ENTREVISTA: José Alexandre Filizola Diniz Filho
Publicação da Assessoria de Comunicação da Universidade Federal de Goiás
ANO VII – Nº 66 – Agosto – 2014
ENTREVISTA: José Alexandre Filizola Diniz Filho
Por reconhecimento e mérito
Texto: Michele Martins | Foto: Carlos Siqueira
"Acredito que estudos de temas estratégicos sejam uma das atuações mais importantes da ABC"
Em um país como o Brasil, onde a maior parte da produção científica e dos representantes das sociedades científicas se concentra nas Regiões Sudeste e Sul, o ingresso de um pesquisador de uma instituição goiana em uma das mais importantes entidades científicas do País deve ser comemorado e interpretado como uma chance de projetar ainda mais o valor das pesquisas e do trabalho dos pesquisadores da Região Centro-Oeste. Em maio deste ano, o pró-reitor de Pós-Graduação da UFG, José Alexandre Felizola Diniz Filho, tomou posse como membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC) depois de uma eleição que revelou seu mérito acadêmico e científico. Fundada em 1916, a ABC é uma entidade sem fins lucrativos, que contribui para o estudo de temas importantes para a sociedade, sobretudo, subsidiando cientificamente a formulação de políticas públicas e dando pareceres para a tomada de decisões relevantes ao desenvolvimento técnico-científico do País. Docente da UFG desde 1994, José Alexandre Diniz Filho possui um currículo de destaque. Ele desenvolve pesquisas na área de Ecologia e Meio Ambiente e atua junto a outras instituições científicas nacionais, como Capes e CNPq, e internacionais, como a Linnean Society, de Londres (FLS). Em entrevista para o Jornal UFG, o pró-reitor esclarece como será sua atuação na comissão de Ciências Biológicas da ABC. Confira!
Como o senhor recebeu a notícia da sua eleição para compor a Academia Brasileira de Ciências?
Fui sondado inicialmente por um colega da Embrapa-Cenaragen, de Brasília, Dario Grattapaglia, que me pediu para enviar alguns dados para concorrer à eleição de novos membros da ABC. Recebi a notícia da indicação em dezembro, alguns dias depois de ter sido convidado pelo reitor Orlando Amaral para assumir a Pró-Reitoria de Pós-Graduação (PRPG) da UFG. Foi uma honra receber essa indicação. Fazer parte de uma sociedade científica é sempre algo muito positivo para o pesquisador, pois este passa a ter acesso a informações importantes e mais contato com outros pesquisadores da área. No caso de algumas sociedades, como a ABC, esse ingresso não é voluntário, pois depende de uma seleção e/ou escolha. Nesses casos, além das vantagens usuais de fazer parte da sociedade, essa participação é também um mérito acadêmico e científico. Assim, entendo essa indicação como um reconhecimento das atividades de pesquisa e formação de recursos humanos que desenvolvi nos últimos 20 anos na UFG, desde que conclui meu doutorado.
Por quanto tempo o senhor integrará a ABC? Qual a sua função junto à entidade?
A ABC é uma sociedade científica e, a partir do momento que sou eleito, faço parte por tempo indefinido. Não tenho uma função específica ou cargo. Espero que a minha atuação seja na divulgação da ABC junto à sociedade, na participação em discussões sobre temas estratégicos e em eventos. Como tenho experiência editorial, talvez haja possibilidade de contribuir como editor-associado na revista principal da Academia, Anais da Academia Brasileira de Ciências, e/ou no periódico Pesquisa Antártica Brasileira. Penso também em participar de algum grupo de estudo.
De que forma a entidade conduz os seus grupos de estudo?
Acredito que estudos de temas estratégicos sejam uma das atuações mais importantes da ABC. Ao longo de sua existência, a Academia tem apoiado e gerado uma série de documentos sobre assuntos importantes e estratégicos para o País, como a Amazônia no século XXI, a problemática da água no Brasil e a aprendizagem infantil. Esses pareceres desenvolvidos pela ABC partem de estudos realizados por pesquisadores reunidos em grupos de estudo e de trabalho em diversas áreas. Atualmente, existem grupos que desenvolvem pesquisas sobre Amazônia, Biocombustíveis, Doenças Negligenciadas, Educação Científica, Imunobiológicos e Indústria, Mudanças Ambientais Globais, Mulheres para a Ciência, Recursos Hídricos e Recursos Minerais. Além disso, há uma série de eventos promovidos ou apoiados pela ABC.
Que tipo de atuação a ABC efetua nos órgãos governamentais brasileiros?
Entendo que a atuação seja principalmente como órgão consultivo, pronunciando-se sobre temas polêmicos, o que é importante para que a sociedade passe a ter subsídio sério para a tomada de decisões. Especificamente na minha área de atuação, lembro bem do impacto de um estudo realizado pela ABC sobre o Código Florestal Brasileiro que foi divulgado em 2011. O documento foi muito elogiado por cientistas e pesquisadores, tanto pelo caráter científico quanto pela importância estratégica de uma entidade de prestígio se pronunciar em relação a um assunto polêmico que, no final, seria decidido sob um grande componente político e que poderia privilegiar interesses econômicos independente das consequências para a sociedade.
De que forma a entidade pode ajudar o desenvolvimento científico do Centro-Oeste?
Pela distribuição dos membros eleitos, há uma participação muito pequena da ABC no Centro-Oeste, em termos proporcionais. Podemos tentar ampliar essa atuação. Já conversei com alguns membros que conheço sobre esse assunto. Em termos estratégicos, não há dúvidas que as questões ligadas à agricultura, ao agronegócio, à biodiversidade e à biotecnologia são importantes no Centro-Oeste e em todo o Brasil. Esses temas, por exemplo, têm sido prioritários nas redes de pesquisa do Programa Centro-Oeste do MCTI/CNPq/Capes/FAPs. Vale ressaltar que há outras áreas importantes e que é preciso que os pesquisadores identifiquem em quais delas há competência e potencial de investigação e inovação tecnológica.
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Categorias: entrevista José Alexandre Filizola Diniz Filho ABC
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