ARTIGO: Perspectivas interativas contemporâneas
Perspectivas interativas contemporâneas
Texto: Ravi Passos, Mateus Sperandio, Lina Lopes, Cleomar Rocha e Hugo Nascimento* | Foto: Victor Martins
Seja no caixa eletrônico de um banco, no smartphone ou na utilização das chaves de um novo modelo de automóvel, a vida contemporânea está cada vez mais mediada por dispositivos interativos. Nos últimos trinta anos, observou-se a migração de um mundo repleto de objetos manipuláveis para objetos e informações orientados pela interatividade, orquestrados pelas tecnologias das interfaces. Visão computacional, sensores de gestos e movimentos, interfaces gráficas e resoluções em ultra alta definição fazem parte do arsenal tecnológico que o início do século XXI estabeleceu como sua marca. A miniaturização dos componentes eletrônicos, a redução dos custos de fabricação e a computação nas nuvens são forças propulsoras deste fenômeno que, aliado à Internet das Coisas, repensam as funcionalidades dos objetos do mundo ao alcance do usuário por meio de pequenos dispositivos pervasivamente presentes no cotidiano das pessoas. São câmeras e sensores atentos e ávidos por ações desencadeadas por usuários. Os sistemas computacionais são os gerentes desse tempo, tendo as interfaces como elementos fundantes da experiência neste modelo. Em telas, dispositivos e gadgets, o futuro é desvelado em cada nova concepção de objetos comunicantes.
Em função disso, os próprios museus, instituições tradicionalmente empenhadas no resgate histórico, têm se transformado. O Museu do Futuro, em Linz, na Áustria, o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, e ainda, o recém inaugurado Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, são exemplos de uma nova proposta expográfica não mais baseada na apresentação de um passado, mas de uma experiência com este passado por meio de dispositivos interativos. E a relação não é conduzida pelo olhar, como ocorria até então. O espectador é convidado a estabelecer conexões com novas camadas de informação. Mesmo que o conteúdo museográfico seja o passado, ele é projetado em moldes contemporâneos. Há, ainda, as experiências que não se calam na visualização de peças antigas ou únicas, mas que vislumbram nosso tempo e até o futuro.
Nesta mesma direção a UFG se instrumentaliza, a partir do Media Lab, na construção deste conceito contemporâneo de sociedade interativa e conectada, com o olhar à frente, para onde se vislumbra o devir. Com uma série de projetos que vão desde a economia criativa até a nova concepção do projeto museográfico do Museu Casa de Cora Coralina, na Cidade de Goiás, a equipe multidisciplinar de pesquisadores do Media Lab protagoniza a reinvenção do modus operandi da sociedade contemporânea. O Museu Casa de Cora Coralina receberá, a partir de abril, projeções e ambientes interativos como parte de uma reformulação de seu conceito: uma experiência com a poesia de Cora. Cinco ambientes serão reformulados, ampliando a base sensível da visita e incorporando a poesia como base essencial para compreender a poetisa goiana. A casa não é mais somente para ser vista, ela será poetizada e entregue à experiência com seu material mais rico: a poesia.
Compreendendo e atuando neste novo contexto sociocultural, o Media Lab produz e discute o nosso tempo. Isso é feito com a participação de pesquisadores renomados e envolvendo estudantes de iniciação científica do ensino médio e da graduação, da especialização, do mestrado, do doutorado e do pós-doutorado. Em maio de 2016, o Media Lab organizará mais uma edição do Simpósio Internacional, abrindo suas portas e mentes para um exercício denso de mapear a área, prospectar futuros e abraçar o mundo.
Saiba mais:
Media Lab/UFG: www.medialab.ufg.br
SIIMI 2016: siimi2016.medialab.ufg.br
* Integrantes da equipe do Laboratório de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Mídias Interativas da UFG (Media Lab/UFG)
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