Foco no mosquito
Foco no mosquito
Conhecer os hábitos e características do Aedes aegypti pode ser uma arma a mais no combate à sua proliferação
Texto: Serena Veloso | Fotos: Carlos Siqueira| Infográficos: Reuben Lago
Dengue, Zika, Chikungunya… Cada nova descoberta de doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti gera novas preocupações sobre como evitar os males transmitidos pelo vetor. No entanto, o que realmente precisamos saber sobre o mosquito? Como podemos diferenciá-lo do pernilongo comum? Quais medidas de prevenção são confiáveis? O Jornal UFG consultou especialistas da Universidade para saber um pouco mais sobre os principais hábitos e os mitos e as verdades nas formas de combate ao Aedes aegypti.
Estudioso da espécie há mais de 20 anos, o pesquisador do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP/UFG), Ionizete Garcia, aponta como principais dificuldades para a eliminação do mosquito o próprio comportamento biológico em seu ciclo de vida e a resistência de seus ovos. “O Aedes aegypti programa a saída de seus ovos ao longo do período de um ano e meio”, afirma o professor. Ionizete Garcia explica que os ovos do Aedes aegytpi de uma mesma postura se desenvolvem para a fase larval com uma variação no período de eclosão. Enquanto em alguns a transformação pode ocorrer em poucos dias, em outros, os ovos podem ficar incubados por até 479 dias.
Esse é um dos comportamentos que o diferencia do pernilongo comum (o Culex), cujos ovos da fêmea são depositados diretamente na água e todos se transformam simultaneamente em larvas. Apesar da necessidade dos reservatórios de água para a maturação, os ovos do Aedes, após serem depositados nas paredes dos criadouros próximos à superfície da água, podem resistir a longos períodos de ressecamento, até que as condições ambientais estejam favoráveis para a passagem ao próximo estágio. A umidade do ar acima de 80% e a temperatura a partir dos 28ºC são fatores ideais para o desenvolvimento dos ovos, por isso é no verão que costumam ocorrer novas epidemias.
Alimentação
Que o Aedes aegypti gosta de se alimentar do sangue dos humanos isso todo mundo já sabe. Mas por que a preferência? Os receptores do mosquito são atraídos pelo gás carbônico, além de certos odores exalados pelo corpo, oriundos de substâncias contidas no suor, como o ácido lático. Além disso, a pesquisadora do IPTSP, Heloisa Helena Garcia, explica que as proteínas adquiridas no sangue humano são necessárias à maturação dos ovários das fêmeas.
Por isso, ao encontrar sua vítima, o mosquito não descansa enquanto não picá-la, optando por áreas expostas como o tornozelo. A pesquisadora destaca a importância de barrar o contato com o vetor, por meio de medidas como telas nas janelas e portas das casas, local onde ocorre 90% das infecções por doenças transmitidas pelo mosquito. “Se conseguirmos barrar o acesso das fêmeas ao alimento, a produção de ovos vai diminuir e o número de adultos também”, destaca.
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Categorias: combate ao aedes aegypti Agente aedes IPTSP