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Universidade Federal de Goiás
MV

Melhorando a qualidade da Pós-Graduação na UFG

Em 29/07/16 15:51. Atualizada em 02/08/16 15:17.

Coordenador do PPG em Ecologia e Evolução do ICB fala sobre novo Regulamento dos Programas de Pós-Graduação

Marcus Cianciaruso,  Coordenador do PPG em Ecologia e Evolução do ICB

Marcus Cianciaruso, Coordenador do PPG em Ecologia e Evolução do ICB

 

O novo Regulamento dos Programas de Pós-Graduação (Resolução CEPEC n˚ 1403) traz avanços positivos para a formação de mestres e doutores na UFG, enfatizando que a avaliação dos alunos é um processo contínuo que tem início no projeto de pesquisa, passando pelo exame de qualificação e terminando na defesa do produto final. Há maior liberdade para cada Programa de Pós-Graduação (PPG) definir o formato de suas avaliações e inserir requisitos de produção científica discente. Esses avanços estão de acordo com uma série de reportagens publicadas na Nature (20/04/2011, 02/12/2015 e 07/07/2016) que discutem a necessidade de reformular os cursos de doutorado. Sinal de que estamos no caminho certo, mas ainda há uma longa estrada a percorrer.

A defesa, um formato criado na Idade Média e de eficácia duvidosa, ainda determina a conclusão do curso. Reprovar um doutorando é um evento raro aqui e em outros países. A defesa é ineficiente, pois temos que dividir nosso tempo entre aulas, publicações, revisões e orientações. Quantos de nós só lê a tese na véspera da defesa? Reprovar alguém em sessão pública é um ato constrangedor para o estudante e seu orientador. Frequentemente o orientador é amigo, colega de trabalho ou potencial colaborador científico do avaliador. E é cada vez mais comum que os estudantes já tenham parte da tese aceita ou publicada. Tudo isso pode explicar os baixos níveis de reprovação.

Ademais, manter o sistema de bancas custa caro. Segundo a Pró-reitoria de Pós-Graduação da UFG, anualmente cerca de 900 membros externos avaliam os trabalhos dos nossos PPG. Façam as contas. Um sistema de avaliação continuada não precisa extinguir a apresentação pública da tese. A conclusão de cada turma de doutorado poderia ocorrer em uma conferência com várias apresentações, integrando os cursos de PPG com a graduação. Pareceristas externos e internos poderiam participar de uma pré-banca (avaliando o trabalho à distância por escrito). Os pareceres, junto com os demais itens de avaliação feitos ao longo do curso, determinariam se o estudante estaria apto a apresentar seu trabalho e, portanto, receber o diploma.

Enquanto a visão tradicional existir, um acompanhamento benfeito deve maximizar o sucesso das defesas. Na Ecologia e Evolução, por exemplo, os estudantes entregam relatórios anuais com metas claras para cada momento do curso. Além disso, os ingressantes apresentam seus projetos em sessão pública, onde recebem sugestões e críticas. Percebemos que o mais importante é criar um ambiente onde a produção de conhecimento seja uma consequência natural ao longo do curso. Isso passa pela qualificação do corpo docente, daí a importância de critérios coerentes de credenciamento e recredenciamento. Apesar de não condicionarmos nossas defesas ao aceite ou submissão de manuscritos, nossa produção discente é bastante alta, inclusive com artigos exclusivamente de discentes em revistas de impacto internacional. Esse é um ótimo exemplo de independência acadêmica que deveria ser considerado no processo de avaliação dos estudantes.

Outro problema nos currículos de doutorado, que por tradição são muito específicos, é a falta de interação entre áreas. Uma solução simples seria utilizar melhor a carga horária em atividades complementares. Outra possibilidade é a oferta simultânea de uma disciplina em mais de um PPG. Isso é ainda mais fácil se essas disciplinas forem condensadas. Incentivar o trânsito de alunos e docentes entre os PPG enriquecerá a qualidade dos doutores que formamos. Provavelmente isso não ocorre, ou ocorre com pouca frequência, porque não nos conhecemos e raramente trocamos informações sobre como fazemos as coisas, sobre nossos erros e acertos. Talvez, se a Câmara de Pós-Graduação não for suficiente, possamos interagir na mesa do bar. Fica o convite.

 

 

Categorias: artigo Edição 81