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Universidade Federal de Goiás
Aves

Pesquisa da UFG mapeia aves do Cerrado

Em 28/07/17 14:31.

Pesquisadores registraram 271 espécies, uma delas detectada pela primeira vez em Goiás

Aves

Texto: Carolina Melo

Fotos: Divulgação

Entre as flores do pequi e as árvores de buritis, um observador atento pode presenciar o vai e vem de aves de todos os tamanhos, cantos e cores. Um projeto de pesquisa da Universidade Federal de Goiás (UFG) direcionou a atenção a esse universo e mapeou 271 espécies de aves do Cerrado com o intuito de avaliar o grau de conservação de 17 fragmentos florestais espalhados pelas regiões Sul, Central, Leste e Noroeste de Goiás. Uma das espécies foi registrada pela primeira vez no território goiano.

“Tentamos fazer um termômetro, ou seja, identificar quais espécies estão ali e, com isso, perceber se o ambiente está impactado ou não”, explica Shayana de Jesus, uma das pesquisadoras do projeto. Na região Sul do estado, 17 espécies encontradas são vinculadas à Mata Atlântica. Em fragmentos mais próximos ao noroeste de Goiás, foram registradas 14 espécies da Floresta Amazônica. Essa é a região que abriga os maiores blocos florestais e se destacou por hospedar espécies ameaçadas de extinção, como a arara-azul, o jacu-de-barriga-castanha e o mutum-de-penacho. “Foram registros escassos, mas muito importantes para o Estado, pois têm muito a ver com o grau de conservação dos fragmentos”, constata a pesquisadora.

Presente no Tocantins e na região Amazônica, o araçari-miudinho-de-bico-riscado (Pteroglossus inscriputus) teve o seu primeiro registro documentado em Goiás, mais especificamente em um dos fragmentos situados em São Miguel do Araguaia, no Noroeste Goiano. Da mesma forma, a pesquisa foi responsável pelo segundo registro documentado no estado do tauató-pintado (Accipite poliogaster). A ave, quase ameaçada de extinção em âmbito mundial, foi encontrada no centro goiano, na Flores- ta Nacional de Silvânia. Seu primeiro registro em Goiás ocorreu em 1953. “São espécies que não esperávamos encontrar”, afirma Shayana. Ao todo, oito espécies pouco documentadas foram mapeadas pelo estudo.

Na avaliação do professor de Ciências da Natureza da Educação Intercultural da UFG e coordenador do projeto de pesquisa, Arthur Bispo, o resultado chama a atenção para o fato de Goiás ainda ser pouco estudado nessa área. “O estado possui alguns estudos de catalogação de aves, realizado principalmente pela Fundação Museu de Ornitologia, porém esse é um dos primeiros trabalhos que avaliou os efeitos do processo de fragmentação sobre a diversidade de aves”, afirma.

Conservação

O projeto também buscou fazer a análise da heterogeneidade dos fragmentos florestais e do seu entorno, assim como da permeabilidade da paisagem, ou seja, a facilidade de fluxo das espécies entre os diferentes blocos florestais, para entender o impacto sobre a diversidade das aves. Dessa forma, a estrutura dos ambientes florestais e tipos de Cerrado, as pastagens e agricultura ao redor dos fragmentos e a permeabilidade para o fluxo biológico foram avaliados. “Em relação ao fluxo biológico, esperamos que uma ave florestal prefira se mover em um ambiente que é mais similar ao fragmento, como uma plantação de eucalipto, por exemplo, ao invés de uma plantação de soja, que é  muito  diferente.  Nesse caso, a plantação de eucalipto seria mais permeável para essa espécie”, explica Paulo Vitor dos Santos, pesquisador do projeto.

Os pesquisadores chegaram à conclusão de que tanto a heterogeneidade quanto a permeabilidade influenciam diferentemente na presença de espécies de aves. “As aves que utilizam o solo para se alimentar ou se movimentar são as mais afetadas. Elas precisam de paisagens conectadas, permeáveis. Também exibem maior riqueza em fragmentos heterogêneos, com variação ambiental”, afirma Paulo. Da mesma forma, segundo o pesquisador, as espécies que não dependem dos ambientes florestais têm vantagens em ambientes mais heterogêneos, ou seja, com diferentes tipos de vegetação natural do bioma Cerrado. Um exemplo são os grupos de aves  carnívoras, como o gavião-carrapateiro, o quiriquiri e falcão-relógio. “Esse foi um dado que nos surpreendeu. Não imaginávamos que a diversidade fosse tão importante para esse tipo de espécie”, diz.

Dentre as aves mapeadas, 115 são espécies dependentes florestais, ou seja, alimentam-se e se reproduzem principalmente em florestas. O estudo identificou ainda 13 aves com sensibilidade alta aos distúrbios ambientais, entre elas o tauató-pintado e capitão-castanho. “São aves sensíveis às alterações ambientais, podendo desaparecer de fragmentos pequenos ou isolados”, afirma Shayana de Jesus.    

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Fonte: Ascom UFG

Categorias: pesquisa Edição 89