Plágio: Questão de Educação
Questão de educação
Problema recorrente no mundo acadêmico, o plágio tem sido combatido por meio da educação e da conscientização
Texto: Caroline Almeida | Ilustração: Natasha Hoshino
Nem sempre reconhecido ou admitido, o plágio está entre os problemas mais recorrentes em trabalhos acadêmicos e pesquisas científicas. Segundo o dicionário Aurélio, o ato de plagiar significa “apresentar como seu, trabalho intelectual de outrem” e “imitar obra alheia”. Dessa forma, o plágio faz parte de uma série de exemplos de má conduta em pesquisa, ao lado da falsificação e fabricação de dados, e, além disso, pode ser encontrado sob a forma de autoplágio, quando há a reprodução integral, em outras publicações de textos, gráficos ou imagens de autoria própria, supostamente inéditos, mas já publicados anteriormente.
Além dos casos de má conduta, há as ocorrências de “erro honesto”, em que a falha é causada por limitações intelectuais ou tecnológicas, mas sem má fé. Segundo o professor do Instituto de Estudos Sócio-ambientais (Iesa) da UFG, Tadeu Alencar Arrais, este é um dos fatores mais comuns que levam a problemas com trabalhos acadêmicos. Ele afirma que o problema costuma vir de antes da faculdade. “No ensino básico, muitas pesquisas não passam por uma produção ou uma reflexão sobre o tema. Não que isso seja correto, mas é comum”.
O costume se reflete, então, nas produções acadêmicas. “Muitas vezes, o aluno vem para a universidade e re- produz essa estrutura que teve na escola, e, por falta de informação, acaba não elaborando uma reflexão sobre a autoria”, explica Arrais. Para o professor, é visível a necessidade de realizar discussões sobre o tema e alertar o estudante sobre os erros cometidos, para evitar a repetição de falhas na pós-graduação.
Algumas vezes resolvidas de forma local, entre professor e aluno, a maior parte das ocorrências de plágio acaba não resultando em denúncias formais, ficando apenas no âmbito da orientação. Para a coordenadora-geral de pesquisa da Pró-Reitora de Pesquisa e Inovação (PRPI) da UFG, Sheila Araújo Teles, a ausência desses registros se deve, também, à dificuldade de detectar a cópia. Entretanto, ela reconhece a ocorrência de casos de má-conduta no meio acadêmico, o que pode ser consequência da expansão do compartilhamento de informações proporcionado pela internet.
Segundo Sheila Teles, mais importante do que denunciar e punir é realizar trabalhos de conscientização. “A UFG tem buscado destacar questões de ética e integridade em pesquisa, com o objetivo de educar a comunidade para prevenir tais ocorrências, indesejadas na ciência”, explica. A coordenadora-geral de pesquisa da PRPI destaca que a UFG ainda não possui uma cartilha com orientações para a educação contra o plágio.
Segundo ela, o desenvolvimento da mesma será feito após a criação do Comitê de Integridade em Pesquisa, Ensino e Extensão, ainda em fase de formação. Enquanto não há orientações pró- prias da Universidade, a PRPI tem disponibilizado documentos voltados à conscientização de alunos e professores, como a Declaração de Singapura sobre Integridade em Pesquisa e o Relatório da Comissão de Integridade de Pesquisa do CNPq, que destaca a necessidade de boas condutas na pesquisa científica e tecnológica.
Mesmo sendo resolvido, na maioria das vezes, de forma local, baseada na orientação ou na reprovação do trabalho, o plágio é considerado crime. Segundo o Código Penal Brasileiro, no que se refere a crimes contra a propriedade intelectual, a violação de direito autoral é passível de detenção, de três meses a um ano, ou multa.
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Fonte: Ascom UFG