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Universidade Federal de Goiás
Teatro

Seminário de Teatro, Direção de Arte e Educação promove diversidade cultural

Em 09/08/24 17:04. Atualizada em 13/08/24 14:07.

Escola de Música e Artes Cênicas foi palco para debate de professores e estudantes e apresentações artísticas

 

Teatro

Performance de estudantes do curso de Licenciatura em Teatro da UFG (Foto: Evelyn Parreira)

 

Eduardo Bandeira

Na concepção do historiador francês Georges Duby, a arte funciona como ferramenta de expressão da sociedade no conjunto de crenças e ideias que faz de si e do mundo. Foi alinhanda a essa perspectiva que a Escola de Música e Artes Cênicas (Emac) da Universidade Federal de Goiás (UFG) realizou o 13º Seminário de Teatro, Direção de Arte e Educação, entre 5 e 9 de agosto.

Tendo como pano de fundo o contexto da recente greve dos técnicos administrativos, estudantes e professores da UFG, a edição de 2024 do seminário utilizou os debates políticos, econômicos e sociais nas práticas pedagógicas de ensino, pesquisa e extensão para, a partir disso, propor um movimento em defesa da universidade pública e, consequentemente, das ensinanças artísticas, poéticas e políticas dos cursos de Teatro e Direção de Arte.

 

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Teatro

Apresentações teatrais encenadas pelos estudantes contaram com grande produção cenográfica, figurinos e trilha sonora (Foto: Eduardo Bandeira)

 

De estudantes para estudantes

O evento contou com oficinas, seminários, minicursos e defesas de Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC), nos quais estudantes, professores e convidados puderam trocar experiências nas áreas do teatro, direção de arte e educação ao longo do semestre e da graduação como um todo.

A abertura do evento foi realizada no teatro Lacena, na Emac, com o título "Políticas e Poéticas: ensinagens cênicas em movimento". O momento contou com grande público, que teve a oportunidade de prestigiar performances teatrais e rodas de conversa de alunos que compartilharam suas experiências nas práticas de estágio.

As apresentações teatrais encenadas pelos estudantes do curso de Licenciatura em Teatro da UFG contaram com elementos de cenografia, figurinos e trilha sonora, que ajudaram a contextualizar a história encenada.

O grupo responsável pela primeira apresentação era formado por cinco atores: Dani Ang, Cláudio Ribeiro, Ana Nunes, Deni Reis e Pedro Cruz. Além disso, dois diretores estavam à frente do projeto: Saulo Dallago e Lua Ferreira.

Estudante de Licenciatura em Teatro e ator na performance, Pedro Cruz contou que o resultado da apresentação de abertura foi fruto de um trabalho desenvolvido no âmbito de um projeto de extensão sob orientação do professor Saulo Dallago.

A peça explora, de maneira cômica, as possíveis causas da morte do revolucionário russo Leon Trótski, apresentada do ponto de vista de um dia após seu falecimento. Por meio de movimentos espelhados e referências ao contexto atual, a produção busca refletir sobre a história com um toque de humor e crítica. Pedro enfatizou que colocar em prática o conhecimento adquirido nas aulas teóricas e práticas é sempre valioso.

De acordo com o estudante, o momento de paralisação das atividades contribuiu para que a preparação fosse um período bastante desafiador para todos. Durante o estágio, houve muitas dificuldades em manter o contato necessário para discutir a construção da performance. Embora a opção on-line estivesse disponível, a sensação de colaboração não era a mesma de quando estavam presencialmente em sala.

Em relação à importância do seminário para a promoção da disseminação de temas sobre arte, direção de arte e educação no ambiente universitário, o estudante destacou que é realmente muito positivo, pois representa uma excelente maneira de promover os eventos que a Emac oferece para toda a UFG.

O maior desafio foi o prazo estipulado para a montagem da performance. Normalmente, uma produção desse tipo levaria meses para ser concluída, mas devido à paralisação que afetou o cronograma, houve necessidade de acelerar o processo. O curto período de tempo disponível até o dia da apresentação exigiu uma abordagem intensiva para garantir que tudo estivesse pronto a tempo, de acordo com Pedro.

 

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Teatro

Professora Maria Ângela Machado, coordenadora do evento, e diretor da Emac, Eduardo Meirinhos, na abertura do evento (Foto: Eduardo Bandeira)

 

Mobilização

Em seguida, os integrantes do Teatro Ludos, compartilharam os principais desafios enfrentados na montagem de suas cenas, detalhando o papel e a contribuição de cada um no processo. Eles também descreveram o resultado final, destacando as diferenças nas composições das apresentações após o período de adaptação e refinamento de suas peças.

A coordenadora do seminário e professora da Emac, Maria Ângela Machado, destacou que, em 2024, a paralisação foi um diferencial nas práticas pedagógicas do teatro, com a tentativa de mobilizar os estudantes para desenvolver práticas artísticas voltadas para a mobilização.

Segundo a professora, eles entenderam o momento como um potencial pedagógico do curso, considerando as necessidades imediatas que estavam vivendo. O seminário abordou como essas práticas aconteceram a partir das mobilizações, projetos de pesquisa e extensão.

Em relação ao reflexo do momento para os estudantes, Maria Ângela destacou que este momento é fundamental para os estudantes que realizaram estágio, pois é a fase em que são mais demandados, além das defesas de TCC e pesquisas em andamento, que sempre foram características do seminário.

Para os estudantes que estão começando, é uma oportunidade de conhecer o estágio; para os que estão no meio do curso, de entender o que é uma pesquisa. Assim, os estudantes participam ativamente, fazendo deste seminário algo criado pelos alunos e para os alunos, refletindo as vivências da comunidade acadêmica.

A professora destacou ainda que o seminário, por ser aberto ao público, promoveu a visita de familiares e amigos dos estudantes, fortalecendo a integração. Ela ressaltou o protagonismo estudantil, incluindo a participação de doutorandos, como algo interessante, apesar das dificuldades, enfatizando que o evento se tornou um espaço de partilha.

 

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Palhaça Malagueta

Pesquisadora Fernanda Pimenta, a palhaça Malagueta, apresentou os resultados de sua pesquisa sobre feminismo nas artes da cena (Foto: Evelyn Parreira)

 

Palhaçarias subversivas

Um dos destaques do cronograma do evento foi a roda de conversa promovida pela atriz Fernanda Pimenta. A proponente apresentou os resultados de sua pesquisa de doutorado, realizada na Universidade de Brasília (UnB). Além de dar vida à palhaça Malagueta, Fernanda é pesquisadora, produtora, diretora e dramaturga. Ela iniciou sua carreira teatral em 2003 e se tornou mestre em Artes da Cena pela Unicamp.

Na roda de conversa, que aconteceu no dia 8 de agosto, Fernanda apresentou os resultados de sua pesquisa sobre estudos feministas aplicados às artes da cena. Seu foco foi a palhaçaria feita por mulheres, com uma análise histórica das palhaças que iniciaram o movimento no Brasil, além dos grupos de mulheres palhaças que continuam em cena.

Fernanda também abordou a palhaçaria praticada por corpos dissidentes, trazendo como exemplo o "Circo de Só Leides Nem Só Leides", que tem integrantes transexuais em sua composição.

A atriz destacou as dificuldades enfrentadas pelas mulheres no campo da palhaçaria, especialmente devido aos estereótipos relacionados à atitude e etiqueta esperadas de corpos femininos e queer. Ela também compartilhou como a performance como Malagueta a auxilia a superar inseguranças e a quebrar barreiras psicológicas.

Ela ainda realizou uma performance artística, encenando duas canções que, com seu caráter cômico e transgressor, levaram o público às gargalhadas. Desenvolvido em Goiânia e em Brasília, com o apoio da UFG e da UnB, o projeto "SUBVERSIVAS – Uma pesquisa sobre palhaçarias feministas" teve início em abril e continuará até outubro de 2024.

Fonte: Secom UFG

Categorias: Cultura Arte e Cultura Emac