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Universidade Federal de Goiás
Lagos

Pesquisa avalia conservação de lagos em Goiânia

Em 16/08/24 13:24. Atualizada em 19/08/24 10:48.

Estudos envolvem análise da biodiversidade, registro e distribuição de espécies, e qualidade da água

Da Redação, com informações da Fapeg

Quatorze lagos situados em parques urbanos de diversos setores de Goiânia e suas áreas próximas estão sendo estudados por pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG). Eles pretendem gerar conhecimento científico sobre a integridade ambiental dos lagos urbanos e suas áreas adjacentes por meio da análise da biodiversidade, do registro e da distribuição das espécies, e de suas associações com a qualidade da água e com o nível de urbanização.

Com as descobertas obtidas será composto um banco de dados capaz de subsidiar o gerenciamento, manejo e conservação dos lagos e adjacências feitos por gestores ambientais. As amostragens estão sendo realizadas em diferentes períodos hidrológicos, que são marcantes e influenciam diretamente a dinâmica dos ecossistemas e de sua biodiversidade.

A pesquisa está sendo conduzida pela professora Jascieli Bortolini, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFG e uma equipe de professores e estudantes graduandos e pós-graduandos.

"Pretendemos identificar as espécies e estudar a distribuição de diferentes tipos de organismos, como microalgas, pequenos animais aquáticos e plantas, nos lagos e nas suas áreas adjacentes. Vamos relacionar esses dados com o nível de urbanização e com a qualidade da água de cada lago. Com essas informações, criaremos um banco de dados capaz de fornecer aos gestores públicos ambientais ferramentas para a tomada de decisões sobre o gerenciamento, manejo e conservação dos lagos e áreas adjacentes".

A pesquisadora destaca que, com informações precisas e atualizadas, as decisões poderão ser tomadas com base em evidências científicas sólidas, promovendo práticas de conservação mais eficazes e sustentáveis.

Estão sendo avaliados os lagos e a vegetação adjacente nos seguintes locais: Parque Leolídio di Ramos Caiado, Parque Liberdade, Parque Beija Flor, Parque Balneário, Parque Cascavel, Parque Vaca Brava, Parque Areião, Parque Jardim Botânico, Parque Flamboyant, Parque Fonte Nova, Lago das Rosas, Bosque dos Buritis, Parque Nova Esperança e Parque João Carlos Fernandes de Oliveira.

 

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Lagos

14 lagos de parques urbanos de diversos setores de Goiânia e suas áreas próximas estão sendo estudados pelos pesquisadores (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Apoio da Fapeg

O projeto de pesquisa, intitulado "Integridade ambiental em lagos urbanos e em áreas adjacentes: a biodiversidade como ferramenta de avaliação" recebe fomento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) e foi contemplado pelo edital 03/2022 – Programa de Auxílio à Pesquisa Científica e Tecnológica.

"O auxílio financeiro fornecido pela Fapeg garante que possamos conduzir pesquisas de campo, adquirir equipamentos e materiais necessários para análises, assegurando que todas as partes do estudo sejam cobertas com a devida atenção aos detalhes e qualidade científica", declara a pesquisadora.

Ela ressalta ainda a formação de recursos humanos que a chamada proporciona. "Através do edital, abrimos oportunidades de formação e desenvolvimento para estudantes de graduação e pós-graduação, fortalecendo a capacidade de pesquisa na área de botânica e limnologia no estado de Goiás. Este investimento em recursos humanos é vital para garantir a continuidade e avanço da pesquisa científica no futuro e renderá muitos frutos para a sociedade".

Para a professora, o apoio representa a oportunidade de realizar um trabalho de alta relevância e impacto, contribuindo significativamente para a conservação da biodiversidade dos lagos e parques urbanos da capital de Goiás.

"A chamada pública é mais do que um simples financiamento; é um catalisador para mudanças positivas e duradouras na forma como conduzimos e aplicamos a pesquisa científica. Estamos imensamente gratos por essa oportunidade e comprometidos em utilizar os recursos de forma responsável e eficiente para alcançar nossos objetivos de pesquisa e conservação", afirma.

 

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Lagos

Pesquisadores coletam amostras em área adjacente a um lago; resultados preliminares apontam para grande biodiversidade (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Conscientização

Segundo a pesquisadora, além dos benefícios diretos à pesquisa, o projeto poderá expandir as atividades de conscientização pública, por meio de programas educativos que sensibilizem a população sobre a importância da conservação dos ecossistemas urbanos e sua biodiversidade.

"Esse componente é essencial para promover uma cultura de sustentabilidade e responsabilidade ambiental entre os cidadãos, considerando que parques e lagos são importantes provedores de benefícios ambientais, sociais e culturais para a população".

De grande importância para a qualidade de vida da população, os lagos urbanos, fonte de água doce, podem prover serviços ecossistêmicos como pesca ecológica, irrigação de espaços verdes, regulação do microclima, qualidade do ar, retenção de poluentes, regulação do ruído, drenagem de águas pluviais, manutenção do ciclo de vida de vários organismos, paisagismo, ecoturismo, recreação, apoio à ciência e à cultura e uma infinidade de outros serviços.

No entanto, a professora explica que os lagos urbanos estão entre os ecossistemas mais vulneráveis à urbanização e às ações do homem, pois são ambientes isolados, pequenos e pouco protegidos por programas de monitoramento, e acabam passando por processos de degradação.

 

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Lagos

Equipe de pesquisadores da UFG envolvidos no projeto, que começou há um ano e deve ser finalizado em maio de 2025 (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Resultados

O projeto foi iniciado em maio de 2023 e será concluído em maio de 2025. Segundo Jascieli, os trabalhos de coleta devem ser finalizados no fim deste ano. Os materiais coletados estão sendo analisados no Laboratório de Ecologia, Taxonomia e Cultivo de Algas, Laboratório de Ecologia Aquática, Laboratório de Anatomia Vegetal, Laboratório de Fisiologia Vegetal e Laboratório de Taxonomia de Espermatófitas.

"Até agora nós obtivemos resultados como a avaliação de parâmetros da qualidade da água dos lagos, análise de amostras de microalgas e do zooplâncton [pequenos animais], o levantamento da flora aquática de alguns lagos, identificação de galhas [estruturas formadas pelo ataque de insetos parasitas] associadas à flora e a relação de algumas plantas com o armazenamento de carboidratos em função da qualidade da água dos lagos", descreve a professora.

Esses resultados são fundamentais para associar a integridade ambiental dos lagos urbanos com a biodiversidade presente. "Os dados iniciais já começaram a ser divulgados em congressos especializados das áreas de Limnologia e Botânica, despertando o interesse da comunidade científica nacional", aponta.

Grande biodiversidade

Os resultados obtidos até agora revelam que os lagos urbanos de Goiânia e suas áreas adjacentes são verdadeiros redutos de biodiversidade. "Identificamos mais de 200 espécies de microalgas, mais de 70 espécies de pequenos animais aquáticos e cerca de 41 espécies de plantas aquáticas. Encontramos uma grande diversidade de morfotipos de galhas; algo ao redor de 90 amostras que ainda não estão totalmente identificadas. Acreditamos que esses números irão aumentar até a finalização do projeto", explica a pesquisadora.

Sobre a qualidade da água desses lagos, ela destaca que varia significativamente, desde águas mais limpas até águas mais poluídas, refletindo, muito provavelmente, o nível de urbanização das áreas circundantes aos parques onde estão os lagos.

"Esses dados destacam a importância da preservação desses ecossistemas e de sua biodiversidade para a garantia do provimento dos benefícios que esses ambientes trazem para a população que frequentam os parques".

Fonte: Fapeg

Categorias: Meio ambiente Ciências Naturais ICB