ARTIGO: Jogando luz sobre a Luz
Publicação da Assessoria de Comunicação da Universidade Federal de Goiás
ANO XI – Nº 70 – Março – 2015
ARTIGO: Jogando luz sobre a Luz
Texto: Ardiley Torres Avelar* | Foto: Laís Brito
Sem exageros podemos dizer que sem Luz não há vida. É por meio dela que a energia proveniente do Sol, propagando-se por meio do vácuo, chega à Terra para desencadear os fenômenos climáticos e alimentar os processos biológicos, como a fotossíntese. Desde os primórdios, a humanidade tem utilizado a luz e questionado sua natureza. A luz do Sol, da Lua, das estrelas e das fogueiras foram usadas para medição do tempo, orientação geográfica, proteção ou por motivos religiosos. Sua natureza foi sucessivamente considerada divina, elementar, corpuscular, ondulatória, ondulatória-corpuscular e, atualmente, quântica.
Este ano tem tudo para ser iluminado! Pelo menos, de acordo com a resolução da Assembleia Geral da ONU, aprovada em 20 de dezembro de 2013, em que 2015 foi proclamado como o Ano Internacional da Luz e Tecnologia à Base de Luz. A decisão tem como objetivo principal conscientizar a comunidade internacional sobre a importância da Luz e a relevância de suas aplicações tecnológicas, que impactaram, impactam e impactarão, o desenvolvimento da humanidade, da sociedade e do cotidiano do cidadão.
O tema Luz, por descrever um fenômeno basilar e intrinsecamente relacionado à dinâmica do planeta, da vida e dos seres humanos, é providencial e oferece oportunidade singular para repercutir nos campos da educação e da pesquisa em diversos tópicos atuais, como: sustentabilidade, preservação, energias limpas renováveis, alterações climáticas globais, saúde e medicina, comunicação e agricultura.
No Brasil, as atividades que marcarão esse ano serão comandadas pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) em parceria com a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), sendo que a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia discutirá o tema: “Luz, ciência e vida”. As atividades planejadas pela SBPC envolvem, entre outras, a criação de exposição de circulação nacional e estadual, realização de teatro científico e concursos de fotografia e curtas sobre o tema Luz.
No dia a dia, a palavra luz denota a claridade (luz visível) percebida pelos nossos olhos quando olhamos diretamente para o Sol, para uma lâmpada fluorescente acesa ou para a chama de um fogão. Entretanto, a palavra Luz refere-se também, de forma menos técnica, a todas as radiações eletromagnéticas, cujo espectro compreende as ondas de rádio e TV, as micro-ondas, o infravermelho, a luz visível, o ultravioleta, o raio-x e os raios gamas. Este último – uso mais abrangente do termo Luz – é que está sendo comemorado neste ano.
Se o século XX foi a era da eletrônica, com certeza o século XXI será a da fotônica. Desde a invenção do laser e das fibras ópticas até detectores de alta sensibilidade, esse ramo da ciência e tecnologia tem impactado a forma como a humanidade se comunica: a internet e a revolução social acarretada por ela devem-se a transmissão de dados, codificados por luz laser, em alta velocidade por meio de fibras ópticas. Por outro lado, a civilização tornou-se sinônimo de cidades iluminadas, nos levando hoje a gastar 20% de toda energia produzida no mundo com iluminação: projeta-se que a luz produzida pelo LED branco revolucionará e minimizará esse problema de consumo de energia.
Coincidentemente, comemoramos neste ano várias datas importantes para a ciência da luz: mil anos do trabalho de óptica de Ibn Al- Haytham; 200 da teoria ondulatória de Fresnel; 150 da teoria eletromagnética de Maxwell; 110 das teorias do efeito fotoelétrico e da teoria da relatividade especial, e 100 da teoria geral da relatividade, todas de Einstein; 50 anos da descoberta da radiação cósmica de fundo, por Penzias e Wilson, e a transmissão de dados por fibra óptica realizada por Kao. Cada uma dessas descobertas surpreendentes transformou radicalmente a nossa visão de mundo... Vivemos hoje em uma sociedade que se conecta à velocidade da luz.
* Professor do Instituto de Física da UFG
Nesta Edição
Fonte: Ascom UFG
Categorias: artigo Ano Internacional da Luz Instituto de Física