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Universidade Federal de Goiás

A vida depois da aposentadoria

Em 12/09/13 11:53. Atualizada em 24/11/14 14:13.

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Publicação da Assessoria de Comunicação da Universidade Federal de Goiás 
ANO VII – Nº 61 – AGOSTO – 2013

A vida depois da aposentadoria

Como os servidores da UFG têm levado a vida na aposentadoria? O bem-estar na terceira idade pode ser vivenciado em diferentes modos de vida

Texto: Luiza Mylena | Foto: Evandro Novaes e Sílvio Simões

A aposentadoria pode ser vivenciada de diferentes formas pelos trabalhadores, para alguns pode ser o fim de uma vida de dedicação, para outros o início de uma nova fase ou a continuidade no trabalho. O certo é que, por decreto, a pessoa está aposentada do dia para a noite, mas não se sente aposentada na mesma velocidade, uma vez que é necessário se acostumar com novos hábitos, lugares e novas rotinas.

Na UFG, é frequente a permanência do vínculo entre servidores aposentados e a universidade. Alguns continuam trabalhando, já outros fazem visitas para sanar a saudade dos departamentos e das pessoas com quem trabalharam durante anos. Fomos atrás desses aposentados e encontramos quatro deles que estão levando a vida de diferentes maneiras, mas que têm em comum a satisfação por continuar trabalhando.

Estes aposentados têm em comum mais que a instituição onde trabalharam. Mostram que o emprego vai além do trabalho remunerado e que é possível conciliar uma atividade regular com uma paixão pessoal. Para eles, os períodos de trabalho e da aposentadoria não se dividem e são vivenciados com satisfação.

O prazer em trabalhar

Professor José Ângelo Rizzo

“O meu hobby é trabalhar, é um prazer muito grande”. José Ângelo Rizzo, o professor trabalha na UFG desde sua fundação

A história do biólogo e professor José Ângelo Rizzo se mistura com a história da UFG. Ele foi um dos pioneiros na fundação do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), participou da criação do Bosque August Saint-Hilaire, no Câmpus Samambaia, entre outros inúmeros feitos. Atualmente, é diretor do Herbário - Unidade de Conservação, ligado ao ICB, onde foi feito o levantamento da flora dos estados de Goiás e Tocantins.

São 53 anos de trabalho na universidade que lhe conferiram o título de Professor Emérito, a medália Anhanguera Cidadão Goiano, além de outros prêmios e homenagens, que enfeitam sua sala repleta de livros técnicos escritos por ele. A homenagem mais recente foi recebida durante o Festival Internacional de Cinema Ambiental (FICA 2013), na cidade de Goiás, sua terra natal, em julho deste ano.

O professor conta que não houve mudanças quando ele se aposentou, continuou trabalhando como se não tivesse passado pelo ato administrativo. Sua aposentadoria foi compulsória, isto é, quando o servidor público é obrigado a se aposentar por ter alcançado a idade máxima para trabalhar. Mas nem a aposentadoria compulsória, decretada em 2000, interrompeu as atividades do docente, que continua trabalhando 12 anos após se tornar oficialmente aposentado.

Ele diz que não houve um intervalo entre a aposentadoria e o trabalho: “Eu não tive um hiato, eu vim trabalhar no outro dia como se não tivesse me aposentado”. Toda esta dedicação se explica pela paixão à Botânica. “O meu hobby é trabalhar”, afirma.

Telas terapêuticas

Tecnico Maria Ferreira

“A pintura é meu remédio mais barato”. Maria Ferreira encontrou nas aulas de pintura novas amizades e desafios para superar

Várias telas enfeitam a casa de Maria Ferreira. São pinturas de diferentes temas feitas por ela. A servidora técnico-administrativa da Faculdade de Odontologia (FO) poderia ter se aposentado há dez anos, mas continua trabalhando por gostar de suas atividades e das pessoas que a rodeiam na faculdade. Atualmente, ela trabalha na coordenação de estágio e tem contato direto com os alunos, que manifestam grande apreço por ela.

Maria Ferreira encontrou na prática da pintura, uma maneira de relaxar e de se preparar para a aposentadoria. Ela começou a fazer aulas de pintura há seis anos, em uma das atividades oferecidas aos trabalhadores técnico-administrativos pelo Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos em Educação das Instituições Federais de Ensino Superior (Sint-Ifes). “Costumo dizer que a pintura é meu remédio mais barato”, diz animada.

A servidora também se interessou pelos aspectos que influenciam as pessoas na hora de se aposentar e produziu sua dissertação de mestrado intitulada A aposentadoria dos servidores técnico-administrativos na Universidade Federal de Goiás-Goiânia: prováveis motivos para o adiamento, que está disponível no Jornal UFG On-line (link abaixo). Na dissertação, defendida em 2012, ela investigou os motivos pelos quais os servidores da UFG não se aposentam quando atingem o tempo necessário. As observações e reflexões no período de eminência da sua aposentadoria motivaram o estudo.

Por meio de gráficos e tabelas, ela identificou, entre outros fatores, os motivos pelos quais o trabalhador pode adiar a aposentadoria, o processo de preparação para se aposentar e os impactos que a aposentadoria pode trazer para o trabalhador. “As pessoas não se preparam bem para a aposentadoria”, explica.

A música que faz bem

Professor Maurício Vasconcelos

“Este aqui é o meu mundo”. Maurício Vasconcelos, ao se referir à sua sala onde coleciona discos

O professor aposentado do Instituto de Física (IF), Maurício Vasconcelos, acredita que, pelo ritmo de trabalho do sistema capitalista, algumas pessoas não se educam para a aposentadoria. Para ele, esta educação poderia ser feita por meio de atividades paralelas ao trabalho, como colecionar discos. Ele conta que sente falta de dar aulas na UFG. A falta sentida depois de alguns anos fora da sala de aula, após a aposentadoria, o levou a retornar ao meio acadêmico, como professor substituto e diretor do Câmpus de Porto Nacional da Universidade Federal do Tocantins. Por fim, resolveu se dedicar à sua coleção de discos de vinil e CDs.

Maurício Vasconcelos, que se aposentou em 1995, é fã de música. Em sua casa, ele fez uma sala só para seus discos, o professor brinca que é sua “sala de autismo”, e faz questão de reforçar: “Este aqui é o meu mundo!”. A sala é especialmente equipada com uma vitrola e um CD player ligados a caixas de som antigas que já tiveram que passar por alguns consertos por serem sempre utilizadas.

Ele ainda mantém laços com a UFG. Quando pode, visita a universidade para encontrar amigos e ex-alunos, entre seus ex-alunos está o atual reitor, Edward Madureira Brasil.

Rompendo os muros

Professora Ana Lúcia da Silva

“Depois que me aposentei, o que mudou foi que deixei de dar aulas dentro dos muros da universidade”. Ana Lúcia continua engajada na luta por uma educação melhor

Entre livros doados, que formam uma biblioteca farta em obras de literatura infantil, do Centro Cultural Eldorado dos Carajás, em Goiânia, a professora Ana Lúcia da Silva contou ao Jornal UFG histórias de quando lecionava no curso de História do antigo Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL).

Foi com o trabalho voluntário no Centro Cultural que Ana Lúcia da Silva aproveitou sua aposentadoria, concedida em 1994, para desenvolver projetos culturais em Goiânia. Sempre militante, a professora aposentada da Faculdade de História continuou ensinando jovens e adolescentes, reunindo esforços para que o Centro cresça e atenda mais jovens. “Depois que me aposentei o que mudou foi que deixei de dar aulas dentro dos muros da universidade”, afirma.

As atividades como coordenadora do Centro Cultural tomam o tempo da professora, que se mostra feliz em ver os jovens, principalmente alunos de escolas públicas de Goiânia, visitando o espaço e participando de atividades, como cursos e palestras. Segundo ela, “é por meio da cultura que podemos chegar a estes jovens”.

Fonte: Ascom UFG

Categorias: Aposentadoria Trabalho Saúde

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