Licenciaturas no centro do debate na UFG
Publicação da Assessoria de Comunicação da Universidade Federal de Goiás
ANO VII – Nº 68 – Outubro – 2014
Licenciaturas no centro do debate na UFG
Pró-Reitoria de Graduação (Prograd) aposta em diálogo e bolsas para alunos de licenciatura como estímulo para a escolha da carreira docente
Texto: Angélica Queiroz | Fotos: Letícia Antoniosi e Divulgação
Em todo o país os cursos de licenciatura têm perdido prestígio social, o que resulta em alta evasão e vagas ociosas (ver matéria na edição de setembro do Jornal UFG). Na UFG essa realidade não é diferente. No entanto, a Universidade tem se empenhado para encontrar soluções que minimizem o problema. No centro da ação está o debate. Para a coordenadora de Licenciatura e Educação Básica da Prograd, Miriam Fábia Alves, mais do que tomar medidas internas, é preciso estimular uma mudança política e cultural que funcione como chave para que as licenciaturas voltem a ser atraentes.
A UFG oferece hoje 57 licenciaturas com mais de sete mil alunos matriculados. Esses cursos conseguem formar aproximadamente 55% dos ingressantes, número pequeno, mas ainda significativo quando comparado aos do cenário nacional. Para a coordenadora de licenciaturas da Prograd, a situação das licenciaturas no país é preocupante, mas ela é otimista e acredita nas ações que a Universidade tem desenvolvido.
O Programa Bolsas de Licenciatura (Prolicen), o Programa de Monitorias e o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid), projetos que aproximam a licenciatura e a educação básica, estão entre as apostas para diminuir a evasão. A Prograd, em parceria com os institutos e unidades acadêmicas, tem investido ainda em cursos de núcleo livre visando à permanência dos estudantes que ingressam com dificuldades básicas e acabam tendo problemas nas disciplinas mais complexas, como Cálculo (ver reportagem na página 12). Na opinião de Miriam Fábia, superando essas dificuldades, que muitas vezes desmotivam os alunos, a tendência é que a taxa de evasão nas licenciaturas diminua.
A maior aposta da coordenadora de licenciaturas é no debate. “Não temos outra saída, senão estimular o diálogo,” ressalta. Por isso, está sendo realizado mensalmente o Fórum de Licenciatura da UFG, um espaço para que os professores discutam, formulem e acompanhem a criação de uma política de licenciatura para a instituição. No dia 22 de setembro, a reunião do Fórum contou com a presença do professor Luiz Dourado, da Faculdade de Educação (FE). Segundo ele, que é membro da Comissão de Formação de Professores do Conselho Nacional de Educação (CNE), “é preciso pensar no conjunto de políticas de gestão da educação superior”. Para Luiz Dourado, a saída é discutir o projeto pedagógico dos cursos, sem dissociar a educação superior da educação básica.
Durante Fórum de Licenciatura professor Luiz Dourado faz panorama sobre a carreira docente no Brasil
Quadro crítico – Professor da Faculdade de Artes Visuais (FAV) e membro do banco de avaliadores INEP/MEC, Cleomar Rocha, alerta para o fato de que muitos cursos de licenciatura estão sendo extintos no país. Segundo ele, as universidades particulares já fecharam ou estão fechando turmas e as instituições públicas têm problemas para atrair alunos. “Nas licenciaturas, as vagas é que disputam candidatos, e não o contrário,” afirma.
A solução para melhorar a qualidade da educação em todos os níveis e em todo o país, de acordo com Cleomar Rocha, é encontrar caminhos para resgatar o interesse pela carreira docente. “A licenciatura é o coração de todo o processo,” assinala. Para ele, as licenciaturas deveriam ser os carros-chefes da Universidade. “O nosso papel não é apenas formar, mas mudar culturalmente o que está posto. Precisamos dialogar com os governos para reverter esse quadro. A Universidade não é uma ilha,” defende.
“Dá pra se fazer muito e acreditar no que se faz”
Pedro Augusto Lino Silva Costa, 21, é estudante do 8º período de Letras da UFG na regional Goiânia e acredita que não poderia ter escolhido um curso melhor. “Eu, de fato, gosto de estar me formando professor. Quero ser professor mesmo. O curso de Letras e as licenciaturas em geral nos proporcionam um crescimento muito grande,” declara.
O estudante concorda que tem ocorrido certo abandono da vontade de ser professor. “Acho que conseguiram inculcar a ideia de que ser professor é menos digno porque se ganha menos. É uma situação muito difícil, mas é possível. Dá pra se fazer muito e acreditar no que se faz,” opina. Para o estudante de Letras, a UFG tem investido cada vez mais em pesquisa, e isso é um grande avanço. Ainda segundo Pedro, o Prolicen, do qual é bolsista, é de grande ajuda nesse incentivo.
“Os desafios estão aí para serem superados”
Ricardo Gomes Assunção foi aluno de Matemática na UFG-Catalão e hoje é mestrando em Matemática pelo Mestrado Profissional em Matemática (PROFMAT) da mesma instituição e professor no Instituto Federal Goiano em Urutaí. Segundo ele, a desvalorização dos professores, o desinteresse dos alunos e as condições precárias de trabalho são os principais motivos para que a carreira do professor não seja atraente para o futuro estudante de ensino superior. “Eu, como professor de licenciatura, percebo claramente isso quando converso com meus alunos. Um trabalho de divulgação das licenciaturas e uma campanha de valorização dos professores devem ser feitos com urgência para garantir o futuro da profissão, que motiva todas as demais profissões”, alerta.
Estudantes da Regional Catalão durante o I Workshop de Álgebra da UFG-CAC
Para Ricardo Assunção, é errado culpar as instituições de ensino superior por esse desinteresse pelas licenciaturas. “Tive e tenho um ótimo curso, com professores qualificados, com ótimos projetos de pesquisa e extensão, com uma política de estágio muito significativa e todo o apoio dos professores. Inclusive, fui bolsista do CNPq na época da graduação e hoje sou bolsista da CAPES. Claro que tive dificuldades também, mas onde elas não existem?,” detalha. Segundo ele, muitas vezes, falta investimento dos governos nas licenciaturas, e os administradores têm de ter jogo de cintura para exercer um bom trabalho.
Mesmo com todos os problemas, ele tem orgulho da profissão que escolheu. “O fato é que hoje me considero um grande professor de matemática, e o que me deu todas as condições para exercer minha profissão foi o bom trabalho desenvolvido pelos professores do curso de matemática da regional Catalão. Inspirado na luta diária deles é que hoje tento desenvolver um trabalho com meus alunos, mostrando o quanto essa profissão é bonita. Cheia de desafios, mas os desafios estão aí para serem superados,” conclui.
Nesta Edição
Categorias: PROGRAD Licenciaturas PROLICEN