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Universidade Federal de Goiás

Docente e pesquisador: profissões que se cruzam

Em 28/03/16 10:30. Atualizada em 30/03/16 15:55.

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Docente e pesquisador: profissões que se cruzam

Análise mostra quadro geral da produção científica e da pesquisa na UFG

Texto: Angélica Queiroz | Imagens: Freepik

As carreiras de pesquisador e docente são complementares. Essa é a opinião da professora do Instituto de Ciências Biológicas da UFG, Célia Maria Soares, uma das com maior produção científica na Universidade. Ela afirma que no momento em que o professor se dedica também à pesquisa, aprimora seu conhecimento, resultando na melhoria da qualidade do ensino. Carlos Estrela, docente da Faculdade de Odontologia da UFG, também entre os cinco que mais produzem na instituição, concorda. Para ele, a aliança entre ensino e pesquisa deve ser a base do ensino de qualidade.

Segundo Carlos Estrela, a participação na graduação sinaliza, em muitos momentos, a necessidade de pesquisa aplicada aos problemas diários, encontrados nas atividades de ensino e na vivência clínica, o que traz motivação e interação positiva com os discentes da iniciação científica, mestrado, doutorado e pós-doutorandos. “O foco, a determinação, o equilíbrio e o correto emprego dos recursos disponíveis são aspectos favoráveis considerando as habilidades de ser, ao mesmo tempo, professor e pesquisador”, ressalta. Para Célia Maria Soares, o maior desafio é a produção de trabalhos de qualidade, o que pode ser medido pelo índice de impacto dos periódicos nos quais se publica e pela inserção do pesquisador no sistema de bolsas de produtividade em pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Na tentativa de desenhar um quadro geral da produção científica e da pesquisa na UFG, as Pró-Reitorias de Pós-Graduação e de Pesquisa e Inovação, PRPG e PRPI, fizeram análises que agora estão ajudando a gestão na elaboração de estratégias. Foram avaliados dados dos anos de 2011 a 2013, obtidos no CV Lattes do CNPq de quase 1.500 docentes efetivos da UFG, com doutorado, além de dados da base própria da UFG, obtidos no Sistema de Cadastro de Atividade Docente (SICAD), que permite a agregação e a complementação do cadastro de todas as atividades institucionais que compõem o Relatório de Atividades Docente (RADOC). Os resultados da análise foram publicados sob a forma de artigo no periódico Journal of Informetrics, no início de 2016.

O Pró-Reitor de Pós-Graduação da UFG, José Alexandre Diniz, explica que a ideia geral do trabalho foi avaliar os fatores relacionados à produção científica dos docentes da UFG, usando uma série de modelos estatísticos complexos. Para o Pró-Reitor há várias conclusões importantes no artigo, em termos de fatores que explicam a produção científica, com padrões gerais comuns para todas as áreas do conhecimento. Nos diversos modelos foi possível mostrar que existe muita variação relacionada ao esforço individual dos pesquisadores, segundo José Alexandre, que considera que a análise também detectou padrões muito interessantes, que podem nortear uma série de ações institucionais.


Diferença entre os sexos

Segundo a Pró-Reitora de Pesquisa e Inovação, Maria Clorinda Fioravanti, os resultados da análise indicaram que, na UFG, o gênero não foi fator discriminador na produção científica, apesar de uma leve tendência de a produção ser ligeiramente maior entre os homens. A Pró-Reitora salienta que existe um passivo histórico na ciência em relação as mulheres. “Só recentemente elas vêm ocupando espaços que antes eram assumidos prioritariamente por homens”, lembra.

Para Maria Clorinda, uma reflexão importante, baseada no número de CV Lattes registrado na base CNPq é que, ao considerar os doutores, 47% são mulheres e 53% homens, enquanto no mestrado a porcentagem inverte e o número de mulheres – 54% – é maior que o de homens – 46%. Maria Clorinda acredita que há ainda outro aspecto a ser analisado: o número de bolsistas de produtividade em pesquisa do CNPq, destinada a pesquisadores que se destaquem entre seus pares, valorizando sua produção científica. Em 2016, na UFG, o maior quantitativo dos bolsistas ainda é do sexo masculino – 64%.


Benefício Mútuo

A análise mostrou que a produção antes do doutorado foi um dos fatores mais relevantes para explicar a produção científica entre 2011 e 2013. José Alexandre afirma que os dados provaram a importância da formação do docente no âmbito de grupos de pesquisa consolidados. “Isso pode também ter implicações importantes na definição da política institucional relativa aos concursos na UFG”, afirma ele, que destaca que as orientações de discentes, de iniciação científica ao doutorado, também estão positivamente relacionadas à produção científica.

Para José Alexandre, os resultados das análises confirmam que docentes mais produtivos tem envolvimento mutuamente benéfico com a graduação, ao contrário da falácia que tenta contrapor pesquisa e graduação. “Este resultado também sugere que maior investimento no número de bolsas de iniciação científica pode ser altamente benéfico para a produção científica na UFG”, afirma.

No trabalho também ficou evidente que docentes com mais produção não ministram menos aula, ou vice-versa. Segundo os dados analisados, docentes com mais produção científica tendem a ministrar mais aulas na pós-graduação e docentes com menos produção possuem mais aulas na graduação. “Isso é esperado, já que a maior parte da pesquisa na UFG, assim como em todo o Brasil, é desenvolvida no contexto dos programas de pós-graduação”, comenta José Alexandre. Segundo ele, as informações evidenciam também que, em equilíbrio, há uma ligeira tendência de que os docentes mais produtivos ministrem mais aulas.

Segundo os Pró-Reitores de Pós-Graduação e de Pesquisa e Inovação, buscou-se com as análises e reflexões, encontrar estratégias que estimulem o envolvimento de todos os docentes da UFG com as diferentes atividades de pesquisa, condição basilar da qualidade do ensino. “Vale lembrar que os produtos científicos representam o ‘efeito colateral benéfico’ do processo de formação de recursos humanos, papel central da Universidade”, conclui Maria Clorinda.

 

Calendário

De 2011 a 2013, a produção docente média da UFG foi de 1,43 artigo por ano

 

Professor pesquisador

Docentes com mais produção não ministram menos aula, ou vice-versa

 

Artigos Produção


Poucos pesquisadores publicaram muito, enquanto grande parte publicou pouco;
Docentes formados em grupos mais produtivos tendem a ser mais produtivos ao longo de suas carreiras;

 

Troféu

Apenas 19% dos artigos foram publicados em periódicos A1(periódico internacional de alto impacto)
Projetos com financiamento resultam em produção de mais artigos A1

 

Laboratório

Bolsistas de iniciação científica produzem mais artigos;
A UFG conta com 152 bolsistas de produtividade em pesquisa do CNPq (54 mulheres e 98 homens), sendo 34 no extrato superior (PQ 1);
A UFG tem 12 bolsistas de produtividade em desenvolvimento tecnológico e extensão inovadora (2 mulheres e 10 homens).

 

Confira o artigo completo, em inglês, no link.

 

Para ler o arquivo completo em PDF clique aqui

 

Categorias: Docente Pesquisador Produção científica levantamento