Icone Instagram
Icone Linkedin
Icone YouTube
Universidade Federal de Goiás
Fungos cavernas capa

O que as cavernas de Goiás têm a ver com a uva cultivada em Pernambuco?

Em 12/08/24 16:11. Atualizada em 12/08/24 16:12.

Pesquisa utiliza fungos encontrados em cavernas para reduzir doenças na viticultura

 

Fungos cavernas interna

Pesquisadores da UFG coletam amostras de fungos do ar em caverna do Cerrado goiano (Foto: Jadson Bezerra/LabMicol/Iptsp/UFG)

 

Marina Sousa

O Laboratório de Microbiologia do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), em parceria com o Laboratório de Micologia (LabMicol) do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (Iptsp) da Universidade Federal de Goiás (UFG), conduz uma pesquisa que utiliza fungos de cavernas do Cerrado goiano para auxiliar produtores a reduzir doenças causadas na uva cultivada no semiárido pernambucano.

A pesquisa analisa o potencial de fungos obtidos na caverna Lapa do Boqueirão, no município de Vila Propício (GO), na redução de doenças causadas pelo fungo Lasiodiplodia theobromae, que provoca significativas perdas na safra e aumento no uso de agrotóxicos. O objetivo é auxiliar produtores de uva do Vale do Rio São Francisco, uma das principais regiões vitivinícolas do Brasil.

A pesquisa é desenvolvida pelos estudantes de iniciação científica da Univasf, Daniel Farias Silva e Kaio Guimarães Bernardo, com orientação da professora Virgínia Michelle Svedese.

Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o fungo Lasiodiplodia theobromae tem a capacidade de infectar frutos, sendo um dos principais patógenos disseminados por meio de sementes e causadores de doenças pós-colheita. Isso causa um desequilíbrio muito grande no ecossistema por conta do uso de defensivos agrícolas para eliminação da doença na safra.

 

Leia também: LabMicol, do Iptsp, descreve duas novas espécies de fungos

 

Fungos cavernas

Teste de antagonismo de fungos (Trichoderma) contra Lasiodiplodia. A linha pontilhada em azul mostra as duas espécies em contato. As imagens da esquerda para a direita mostram o quanto o fungo Trichoderma inibiu o crescimento do patógeno Lasiodiplodia (Foto: Virginia Svedese/Univasf)

 

Parceria

O professor do LabMicol, Jadson Bezerra, conta que a parceria se deu por meio de um projeto desenvolvido por estudantes de graduação e pós-graduação do Iptsp, que estão isolando fungos de cavernas do Cerrado.

Para a pesquisa com a Univasf, foram obtidos outros fungos de diferentes gêneros, incluindo Penicillium e Aspergillus, porém o mais utilizado foi o Trichoderma, que possui espécies com grande potencial para o biocontrole e a aplicação biotecnológica.

A equipe da Univasf tem cultivado esses fungos para verificar qual possui o potencial para eliminar o patógeno que afeta as lavouras de uva. A professora Virgínia Michelle Svedese, do Departamento de Ciências Biológicas da Unifasv, explica que o fungo utilizado para o controle biológico é muito benéfico para o meio ambiente em comparação com o uso de agrotóxicos.

 

Leia também: UFG estuda inseticida a base de fungos para combater Aedes aegypti

 

Fungos cavernas

Da esq. para a dir.: pesquisadores Kaio Guimarães Bernardo, Daniel Farias Silva e a professora da Unifasv, Virgínia Michelle Svedese (Foto: Reprodução)

 

"Vamos utilizar o que já temos na natureza, que nada mais é que o fungo chamado de antagonista, que vai controlar e competir por espaço contra o outro fungo fitopatogênico, que nesse caso é a espécie Lasiodiplodia theobromae, maléfico para a safra", elucida a pesquisadora.

O projeto do Iptsp, conduzido pelo professor Jadson, é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), e apoiado pelo Termo de Compromisso de Compensação Espeleológica (TCCE), celebrado entre o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e a Vale S.A.

Fonte: Iptsp

Categorias: Micologia Ciências Naturais IPTSP Destaque