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Universidade Federal de Goiás

Centros acadêmicos se firmam como espaços de diálogo

Em 13/08/13 11:44. Atualizada em 24/11/14 14:13.

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Publicação da Assessoria de Comunicação da Universidade Federal de Goiás 
ANO VII – Nº 60 – JULHO – 2013

Centros acadêmicos se firmam como espaços de diálogo

Em tempos de movimentação estudantil na UFG e em todo o País, os centros acadêmicos buscam reafirmar o papel de ponte entre as demandas dos estudantes e as respostas da instituição

Texto: Erneilton Lacerda  | Fotos: Mariana Naves e Divulgação

Em época de incontestável agitação dos jovens, que culminou em uma mobilização nacional responsável por trazer à tona diversas cobranças da população brasileira a seus governantes, surge um questionamento: de onde surgiram tais grupos que pautaram os insatisfeitos com a atual realidade do País? Considerando o forte caráter estudantil dos protestos, uma possível resposta seria: dos Centros Acadêmicos.

CAs

Integrantes do Centro Acadêmico de História na aprovação do Passe Livre, na Câmara de Vereadores de Goiânia

Definido pela União Nacional dos Estudantes (UNE) como uma das entidades representativas dos discentes na universidade, as atividades do Centro Acadêmico (CA), quando este está em pleno funcionamento, influenciam a maneira como os estudantes enxergam e buscam melhorar o curso no qual estão matriculados. Ao garantir um canal democrático de contato entre os estudantes, o CA torna-se um espaço de diálogo, o que possibilita a exposição das críticas, dúvidas e demandas.

Uma das funções básicas de todo CA é proporcionar o contato dos estudantes com os órgãos de representação geral, a exemplo do Diretório Central dos Estudantes (DCE), e com a direção das unidades acadêmicas. Agrega-se a essa função a discussão de soluções de problemas, como a falta de professores ou mesmo quanto às mudanças curriculares dos cursos.

Na Universidade Federal de Goiás (UFG), há CA's tradicionais, como o Centro Acadêmico XI de Maio (Caxim), do curso de Direito, que funciona há mais de 80 anos; há outros que passaram algum tempo inativos e, recentemente, voltaram à ativa, caso do CA do curso de História; e há também cursos nos quais ainda não há funcionamento desta entidade representativa.

Caxim

Sede atual do Centro Acadêmico do curso de Direito, Caxim, o mais antigo da UFG

A atual gestão do Caxim, que tomou posse em janeiro de 2013, é composta por  23 estudantes. Para Felipe Otávio Alves, relações públicas do Caxim, “2012, particularmente, foi um ano de fraca atuação política do CA, que é seu principal papel. Houve pouca atuação em relação à promoção de debates, de palestras e de discussões com os estudantes”. “Quando não se sabe as reivindicações dos alunos, torna-se impossível representá-los”, declara Felipe Otávio.

A atuação de um Centro Acadêmico é importante também para viabilizar a resolução de problemas que afetam os alunos. No início de 2013, chegou ao Caxim a reclamação de estudantes que estavam sendo prejudicados pela má conservação do telhado na Faculdade de Direito. Era época de chuva e as goteiras faziam com que a sala e as carteiras ficassem molhadas. “Diante desta situação, o Caxim, enviou um ofício para o diretor da Faculdade de Direito, exigindo que ele tomasse providências. Logo depois disso, foram enviados um engenheiro e um arquiteto para avaliar a situação das salas da faculdade e, algum tempo depois, o telhado foi arrumado”, comemora Humberto Morais, diretor de patrimônio do Caxim. “A ação rápida do CA foi importante, pois mostrou que estávamos atentos às demandas que surgem”.

Enquanto isso, o Centro Acadêmico do curso de História procura estabelecer um espaço próprio de gestão e debate com os estudantes. Iago Montalvão, um dos coordenadores, enfatiza o caráter representativo do CA. “Temos quatro membros no Conselho Diretor da Faculdade de História. É uma vitória para o corpo discente do curso, porque a pauta elaborada pelos estudantes é apresentada nas reuniões do Conselho”. Estudante do sétimo período de História, Yuri Veiga, que não atua na coordenação do CA, conta que “as ações do Centro Acadêmico de História têm contribuído para a participação efetiva dos estudantes na tomada de decisões”.

Museologia em votação

Estudantes do curso de Museologia em votação da comissão eleitoral para escolha da direção do CA

O estudante do terceiro semestre do curso de Museologia, Resigno Barros, vê a existência dos Centros Acadêmicos como imprescindível para “uma representação estudantil que atue, de fato, em prol dos interesses dos discentes”. Ele juntou-se a outros colegas do curso para criar o Movimento Pró-CA a fim de mobilizar todos os estudantes de Museologia quanto à importância da formação de um Centro Acadêmico, que, para ele, deve respeitar as especificidades de cada curso. “O próximo passo é a convocação de uma assembleia geral para fundamentar, em uma discussão aberta, a criação de um estatuto para o CA”, explica.

Com uma visão crítica em relação à atuação de muitos CA's na UFG, Resigno Barros desaprova a maior visibilidade dada às atléticas, que são responsáveis por organizar campeonatos internos, jogos, treinos e representar a faculdade em jogos externos. O estudante de Museologia nota que esse protagonismo das atléticas, em detrimento de qualquer outro tipo de debate, enfraquece a representação estudantil. “É preciso que haja uma ponderação, em que a discussão seria conjunta entre as atividades culturais e políticas”, disse o estudante.

Conforme o historiador e professor de Geopolítica do Instituto de Estudos Socioambientais (IESA) da UFG, Romualdo Pessoa Campos Filho, “mais do que a organização, a capacidade dos CA's de envolverem os estudantes de seus cursos e seus diretores constituírem-se em lideranças localizadas, pode fazer surgir assim uma vanguarda que seja reconhecida pela maioria dos estudantes”.

De algum modo, tal vanguarda foi percebida nos movimentos organizados que tomaram conta das ruas de diversas cidades brasileiras, principalmente nos meses de junho e julho de 2013. Apesar de entender que este é um processo inicial, Romualdo Pessoa mostra-se otimista. “São nas crises socioeconômicas que as lutas populares se fortalecem e novas lideranças despontam, quiçá, obedeçam aos princípios que as motivam como honestidade e sentimento de solidariedade diante das injustiças sociais.”  

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