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Universidade Federal de Goiás
Parceria Finlândia

UFG participa de estudos em resistência antimicrobiana com universidade da Finlândia

Em 10/07/24 12:49. Atualizada em 11/07/24 08:34.

Intercâmbio de professores e estudantes visa encontrar soluções para uma das ameaças globais à saúde pública

 

Parceria Finlândia

Estudantes da UFG na Universidade de Helsinque: Cecília Mendonça (ICB), Vivian Alves (Iptsp) e Marcos Oliveira (PPGCS) (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Marina Sousa

A Universidade Federal de Goiás (UFG) e a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) estabeleceram uma parceria com o governo da Finlândia por meio do programa Team Knowledge Finland (TKF), da Universidade de Helsinque (UH), financiado pela Agência Nacional Finlandesa para a Educação (Edufi).

A colaboração é fruto do trabalho da professora Lilian Carneiro, do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (Iptsp/UFG), que, em 2023, realizou uma licença de capacitação na área de microbiologia na universidade finlandesa, em parceria com as pesquisadoras Päivi Tammela e Cristina Durante Cruz, da Faculdade de Farmácia da UH.

Durante esse período, a professora desenvolveu o projeto Combating Antimicrobial Resistance: Finland-Brazil Partnership for Education and Awareness – CARE-FIBRA (Combate à Resistência Antimicrobiana: Parceria Finlândia-Brasil para Educação e Conscientização), em colaboração com o pesquisador Jonas Byk, da Ufam, fortalecendo a cooperação entre as instituições.

A docente explica que o projeto de pesquisa foi aprovado pelo edital do TKF, que propõe estudar a resistência antimicrobiana (RAM), uma ameaça global que requer uma abordagem colaborativa para evitar sua propagação e o desenvolvimento de novos mecanismos de resistência.

A pesquisadora relata que o CARE-FIBRA é uma iniciativa educacional conjunta entre a Europa e a América Latina com o objetivo de disseminar conhecimento por meio de ações de conscientização sobre o uso e o descarte adequado de antimicrobianos, adotando uma abordagem multidisciplinar tanto no Brasil quanto na Finlândia.

 

Leia também: Evento internacional reúne pesquisadores em genética e biologia molecular de fungos

 

Parceria Finlândia

Professora Lilian Carneiro (LBmic/Iptsp) realizou sua licença capacitação na Universidade de Helsinque, na área de microbiologia (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Mobilidade

As atividades do projeto também incluem a mobilidade de pesquisadores, pós-graduandos e graduandos para a Universidade de Helsinque, onde os participantes têm a oportunidade de estudar conteúdos de biossegurança relacionados à prescrição, uso e descarte de medicamentos, além de analisar a situação geral da RAM.

A colaboração prevê também a vinda de pesquisadores e estudantes da UH ao Brasil para ministrar palestras na UFG e na Ufam, bem como visitar comunidades emergenciais em Goiás, como o Quilombo de Aparecida de Goiânia, e uma comunidade indígena em Manaus, ambas incluídas no projeto.

"No mês de setembro vou receber um estudante australiano da UH que permanecerá aqui por três meses sob minha coordenação, desenvolvendo parte do seu mestrado. Iremos coletar amostras de água do Rio Meia Ponte [em Goiânia] e identificar, por meio da tecnologia molecular metagenômica, a Escherichia coli, bem como caracterizar sua resistência a antimicrobianos. Ao voltar para a Finlândia, ele vai continuar os experimentos por mais dois meses, para depois proceder a defesa de sua dissertação", explica a professora Lilian Carneiro.

Os territórios também foram escolhidos para sediar treinamentos sobre o uso correto e o descarte adequado de antimicrobianos. "Os brasileiros têm uma 'cultura regional' de descartar medicamentos no lixo comum e na água, como esgoto e leitos de rios. Embora essa prática contrarie as leis de proteção ambiental existentes, a falta de compreensão e de instruções adequadas impede mudanças comportamentais", acrescenta.

Lilian ressalta que, para resolver o problema da RAM no Brasil, é essencial adotar uma abordagem multifacetada que inclua a melhoria das práticas de prevenção e controle de infecções, a redução do uso excessivo e indevido de antibióticos e a promoção da pesquisa e inovação no setor. Portanto, a parceria entre pesquisadores brasileiros e finlandeses consolidará uma linha de trabalho inédita entre os dois países, focada na educação sobre antimicrobianos e RAM.

 

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Parceria Finlândia

Päivi Tammela (à esq.), da Universidade de Helsinque, e as pesquisadoras Polina Ilina, Vivian Alves e Cristina Durante (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Enquanto isso, na Finlândia

Atualmente, três estudantes da UFG estão em mobilidade na Universidade de Helsinque. São eles: Marcos Oliveira Cunha, mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (PPGCS); Cecília Mendonça Garcia, do curso de Ciências Biológicas; e Vivian Alves, do curso de Biotecnologia. Todos são orientados pela professora Lilian Carneiro, que também coordena o Laboratório de Biotecnologia de Microorganismo (LBmic/Iptsp).

Vivian conta que o retorno da professora Lilian Carneiro, após o período de capacitação na Finlândia, foi um divisor de águas. "Quando ela passou alguns meses na Finlândia, eu ingressei em seu laboratório [LBmic], e quando ela voltou com o projeto em mãos, o CARE-FIBRA, agarrei a oportunidade de participar", relata.

Vivian e Marcos integram o grupo da professora Päivi Tammela, da Faculdade de Farmácia, vinculada à Divisão de Biociências Farmacêuticas, cuja pesquisa se concentra na descoberta de medicamentos antimicrobianos, abrangendo desde a validação inicial de alvos até estudos detalhados de caracterização de novas substâncias antimicrobianas.

Päivi é chefe da Unidade de Biomedicina de Alto Rendimento do Instituto de Medicina Molecular da Finlândia e trabalha em conjunto com a pesquisadora microbiologista brasileira Cristina Durante Cruz. "Estar perto da professora Päivi, que tem uma grande influência na área científica, e o apoio que a Cristina nos dá diariamente é realmente inspirador. É graças a elas que minha vida profissional certamente jamais será a mesma", relata a estudante.

Quando perguntada sobre sua colaboração científica, a estudante, que está no oitavo período do curso de Biotecnologia, explicou que está trabalhando no Bioactivity Screening Group (BAS), liderado por Päivi, em colaboração direta com a pesquisadora Polina Ilina.

"Junto a ela, eu trabalho com Escherichia coli uropatogênica, que é o principal agente causador de infecções do trato urinário em homens e mulheres. Minha tarefa é desenvolver um protocolo de pesquisa para avaliar a adesão das bactérias ao epitélio da bexiga. Em palavras simples, eu cultivo células epiteliais da bexiga humana, infecto-as com bactérias e depois uso microscopia de fluorescência para avaliar quantas bactérias se aderem às células epiteliais. Quando estiver pronto, esse método será utilizado para descobrir novas moléculas terapêuticas que inibem a virulência bacteriana", relata Vivian.

Adaptação tranquila

A Finlândia é oficialmente bilíngue (finlandês e sueco), mas a maioria das pessoas fala inglês, especialmente na universidade, que é um ambiente internacional, como explica Vivian.

"Em relação ao idioma, a adaptação foi tranquila, sem contar que a Cristina nos dá muito apoio em tudo de que precisamos. A maior dificuldade tem sido a saudade de casa, da família, da namorada e dos amigos. No entanto, estar envolvida em um projeto tão interessante e receber apoio constante das minhas orientadoras tem sido reconfortante e motivador".

Sua permanência é facilitada pelo projeto, que inclui uma bolsa de estudos da Universidade de Helsinque que cobre despesas com alimentação, moradia e transporte, permitindo que a estudante se dedique integralmente às pesquisas e aproveite ao máximo a experiência.

"Empolgada é pouco para descrever esse turbilhão de sentimentos! Minha dica para quem quer seguir um caminho parecido é: esteja sempre aberto a novas oportunidades e não tenha medo de sair da sua zona de conforto. Não espere atingir o nível ideal para conquistar coisas grandes, apenas tente. Aproveite todas as oportunidades de crescimento que surgirem, sem pensar duas vezes".

A professora Lilian Carneiro conclui dizendo que, em 2025, a Ufam também enviará estudantes para participar da mobilidade. Ela e o professor Jonas Byk irão palestrar na UH nesse mesmo período.

"Além de estabelecermos contatos com demais pesquisadores e abrir mais portas para continuarmos com a mobilidade de pesquisadores e estudantes, todos os resultados obtidos pelos estudantes serão publicados em conjunto entre os pesquisadores brasileiros e finlandeses", conta.

Fonte: Iptsp

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