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Universidade Federal de Goiás
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Sete em cada dez praias brasileiras estão contaminadas por microplásticos

Em 02/12/25 14:21. Atualizada em 02/12/25 14:31.

Estudo realizado no âmbito do projeto MICROMar detalha poluição por partículas plásticas ao longo de toda a costa brasileira

 

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Pesquisadores percorreram mais de 7,5 mil quilômetros de orla de todos os estados costeiros do Brasil | Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

 

Gustavo de Souza

Sete em cada dez praias brasileiras apresentam contaminação por microplásticos, e algumas regiões litorâneas já apresentam risco ecológico de moderado a alto devido à presença dessas partículas. A conclusão está em um artigo científico derivado do Projeto MICROMar, publicado recentemente na revista científica Environmental Research.

O estudo apresenta um diagnóstico detalhado sobre a poluição por essas partículas ao longo de toda a costa brasileira e faz parte da tese de doutorado de Thiarlen Marinho da Luz, do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Biotecnologia (PPGBB) da Rede Centro-Oeste de Pós-Graduação, Pesquisa e Inovação, da qual a Universidade Federal de Goiás (UFG) faz parte.

O estudo é resultado de um levantamento em larga escala que investigou a presença e distribuição de microplásticos em mais de mil praias, 213 municípios e em todos os 17 estados costeiros do Brasil, num total de mais de 7,5 mil quilômetros de orla percorridos. O objetivo do projeto foi preencher uma lacuna de dados sobre o tema, realizando o levantamento padronizado mais extenso já feito no Brasil e no Sul Global.

A pesquisa buscou identificar, quantificar e caracterizar os microplásticos, estabelecer uma linha de base estatística nacional para as concentrações e investigar os fatores ambientais e humanos que influenciam sua distribuição.

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Thiarlen Marinho pesquisou o tema em seu doutorado | Foto: Arquivo Pessoal

De acordo com Thiarlen, o artigo apresenta resultados inéditos de uma das análises mais abrangentes já feitas sobre o tema no país. "Identificamos que os microplásticos estão amplamente presentes nas zonas costeiras brasileiras, inclusive em áreas consideradas menos impactadas pela atividade humana", afirma.

Entre os principais achados, o estudo aponta que a maioria dos fragmentos é composta por polímeros de uso cotidiano, como polietileno, polipropileno e poliestireno expandido. No total, foram identificados mais de 20 tipos de polímeros diferentes, que, segundo a pesquisa, atuam como potenciais vetores de contaminantes químicos nos ecossistemas.

A análise revelou que as maiores concentrações médias de microplásticos foram registradas nos estados do Paraná, Sergipe, São Paulo e Pernambuco. Em nível municipal, as concentrações mais elevadas foram encontradas em Pontal do Paraná (PR), Recife (PE), Praia Grande (SP) e Aracaju (SE). Entre as 1.024 praias analisadas, as que apresentaram maior contaminação foram a Praia de Barrancos (PR), a Orla de Olinda (PE) e a Praia da Guilhermina (SP).

Considerada um problema global, a poluição por microplásticos representa uma ameaça direta aos ecossistemas aquáticos. Definidos como partículas menores que cinco milímetros, esses fragmentos passam facilmente pelos sistemas de filtração de água e acabam por contaminar rios e oceanos. Nesses ambientes, eles representam um risco à vida aquática e, potencialmente, à saúde humana. O estudo da UFG reforça esse perigo ao detalhar que os polímeros identificados atuam como potenciais vetores de contaminantes químicos, o que agrava o impacto ecológico.

 

Leia também: Microplásticos podem facilitar transporte de contaminantes na água

 

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Guilherme Malafaia, coordenador do Projeto MICROMar, em coleta em uma praia de Angra dos Reis (RJ) | Foto: Divulgação/Projeto MICROMar

 

Metodologia

Um diferencial do estudo foi a abordagem integrada. Além de quantificar as partículas, foram combinados dados morfossedimentares (largura da praia, tipo de orla, granulometria da areia), pressões antrópicas (influência urbana) e métricas de proximidade a possíveis fontes (rios, canais de esgoto, rodovias, portos, terminais de petróleo, estacionamentos, espigões, resorts/condomínios e estruturas esportivas/turísticas).

"Integrando isso à caracterização polimérica e aos índices PLI [Índice de Carga de Poluição], PHI [Índice de Risco Polimérico] e PERI [Índice de Risco Ecológico Potencial], conseguimos distinguir efeitos locais e regionais, mapear hotspots e explicar mecanismos de retenção e dispersão de microplásticos em praias tropicais", explica o professor do Instituto Federal Goiano (IF Goiano) Guilherme Malafaia, coordenador do projeto MICROMar.

O estudo aplicou um modelo de avaliação de risco ecológico, que considerou tanto a composição química das partículas quanto o número de fragmentos encontrados em cada ponto de coleta. Os resultados demonstram que o problema dos microplásticos no Brasil é uma realidade consolidada e reforçam a necessidade de desenvolver estratégias de monitoramento e mitigação adaptadas às particularidades ambientais e socioeconômicas de cada área litorânea.

Acesse aqui o artigo completo Microplastic pollution across the Brazilian coastline: Evidence from the MICROMar project, the largest coastal survey in the Global South.

 

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Fonte: Secom UFG

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