CAMINHOS DA PESQUISA: Desafios para a produção científica no Brasil
Publicação da Assessoria de Comunicação da Universidade Federal de Goiás
ANO IX – Nº 71 – Abril – 2015
CAMINHOS DA PESQUISA: Desafios para a produção científica no Brasil
Texto: Angélica Queiroz | Foto: Carlos Siqueira
Professora abriu programação do Programa de Formação em Pesquisa
O Programa de Formação em Pesquisa, promovido pelas Pró-reitorias de Pesquisa e Inovação (PRPI) e de Pós-Graduação (PRPG), recebeu no mês de março a pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Sônia Vasconcelos, que ministrou palestra sobre integridade em pesquisa e produção científica no Brasil. Confira a entrevista concedida pela professora Sônia Vasconcelos ao Jornal UFG.
Qual é o principal desafio para a pesquisa e produção científica no Brasil hoje?
Sabemos que os desafios são vários, que incluem maior investimento em pesquisa e desenvolvimento, no número de pesquisadores ativos, na qualidade da produção e na internacionalização da ciência brasileira. Entretanto, talvez um dos maiores desafios seja estabelecer uma política de governança da pesquisa que, juntamente com esse investimento, possa fomentar uma cultura de integridade científica nas instituições. Creio que fomentar essa cultura pode contribuir objetivamente para a formação de pesquisadores mais críticos e comprometidos com a qualidade de suas contribuições, além de estimular a conduta responsável no processo de geração de conhecimento acadêmico.
Há muita desinformação?
Há um conjunto de fatores que podem estimular práticas de má conduta científica e outros desvios éticos nas atividades de pesquisa. A desinformação é apenas um deles, mas não podemos assumir que esse é o fator principal nos casos documentados.
Que tipo de políticas públicas poderiam ser criadas para minimizar os problemas de má conduta na pesquisa?
Pensando em políticas institucionais, por exemplo, creio que estimular reflexões sobre a ética e integridade em pesquisa num ambiente de produção científica cada vez mais colaborativo, mas também plural e competitivo, também pode provocar um wake-up call para muitos nesse ambiente.
Como membro do comitê organizador, quais as suas expectativas para a realização da 4ª Conferência Mundial em Integridade de Pesquisa no Brasil?
As expectativas são as melhores possíveis. Temos visto o interesse sobre o tema e sobre o evento aumentar consideravelmente desde que ele foi divulgado, em 2013. O incentivo e a divulgação dos nossos principais apoiadores, incluindo FAPESP, CAPES e SBPC, vem sendo decisivo.
Esse evento pode contribuir para mudar a forma como a pesquisa científica brasileira é vista lá fora?
Sim, acredito que essa realização impacta positivamente a percepção internacional sobre nosso sistema de pesquisa. Na verdade, o fato do Brasil sediar um evento mundial sobre esse tema, apoiado por seus principais órgãos de financiamento à pesquisa, sinaliza, minimamente, que o tema é relevante para sua comunidade. O apoio e as representações, no evento, de importantes instituições de países responsáveis por uma fração considerável da produção científica mundial, também fortalece essa visão. Entretanto, o comitê local de organização acredita que a participação brasileira e as ações que decorrerão a partir dessa conferência é que serão decisivas para consolidar o papel da integridade científica nas políticas de governança da pesquisa no Brasil. O sucesso dessas políticas pode potencializar os esforços que já vêm sendo feitos no país para fortalecer as contribuições da ciência brasileira no cenário internacional.
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