De olho nos passos
De olho nos passos
Pesquisadores da UFG estudam método de reconhecimento de pessoas pelo caminhar, uma alternativa aos procedimentos tradicionais de biometria
Texto: Wanessa Olímpio | Ilustração: Reuben Lago
Pesquisadores do INF utilizam biometria para comparar características peculiares do caminhar de cada pessoa
Imagine a possibilidade de ser reconhecido, não pela face, voz ou por amostras de DNA, mas pelo modo de caminhar. Esse é o objetivo dos pesquisadores do Instituto de Informática (INF) da Universidade Federal de Goiás (UFG). Eles estão elaborando um estudo que, a partir de vídeos de pessoas caminhando, utilizam visão computacional para comparar características peculiares da marcha das pessoas. O estudo poderá ser instrumento para a identificação de criminosos, cujas imagens sejam registradas por câmeras de segurança.
A pesquisa está em desenvolvimento desde 2014, no Programa de Pós-Graduação de Ciências da Computação do INF. Este é o objeto de estudo da dissertação do estudante Weder Mendes. Segundo ele, para que a identificação ocorra, é necessário destacar a silhueta do pedestre do restante do vídeo, onde são observadas características estáticas e dinâmicas. “As estáticas são características que não mudam durante o filme, por exemplo a altura da pessoa, tamanho da perna, do braço. As dinâmicas podem ser os ângulos dos passos, o movimento entre as articulações”, explicou o mestrando em Ciências da Computação.
Biometria
De acordo com o professor do INF e um dos orientadores do estudo, Gustavo Teodoro Laureano, “a ideia de reconhecer pessoas pelo modo de andar, pela marcha, não é nova. Já é estudada há muito tempo, só que existem problemas envolvidos nisso. O reconhecimento de pessoas pelo andar é uma alternativa de outros métodos de reconhecimento biométrico”. Segundo o professor, existem algumas características que são únicas em cada indivíduo e por isso fornecem dados biométricos. “A impressão digital, por exemplo, já é bem difundida. Entretanto, existe o reconhecimento de face, formato das mãos, da íris dos olhos, no entanto, a maioria dessas metodologias de reconhecimento biométrico necessita da cooperação do avaliado”, explica o professor.
Um método bem parecido com o reconhecimento pelo caminhar, que também utiliza imagens, é o reconhecimento da face. Porém, a técnica “exige uma câmera com maior resolução para captar as minúcias da face. Já o reconhecimento pela marcha pode ser feito a partir de uma imagem da pessoa à distância, com uma câmera de baixa qualidade, sem que se saiba que está sendo filmada”. Existem muitos sistemas que reconhecem a face, “mas os bandidos também se aperfeiçoam, o que acontece é que eles têm usado máscaras, perucas, capacetes e derivados para que não sejam reconhecidos. No entanto, qualquer estabelecimento tem uma câmera de segurança com gravação”, acrescentou o professor do INF e também orientador da pesquisa, Anderson Soares. Por isso é mais simples recolher imagens de suspeitos caminhando, ressalta o pesquisador.
Apesar de ser um método importante de reconhecimento, há algumas ressalvas à proposta. Se a pessoa analisada estiver com algum problema de saúde, embriagada, carregando algum objeto ou ciente que está sendo filmada, o modo de andar pode se alterar, o que dificulta a identificação.
Perspectivas
Espera-se que futuramente o próprio ambiente em que a pessoa trafegue possa fornecer informações biométricas. “Para abrir uma porta, necessariamente precisamos entrar em contato com a maçaneta, porque não ter um sensor ali? A pessoa está andando em uma sala e está sendo visualizada por várias câmeras que podem captar não somente a face, mas também o modo como a pessoa anda, inclusive de uma forma tridimensional. No futuro, imaginamos que existam esses ambientes preparados e que essa junção de técnicas de reconhecimento de pessoas com a fusão de dados nos leve ao reconhecimento com maior nível de acurácia”, explica Gustavo Teodoro.
Por enquanto o projeto analisa imagens de pessoas andando no sentido horizontal do vídeo. Além de identificar pessoas em multidões, “pretendemos estender esse projeto a outro nível, fazer reconhecimento de pessoas que andam em outras direções”, afirmou o professor do INF, Gustavo Teodoro. Os estudos estão sendo realizados com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) e com apoio da Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior (Capes).
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