Agro Centro-Oeste Familiar 2013 amplia seu alcance regional
Publicação da Assessoria de Comunicação da Universidade Federal de Goiás
ANO VII – Nº 59 – JUNHO – 2013
Agricultura Familiar amplia seu alcance
Evento promoveu a agricultura familiar, deu visibilidade aos agricultores e permitiu que a sociedade conhecesse os produtos e serviços direto dos produtores
Texto: Felipe Homsi e Layane Palhares| Fotos: Carlos Siqueira
A Feira Agro Centro-Oeste Familiar 2013, promovida de 12 a 15 de junho no Câmpus Samambaia da UFG, teve como foco os movimentos sociais e a necessidade de políticas públicas para o campo. Os agricultores tiveram um espaço para expor sua produção e a sociedade pode conhecer de onde vem o alimento que abastece a mesa dos brasileiros, já que 70% do que consumimos é proveniente da Agricultura Familiar (AF). “O público que mora na grande cidade, principalmente os mais jovens, já nem sabem mais de onde vem o alimento que eles consomem. Então a gente conseguiu trazer pra feira e dar visibilidade a isso, a quem produz o nosso alimento”, afirmou o professor da Escola de Agronomia da UFG Gabriel Medina, coordenador geral do evento.
Segundo Gabriel Medina, a Agro Centro-Oeste Familiar deste ano teve um caráter regional. “Porque tinha as feiras municipais, mas não tinha uma feira regional”, explicou. A organização do evento disponibilizou 32 estandes para expositores de Goiás, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Semente da Tradição
A Feira Agro Centro-Oeste Familiar também resgatou tradições e conhecimentos tradicionais. Atividades como a Troca de Sementes chamaram a atenção de quem passava pela Feira. “Essa troca de sementes vem resgatar essas espécies e o conhecimento tradicional de cultivo”, afirmou a supervisora local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) em Mineiros, Márcia Maria de Paula.
No dia 13 de junho, agricultores e visitantes que colecionam sementes puderam trocar suas espécies com as de outros participantes do evento. Este intercâmbio representou a essência da Feira, que é a de promover a manutenção do saber proveniente do campo e a troca de experiências, valorizando a Agricultura Familiar. “Isso é grandioso e a semente foi plantada, está sendo plantada e com certeza eu falo que quem colhe planta”, declarou Márcia Maria de Paula, que também é coordenadora do Núcleo de Agroecologia de Mineiros.
Semente plantada na sociedade
A Agro Centro-Oeste Familiar 2013 foi um importante espaço de comercialização de produtos artesanais. A Caravana de Araguari , do estado de Minas Gerais, se destacou no evento, comercializando cachaça, produtos feitos com chifre de boi, mel, calçados produzidos com couro de peixe e artesanatos feitos com material reciclado.
Entre os expositores que marcaram o evento está o assentado da Reforma Agrária e presidente do Conselho Municipal do Desenvolvimento Rural Sustentável de Araguari, Paulo da Costa Melchiades. Bem humorado, ele ficou conhecido por ter vendido cachaça ao ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, no primeiro dia do evento.
Paulo da Costa afirmou que a Agro Centro-Oeste Familiar 2013 “está representando uma luz no fundo do túnel para os agricultores familiares de Araguari. Acredito que aquela semente plantada, que morre, renasce, brota e dá fruto no seu tempo certo, a colheita vem farta”.
O aposentado João Anísio Pereira de Oliveira compareceu à feira para assistir a uma apresentação de sua neta durante a programação cultural do evento. Ele aproveitou a oportunidade para conhecer mais sobre a Agricultura Familiar. “Eu achei tudo interessante. São muito bons os produtos”, afirmou. “Não tenho muito conhecimento da Agricultura Familiar”, afirmou João Anísio. Segundo ele, o evento é uma forma da sociedade saber mais sobre o tema. “Aí a gente vai procurar saber, se integrar mais, se informar mais, então, é um incentivo muito grande”, enfatizou.
Comunidade Kalunga expõe sua produção
O Projeto Girau de Saberes, Uma Ação Artística em Comunidade, que une conhecimentos eruditos aos populares congregando pessoas de comunidades quilombolas do território Kalunga do norte de Goiás, estudantes e professores da UFG, participou da Agro Centro-Oeste Familiar 2013. Foram expostos artesanatos como cerâmicas, tecelagem com fibras e sementes e bordados confeccionadas com matéria prima local e desenvolvidos com a utilização de uma tipologia realizada a partir de estudos de plantas medicinais da região. As peças expostas foram produzidas durante as oficinas do projeto.
Conhecimentos ancestrais sobre plantas medicinais foram um dos mais procurados
Durante o evento, foi realizado o Girau Roda de Prosa, um encontro com Mestres Raizeiros Kalungas, professores do projeto e convidados. Um momento especial no qual o público presente interagiu com todos da roda, compartilhando experiências, conhecimentos ancestrais e a riqueza da cultura popular, além de tirar dúvidas sobre plantas medicinais. De acordo com a coordenadora do Girau dos Saberes, Maria Tereza Gomes, a participação do projeto na Agro Centro-Oeste fecha um círculo que vai desde a retirada da matéria prima incentivando a conservação, o processamento dessa matéria-prima com um padrão de qualidade, reforçando os valores tradicionais, à inserção desses produtos no mercado para comercialização.
Diversas unidades da UFG estão envolvidas no projeto Girau de Saberes, entre elas o Instituto de Ciências Biológicas (ICB) e os cursos de Agronomia e Farmácia, o que torna a iniciativa multidisciplinar. Participam do projeto os professores Sérgio Soares (coordenador geral), Heleno Dias do ICB, José Realino da Farmácia, Wagner Bandeira da Faculdade Artes Visuais e João Monh da Escola de Agronomia.
O projeto criado em 2009, tem parceria com a Secretaria do Estado de Políticas para Mulheres e Promoção da Igualdade Racial (Semira), Prefeitura Municipal de Cavalcanti, com a Associação Quilombo Kalunga e com a ONG Girau Espaço de Criação e tem ainda o apoio da Pró-reitoria de Extensão e Cultura (Proec) da UFG. Recebe ainda recursos do Ministério da Educação por meio do edital de 2013, do Programa de Extensão Universitária (Proext) e da Caixa Econômica Federal por meio do programa de Apoio ao Artesanato Brasileiro.
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