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Universidade Federal de Goiás
Dieta

Pesquisa reforça benefícios de uma dieta não industrializada

Em 03/02/25 16:19. Atualizada em 03/02/25 16:24.

Professor da UFG participou de estudo que identificou que mudanças alimentares podem favorecer microrganismos benéficos no intestino

 

Dieta

Exemplo de alimentos fornecidos aos participantes do estudo, durante o período da dieta de restauração (Foto: Anissa Armet)

 

EM SÍNTESE:

- Dieta sem ultraprocessados melhora microbiota intestinal, reduz inflamação e melhora colesterol e glicose.

- Houve redução de 16,8% no colesterol LDL, 14,1% no colesterol total e 6,3% na glicose em jejum.

- Pesquisa avaliará efeitos da dieta em pacientes com diabetes tipo 2 em Goiânia.

 

Luiz Felipe Fernandes

Uma pesquisa publicada na revista científica Cell, referência na área de biologia celular, revela que uma dieta baseada em padrões alimentares não industrializados pode trazer benefícios para a saúde metabólica e para a microbiota intestinal.

Conduzido por um grupo de pesquisadores internacionais, do qual fez parte o professor da Faculdade de Nutrição da Universidade Federal de Goiás (Fanut/UFG), João Felipe Mota, o estudo demonstrou que essa alimentação pode reduzir marcadores de inflamação, baixar os níveis de glicose e colesterol, além de estimular o crescimento de bactérias benéficas no intestino.

A pesquisa avaliou um grupo de adultos saudáveis que seguiram uma dieta rica em alimentos naturais, como feijão, batata-doce, arroz, pepino e repolho, excluindo produtos ultraprocessados, trigo e laticínios. O regime alimentar, chamado de restore diet (dieta de restauração), também foi combinado com a administração da bactéria Limosilactobacillus reuteri, uma espécie rara em microbiotas de populações de sociedades industrializadas.

"Nosso objetivo foi testar se uma abordagem dietética poderia restaurar aspectos da microbiota intestinal alterados pela industrialização e, com isso, trazer benefícios à saúde", explicam os pesquisadores no artigo.

Os resultados mostraram que, mesmo reduzindo a diversidade da microbiota, a dieta favoreceu o crescimento de bactérias benéficas e melhorou diversos indicadores metabólicos.

 

Leia também: Pesquisadores criticam isenção fiscal para alimentos ultraprocessados

 

João Mota

Jens Walter (Universidade College Cork, Irlanda) e João Felipe Mota (Fanut/UFG) estão entre os autores do estudo (Foto: Universidade College Cork)

 

Melhora nos indicadores

Os participantes que seguiram a dieta por três semanas apresentaram uma redução de 16,8% no colesterol LDL (considerado "ruim") e de 14,1% no colesterol total. Além disso, a glicose em jejum caiu 6,3% e os níveis de proteína C reativa (PCR), um marcador inflamatório, diminuíram 14%. Segundo os pesquisadores, esses efeitos ocorreram independentemente da administração da bactéria L. reuteri.

"A dieta modificou a composição da microbiota intestinal de forma positiva, estimulando a presença de bactérias associadas a efeitos anti-inflamatórios e à melhora da digestão de fibras", afirma o estudo. Também foi observado um aumento na produção de ácidos graxos de cadeia curta, que desempenham um papel fundamental na regulação do metabolismo e da inflamação.

Apesar dos resultados, os cientistas alertam que os efeitos foram individuais e podem variar conforme a composição inicial da microbiota de cada pessoa. "Isso sugere que intervenções alimentares podem ser mais eficazes quando adaptadas a perfis metabólicos e microbiológicos individuais", conclui o estudo.

Estudo em Goiânia

O grupo de pesquisa liderado pelo professor João Mota realizará um novo estudo em Goiânia para avaliar os efeitos da restore diet em pacientes com diabetes tipo 2. "Estamos trazendo para Goiânia essa intervenção inovadora, que será estudada em um grupo com alto risco de doenças cardiovasculares, as principais causas de mortalidade no mundo. A UFG será pioneira nessa abordagem, ampliando o conhecimento sobre estratégias nutricionais para a saúde metabólica", explica o professor.

Financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Fundação de Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), o estudo fornecerá a dieta aos participantes e realizará um acompanhamento rigoroso, incluindo monitoramento da glicemia e diversas avaliações de saúde gratuitas. Interessados em participar podem obter mais informações e se cadastrar pelo e-mail restoredm.brasil@gmail.com.

 

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Fonte: Secom UFG

Categorias: Nutrição Ciências Naturais Fanut Destaque Notícia 3