos culturais de cada bioma, reconhecendo-os como "Territórios Cheios".
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Fonte: Secom UFG
Categorias: Educação Ambiental Ciências Naturais ICB Notícia 3






