Experiências em um jardim de arte contemporânea
Publicação da Assessoria de Comunicação da Universidade Federal de Goiás
ANO VII – Nº 63 – OUTUBRO – 2013
Experiências em um jardim de arte contemporânea
Projeto do curso de licenciatura em Artes Visuais modalidade a distância proporciona a grupo de estudantes vivências em Inhotim e em exposições de artes em Belo Horizonte
Texto: Júlia Mariano | Foto: Evamirian Guerra, Júlia Mariano e Marcelo Costa
Visitar Inhotim, o maior centro de arte contemporânea a céu aberto da América Latina, não parece um desejo alcançável para muitas pessoas interessadas em artes. Isso porque Inhotim está localizado no remoto município de Brumadinho, a 60 Km da cidade de Belo Horizonte. Para os alunos do curso de licenciatura em Artes Visuais, modalidade a distância (EaD) da UFG, que residem em cidades do interior do Estado de Goiás, nas quais há polos da Universidade Aberta do Brasil (UAB) e do Plano Nacional de Formação de Professores para a Educação Básica (Parfor), conhecer Inhotim também parecia um sonho inatingível.
No entanto, como um dos desafios da EaD é romper barreiras, essa foi mais uma conquista dos alunos. Graças ao projeto desenvolvido pela servidora técnico-administrativa da Faculdade de Artes Visuais (FAV), Rejane Ribeiro da Silva, com apoio da direção da unidade, e ao empenho dos estudantes, professores e tutores do curso, a proposta de visitar não somente Inhotim, como também outras exposições em Belo Horizonte e obras de arte em Congonhas (MG), foi um sucesso.
Esculturas dos Doze Profetas, no Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas (MG)
Em Congonhas, os estudantes, acompanhados por professores e tutores do curso, tiveram a oportunidade de conhecer algumas obras do escultor e entalhador Antônio Francisco Lisboa, mais conhecido como Aleijadinho. Tombadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e consideradas Patrimônio Mundial da Unesco, as esculturas dos Doze Profetas no Santuário do Bom Jesus de Matosinhos e as capelas com cenas da via-sacra prenderam a atenção dos estudantes, que esclareceram suas dúvidas com um guia local.
O auge da programação foi a tão esperada visita técnica a Inhotim. Dois dias não foram suficientes para conhecer todo o acervo artístico exposto nas 21 galerias e as 23 obras expostas a céu aberto, nem o acervo botânico com mais de 4.500 espécies de plantas. No entanto, o período foi bastante para despertar a curiosidade dos estudantes que se depararam com obras de Cildo Meireles, Tunga, Adriana Varejão, Lygia Pape, Hélio Oiticica, Miguel Rio Branco, Matthew Barney, Paul McCarthy, Dan Graham, entre outros. Alcione Bezerra Gomes Barbosa, estudante do polo de Inhumas, garante que percebeu seu amadurecimento por causa das experiências proporcionadas pela visita a Inhotim.
Para Luzia Aparecida Rosa, estudante do polo de Inhumas, a viagem foi surpreendente: “Foi mais do que eu esperava! Inhotim é grandioso, supera todas as expectativas”. Maria Divina, do polo de Anápolis, ficou impressionada: “Não adianta contar para as pessoas sobre Inhotim: elas mesmas precisam conferir!”. Maria Olinda Oliveira Barroso, aluna do polo de Inhumas, acredita que se não tivesse participado dessa viagem, não teria outra oportunidade de conhecer o acervo.
Outras experiências – Em Belo Horizonte, os viajantes conheceram e se relacionaram com a mostra A Magia de Escher, exposta no Palácio das Artes, com desenhos, gravuras e obras interativas do artista holandês Maurits Cornelis Escher. De forma lúdica, instalações interativas instigaram os alunos a desvendar efeitos óticos utilizados pelo artista em suas construções geométricas. Os estudantes ficaram fascinados por visitar essa exposição, apontada pelo jornal especializado londrino The Art Newspaper, como a mais visitada do mundo em 2011, em decorrência das mostras realizadas em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, que levaram 1 milhão e 200 mil pessoas a visualizar as obras do artista.
Galeria Matthew Barney, um dos locais mais emblemáticos de Inhotim
Inaugurando o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) de Belo Horizonte, a exposição Elles: mulheres artistas na coleção do Centro Pompidou, com obras da coleção do Musée national d’Art Moderne, de Paris, abrilhantou a viagem cultural. Os estudantes se depararam com 120 obras – entre fotografias, instalações, pinturas, esculturas e vídeos – produzidas por 65 artistas pioneiras da coleção do Centro Georges Pompidou, de Paris. Criadas entre 1907 e 2010, as obras representam a participação da mulher na história da arte moderna e contemporânea. Trabalhos das brasileiras Rosângela Rennó, Anna Bella Geiger e Rivane Neuenschwander compartilharam a cena com obras de artistas internacionais como Orlan, Sophie Calle, Sherrie Lavine, Nan Goldin e Frida Khalo.
Angélica Rodrigues, licenciada em Artes Visuais pela UFG, emocionou-se ao conhecer de perto tantas obras que ela só tinha visto em livros ou pela internet, especialmente as fotografias de Nan Goldin. A estudante lamentou a ausência de alguns colegas na viagem: “Quem não veio perdeu a melhor viagem de todos os tempos! Eu nunca imaginei que iria ver tanta coisa boa!”, assegura.
O professor da FAV, Rubens Pileggi Sá, acompanhou os estudantes na viagem e explicou que, para ele, o espírito do ensino a distância não é só ficar em frente ao computador e entender que isso é o conceito geral de ensino a distância. “Para mim, a ideia de ensino a distância é o contrário: é encurtar as distâncias. É dar aos estudantes a oportunidade de verem as obras de arte além dos pixels da tela do computador e conferi-las presencialmente em outros locais”. Ele assegurou que essas experiências são fundamentais para a formação do aluno de Artes, pois elas não só mudam o entendimento sobre arte do estudante, como mudam a própria visão de mundo dele.
Encerrado o passeio, Rejane Ribeiro anunciou que essa foi a primeira viagem de diversas outras que estão planejadas. “Ainda neste ano, vamos a Porto Alegre visitar a Bienal do Mercosul e, depois, a Brasília conferir a exposição Grandes mestres do Renascimento: obras-primas italianas no CCBB. Tudo isso porque acreditamos que essa é uma outra forma de levar o conhecimento aos estudantes”, garante. Cabe aos professores e tutores criarem estratégias para que sejam compartilhadas as experiências vividas pelos estudantes nessas viagens e, assim, seja construída uma rede de aprendizagem por meio de práticas pedagógicas que respondam aos novos desafios da contemporaneidade.
Estudantes e servidores do curso posam para foto em frente à Galeria Doug Aitken
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