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Universidade Federal de Goiás

Apesar do incômodo, a poluição sonora ainda não é percebida como um problema nas cidades

Em 03/06/13 17:01. Atualizada em 24/11/14 14:13.

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Publicação da Assessoria de Comunicação da Universidade Federal de Goiás 
ANO VII – Nº 58 – MAIO – 2013

Apesar do incômodo, a poluição sonora ainda não é percebida como um problema nas cidades

Distúrbios físicos e psicológicos podem ser provocados pelo excesso de exposição a ruídos constantes, muito comuns em centros urbanos. Esses ruídos são a terceira pior forma de poluição do planeta, só perdendo para a poluição da água e do ar segundo a Organização Mundial de Saúde.

Texto: Michele Martins | Fotos: Carlos Siqueira

 

ruido

Quem passa anos vivendo nas cidades em meio aos ruídos do trânsito, da construção civil, dos anúncios publicitários e até de turbinas de avião, aos poucos vai se acostumando com esses sons sem perceber o quanto eles são prejudicais à saúde. Não nos damos conta de que eles constituem uma forma de poluição responsável por desencadear nos indivíduos distúrbios como insônia, irritabilidade e agitação, depressão, dor de cabeça, alterações gástricas e intestinais e até hipertensão.

Com o objetivo de conscientizar a população sobre os riscos da exposição constante a ruídos, foi instituído o Dia Internacional de Combate ao Ruído (Inad, sigla em inglês para International Noise Awareness Day), 24 de abril. No Brasil, o dia foi comemorado com atividades de conscientização. Parceria entre o Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), Conselho Regional de Fonoaudiologia (Crefono), Faculdade de Artes Visuais (FAV) da UFG e Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), possibilitou a organização de uma concentração no centro de Goiânia para realizar o ato de um minuto de silêncio, a distribuição de material informativo sobre saúde auditiva, além da medição sonora de um dos lugares mais movimentados da cidade.

Maria Luiza Ulhoa

Professora da Faculdade de Artes Visuais, Maria Luiza Ulhôa Carvalho está a frente das atividades do Dia Internacional de Combate ao Ruído em Goiânia desde 2011. Destacando o slogan “Quem compartilha ruído, compartilha perigo”, ela alerta para a necessidade de nos concientizarmos quanto aos impactos negativos de permanecermos em constante exposição a ruídos


Para a professora da FAV, Maria Luiza Ulhôa Carvalho, que está à frente das atividades do Inad em Goiânia desde 2011, a cidade é considerada uma das que registram os maiores níveis de poluição sonora do país. Com um decibelímetro (aparelho utilizado para medir a intensidade dos sons em decibéis) instalado na Praça dos Bandeirantes, foi possível identificar níveis sonoros que chegaram até 100 decibéis no local. Os dados coletados serão analisados no Laboratório de Conforto Ambiental da FAV, com o objetivo de compor um mapeamento do nível de poluição sonora em locais de grande circulação de pessoas e veículos. A análise desses dados seguirá os parâmetros de níveis sonoros aceitáveis estabelecidos pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
De acordo com a Resolução n. 1, de 8 de março de 1990, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), a emissão de ruídos em decorrência de quaisquer atividades industriais, comerciais, sociais ou recreativas, inclusive as de propaganda política, não devem ser superiores aos considerados aceitáveis pela norma NBR 10.151 da ABNT. Essa resolução estabelece também que a execução dos projetos de construção ou de reformas de edificações para atividades heterogêneas, o nível de som produzido por uma delas não poderá ultrapassar os níveis estabelecidos pela NBR 10.152 da ABNT.

 

ruidos tabela

 

Conforto acústico

Ter noções de como construir ambientes adequados sonoricamente faz parte da formação dos estudantes dos cursos de Arquitetura e Urbanismo e de Design de Ambientes. De acordo com a professora Maria Luiza Ulhôa Carvalho é função dos profissionais dessas áreas evitar e resolver problemas quanto ao conforto sonoro e ao tratamento acústico das edificações. “Dentro da disciplina de acústica arquitetônica, há três questões relevantes: o isolamento acústico, a geometria acústica e a absorção sonora. O isolamento evita a transmissão sonora entre os ambientes, ou seja, um ruído não incomodar um vizinho ou vizinhança. A geometria, por sua vez, evita a reverberação e os ecos assim como propicia uma boa distribuição do som dentro dos recintos. A absorção sonora, através dos materiais de revestimento, auxilia na qualidade sonora em recintos fechados, ou seja, se uma música está ou não embolada ao se escutar.”, comentou a professora.

 

 

ruidos orelha

Alerta para a saúde auditiva

De acordo com a professora e fonoaudióloga da PUC-GO, Danya Ribeiro Moreira, os efeitos negativos interferem muito na qualidade de vida das pessoas, pois produzem interferências físicas e psicológicas. Uma das primeiras queixas das pessoas que sentem desconforto auditivo é a de sentir zumbidos e sensação de dor, chamada pelos profissionais de algiacusia. “Uma das principais características desses efeitos é que eles não são imediatos. Eles dependem do nível de intensidade do ruído, do tempo de exposição e da predisposição de cada indivíduo. E mais: ruídos de até 80 decibeis, que equivalem aos ruídos provocados pelo trânsito, são toleráveis, mas para uma exposição de até duas horas serão necessárias 16 horas em um ambiente silencioso para a recuperação da saúde auditiva.


Danya Moreira explicou ainda que é preciso diferenciar o que é o som e o que é ruído. Essa definição está relacionada à psicoacústica, ou seja, o que o próprio indivíduo percebe em relação aos sons. O que para uma pessoa é um som agradável, para outra pode ser um ruído, mas geralmente, os sons são estímulos agradáveis e os ruídos são desagradáveis. “Quando falamos de ruídos devemos considerar a intensidade (forte ou fraco) e a frequência. O nosso ouvido é capaz de ouvir frequências entre 20 a 20 mil Hertz e intensidades de zero a 120 decibéis que podem causar desconforto sonoro. A  legislação brasileira assinala que o indivíduo pode ficar exposto a um som de 85 decibéis por um período de oito horas. Se ouver um acréscimo de cinco decibéis, este tempo de exposição deve ser reduzido para quatro horas. A gama de frequências  com intensidades variadas, assim como o tempo de exposição, é que pode prejudicar a saúde e levar à degeneração das células do ouvido das pessoas. A perda da audição temporária ou definitiva é causada pela exposição a ruídos intensos e contínuos”, explicou.

Categorias: combate ao ruído saúde poluição sonoro

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