Especialistas reavaliam status de conservação de quelônios continentais do Brasil
Pesquisadores da UFG apresentaram estudos sobre impactos de hidrelétricas em duas espécies de cágados
Equipe de avaliadores foi composta por pesquisadores e consultores de diversas instituições nacionais e internacionais (Foto: Arquivo Pessoal)
Da Redação, com informações de André Regolin
Perda, fragmentação e degradação de habitat, mudanças climáticas, poluição e sobre-exploração estão entre as principais ameaças às 34 espécies de cágados, tartarugas e jabutis continentais nativos do Brasil. A conservação dos quelônios é importante, pois eles desempenham papéis ecológicos essenciais para o funcionamento dos ecossistemas: são biorrevolvedores de solos, dispersores e promotores de germinação de sementes, cicladores de nutrientes, bem como predadores e presas para outras espécies.
Para identificar os principais vetores de ameaça e estimar a chance de desaparecimento das espécies na natureza, a equipe de avaliadores aplicou o consagrado método da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês). O método é padronizado e amplamente adotado mundo afora para permitir a comparação entre espécies e identificação daquelas que são prioritárias para o desenvolvimento de ações de conservação. Para estimar as chances de persistência das espécies na natureza, são avaliadas tendências populacionais e alterações na distribuição geográfica frente a ameaças antrópicas.
De modo geral, os resultados preliminares da avaliação indicam um agravamento na situação dos quelônios brasileiros, corroborando a avaliação global realizada no ano passado. O relatório técnico final contendo os resultados validados por especialistas no método da IUCN será encaminhado para o Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas no início de 2025. As espécies identificadas como ameaçadas de extinção poderão compor a lista vermelha da fauna brasileira, a qual dá embasamento para o desenvolvimento de políticas públicas, das quais destacam-se os Planos de Ação (PANs) e os Planos de Redução de Impactos (PRIMs).
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Professor André Regolin (ICB/UFG) apresentou dados de pesquisas acerca de impactos de hidrelétricas sobre cágados (Foto: Arquivo Pessoal)
Oficina de avaliação
A oficina de avaliação do risco de extinção foi coordenada pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Répteis e Anfíbios (RAN/ICMBio), que é sediado em Goiânia, e ocorreu entre 16 e 20 de setembro no Centro de Formação em Conservação da Biodiversidade (ACADEBio), localizado na Floresta Nacional de Ipanema, em Iperó (SP). A equipe de avaliadores foi composta por 20 pesquisadores e consultores de diversas instituições nacionais e internacionais e contou com a colaboração do professor André Luis Regolin e do pós-doutorando Miquéias Ferrão, ambos do Departamento de Ecologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Federal de Goiás (UFG).
O professor da UFG, em parceria com analistas do RAN/ICMBio, tem investido esforços de pesquisa nos impactos de hidrelétricas sobre o cágado-rajado (Phrynops williamsi) e o cágado-do-paraíba (Ranacephala hogei), focando nas estimativas de perda de habitat e isolamento entre populações. Além de auxiliar o planejamento de ações de conservação das espécies, os modelos preditivos desenvolvidos pela UFG podem fundamentar a análise de viabilidade ambiental de futuros projetos hidrelétricos.
Miquéias Ferrão, juntamente com analistas e demais bolsistas do RAN, preparou o banco de dados utilizado para embasar a avaliação das espécies. Esse banco de dados se traduz em formato de fichas individuas por espécie, reunindo informações sobre classificação taxonômica, distribuição geográfica, história natural, dados populacionais, uso e ameaças inerentes.
Fonte: ICB
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