
Seminário traz discussão sobre o universo das travestis para a UFG
Palestra de abertura abordou representação de pessoas transexuais no audiovisual brasileiro
Texto: Eduardo Bandeira
Fotos: Júlia Barros
Com o objetivo de trazer a discussão sobre o universo das travestis para a Universidade, teve início na última segunda-feira (22/1) o 2º Seminário de Corpo, Cultura e Consumo. O evento, que segue nos dias 1º e 2 de fevereiro, é uma realização do Grupo de Pesquisa Corpo, Cultura e Consumo, com o apoio da Faculdade de Informação e Comunicação (FIC) e do Programa de Pós-Graduação em Arte e Cultura Visual, da Faculdade de Artes Visuais (FAV) da Universidade Federal de Goiás (UFG).
O tema desta edição é "Revisitando Damas de Paus" e o evento ocorre de forma híbrida. Na abertura foi ministrada a palestra "A representação transgênero no audiovisual brasileiro: explorando a consumação de corpos divergentes na cultura visual".
A apresentação foi feita pelo roteirista, produtor e diretor Cristiano Souza, que provocou a plateia a refletir sobre quais foram os primeiros personagens transexuais que viram em uma produção audiovisual nacional. Essa indagação também orientou o documentário Transmídia, produzido e exibido por ele.
"O documentário busca explorar a interseção dessas identidades com a rica história do cinema LGBTQIA+ no Brasil. A narrativa proposta visa aprofundar a compreensão das vivências dessas pessoas, apresentando um panorama que transcende estereótipos e preconceitos. O projeto visa contribuir para uma discussão mais ampla sobre a representatividade no contexto cinematográfico brasileiro", afirmou.
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A falta de representação de pessoas transexuais no audiovisual orientou o trabalho do diretor Cristiano Souza
Representação
Cristiano também apresentou um pequeno trecho do documentário Hunting Season (Temporada de Caça), de Rita Moreira, para contextualizar a realidade de caça às pessoas LGBTQIA+ nos anos 1980. O produtor enfatizou que, no audiovisual, transexuais eram representados como "nocivos", pois deveria alertar sobre o caráter "insalubre" dessa existência. Além disso, até hoje não existe no cinema brasileiro uma diretora ou diretor trans.
O roteirista esclareceu que, atualmente, apesar de as representações existirem, são muitas vezes trazidas ainda de maneira negativa. Um grande desafio a ser superado, segundo ele, é a atuação de fundamentalistas religiosos que utilizam a imagem do orgulho, da transexualidade e da comunidade LGBTQIA+ como discurso de ódio.
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Abertura do evento foi realizada no miniauditório da Escola de Música e Artes Cênicas, no Câmpus Samambaia
Crueldade
Para embasar seus argumentos, Cristiano trouxe dados de pesquisas realizadas pela Universidade Federal do Sergipe (UFS) que mostram a crueldade contra pessoas LGBTQI+, sobretudo em relação à alta taxa de mortalidade.
No documentário Transmídia, exibido ao fim da palestra, é perceptível a necessidade da inclusão das pessoas trans e a contratação delas em todos os meios, inclusive no audiovisual, pelo seu papel na resistência contra o conservadorismo e na produção de conteúdos que desafiem os padrões, construindo uma sociedade mais inclusiva.
O documentário possui aproximadamente 24 minutos de duração e conta com a participação de diversas pessoas trans, entrevistadas acerca do papel da comunidade na indústria audiovisual nacional. A estreia oficial ocorrerá em Goiânia no Multicine do Shopping Cidade Jardim, no próximo sábado (27/1).
Fonte: Secom UFG
Categorias: Representatividade Humanidades Fic fav