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Universidade Federal de Goiás

Música e cena em Goiás

Em 09/10/15 09:32. Atualizada em 19/10/15 08:12.

Marca Jornal UFG 74

 

 

Música e cena em Goiás

Laboratório que trabalha na recuperação da memória cênico-musical do Estado recebe novos acervos

Texto: Lorena de Sousa | Fotografia: Camila Caetano

 

Laboratório de Musicologia Braz Wilson Pompeu de Pina Filho (Labmus)

 

Durante toda sua carreira acadêmica, a professora da Escola de Música e Artes Cênicas (Emac/ UFG), Ana Guiomar Rêgo Souza, se deparou com uma carência bibliográfica acerca da história musical e cênico-musical goiana. Mesmo após seu doutorado, a atual diretora da Emac continuava com essa inquietação. Na busca por dar prosseguimento ao trabalho de colegas* e sistematizar o que já estava em posse da unidade, surgiu a proposta de criação de um espaço adequado para acomodar o que já existia e para o recebimento de novos materiais.

 

Assim nasceu o Laboratório de Musicologia Braz Wilson Pompeu de Pina Filho (Labmus): preservação, catalogação e divulgação de documentos escritos, sonoros e audiovisuais, projeto idealizado há quatro anos, e que há três conseguiu local ideal para funcionar. “Sentíamos a necessidade de um espaço para preservação, catalogação e difusão de documentos escritos e audiovisuais de maneira a incentivar e possibilitar pesquisas sobre a história, memória e a cultura musical e cênico-musical de Goiás e do Brasil”, conta Ana Guiomar.

 

Os primeiros documentos levados ao local compunham o acervo da própria escola - Acervo Emac/UFG -, dividido em três grandes coleções: uma contendo documentos do antigo Conservatório Goiano de Música e Conservatório de Música da UFG, a outra formada por documentos do Instituto de Artes da UFG e a última englobando material disponível a partir da separação do Instituto de Artes em Faculdade de Artes Visuais e Escola de Música (1996) e material advindo da atual Escola de Música e Artes Cênicas, assim denominada depois que a Escola de Música criou, no ano de 2000, os cursos de Artes da Cena.

 

Segundo Ana Guimar, o objetivo agora é receber mais documentos de pessoas que não tenham interesses em mantê-los, ou que desejem disponibilizá-los para outros. “A ideia é que o laboratório cresça e se torne um centro de referência para o qual as pessoas e instituições enviem suas coleções para que sejam tratadas, digitalizadas e disponibilizadas”, detalha. Após esse processo, a professora explica que as coleções serão devolvidas para que voltem a integrar os bens culturais das cidades de origem.

 

 Banda de Bonfim, hoje Silvânia. Com uma clarineta sob o braço, à direita, o compositor Bhaltazar de Freitas (1920)

Labmus possui acervos de documentos disponíveis para pesquisa 

 

Acervo Balthasar de Freitas

Grande parte das coleções de manuscritos do século XVIII e XIX de relevância para a construção de histórias da música e do teatro de Goiás se encontra com particulares, geralmente familiares de músicos moradores das cidades que compunham a rota do ouro, em acervos das bandas locais, de irmandades e da Igreja. Prova disso é que, recentemente, o laboratório recebeu o acervo de Baltasar de Freitas, maestro já falecido. O material foi doado pelas bisnetas do músico: as professoras Gyovana Carneiro, Ivana Carneiro e Dulce Pedrosa.

 

Balthasar de Freitas foi um importante músico que viveu entre os anos de 1870 e 1936 em Jaraguá, no interior do Estado, onde trabalhou com o coro da Igreja e com a banda de música da cidade. O acervo possui mais de seiscentas obras, divididas em quatro séries: música sacra, música instrumental, música impressa e outros documentos. “Ele não só produziu um grande número de manuscritos musicais, como foi também o herdeiro de um valioso acervo de obras copiadas e compostas por músicos de gerações anteriores, alguns deles também representantes da família Ribeiro de Freitas”, detalha Gyovana Carneiro.

  

A professora e bisneta do músico conta que os registros ficaram durante muitos anos com os filhos do maestro e, posteriormente, passaram para as mãos de uma de suas tias, que mostrou as obras a ela, sua irmã e a uma prima. “A família de Balthasar de Freitas achou que o melhor lugar para o acervo seria a Universidade, portanto, em comum acordo, o arquivo foi doado ao Labmus, onde poderá ser digitalizado e investigado por pesquisadores interessados de todo o mundo”, explica Gyovana Carneiro.

 

 Banda de Jaraguá, que tinha como Mestre o compositor Bhaltazar de Freitas (1910)

 

Outros documentos

Outra conquista do Labmus é o acervo conhecido como Jean Douliez, músico belga que participou da criação do Conservatório Goiano de Música, em 1955, e, depois lecionou no Conservatório de Música da UFG. Douliez se radicou em Goiás por muitos anos e, ao voltar para a Bélgica, deixou na escola grande parte de seus documentos, incluindo documentos da época da criação da UFG, partituras de músicas diversas e composições de sua autoria, como o Hino da UFG. Encontra-se também em posse do laboratório a coleção Marília Laboissière Paes Barreto, um conjunto de documentos, livros e partituras, colecionados pela professora aposentada da Emac, Marília Laboissière, e doado ao Labmus por sua família.

 

*Braz Wilson Pompeu de Pina Filho, Belkiss Spenzieri Carneiro de Mendonça e Maria Augusta Calado de Saloma Rodrigues.

 

Para ler o arquivo completo em PDF clique aqui

 

Fonte: Ascom / UFG

Categorias: acervo documentos memória cênico-musical Emac Extensão