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Universidade Federal de Goiás

Plantas de cobertura reduzem pragas e uso de herbicida em plantações

Em 23/11/15 10:28. Atualizada em 25/11/15 08:20.

 

 

Plantas de cobertura reduzem pragas e uso de herbicida em plantações

Pesquisas demonstraram efetividade de espécies utilizadas na cobertura vegetal sobre o solo para a redução do uso de herbicidas em áreas de plantio direto

Texto: Serena Veloso | Fotos: Paulo César Timossi

 

Braquiária e soja 

Uso de braquiárias no cultivo de soja favorece a manutenção do solo e promove controle de plantas daninhas 

 

O controle de plantas daninhas em lavouras ainda é um problema sério encarado pelos agricultores no Sistema de Plantio Direto, pois tais plantas além de reduzirem a produtividade e eficiência da terra ao dificultarem o crescimento das culturas, aumentam os custos na produção. Atualmente, os produtores têm recorrido ao uso de herbicidas para o controle dessas plantas indesejadas. No entanto, tal ferramenta não tem agido com eficácia para essa finalidade, pois algumas espécies têm se mostrado resistentes a adoção de produtos químicos.

 

Para pensar no manejo sustentável da produção agrícola, pesquisas desenvolvidas pela equipe do Laboratório de Plantas Daninhas (LPD), da Regional Jataí da UFG, investigaram espécies de plantas de cobertura que possam minimizar o impacto ocasionado pela disseminação de plantas daninhas resistentes nas culturas de oleaginosas e de cereais. As plantas de cobertura são resultantes do aproveitamento de plantas e de resíduos vegetais de outras safras, a chamada palhada, a qual favorece a cobertura do solo e tem auxiliado na supressão de pragas que podem se alastrar nas culturas.

 

As pesquisas foram realizadas nas culturas de soja em primeira safra, na época da Primavera/Verão, e de milho em segunda safra, durante o Outono/Inverno, localizadas no sudoeste goiano. Segundo o coordenador das pesquisas, Paulo César Timossi, o objetivo é também buscar espécies que, além de influenciar na diminuição dessas plantas daninhas, se encaixem em programas de rotação de culturas, um dos pilares do Sistema de Plantio Direto.

 

Três espécies de plantas de cobertura foram identificadas como eficientes para reverter o problema no cultivo de soja e milho: a braquiária ruziziensis (Urochloa ruziziensis) e dois tipos de crotalárias (Crotalaria junceae e Crotalaria ochroleuca). “O cultivo de crotalárias e braquiárias, isoladas ou em cultivo simultâneo ao milho, tem se destacado no manejo de plantas daninhas de difícil combate, diminuindo-as em quase a sua totalidade em áreas com altas infestações”, salienta o pesquisador.

 

Crotalaria em safrinha

Espécie de crotalária contribui na redução do uso de herbicidas em safrinha

 

Sistema de Plantio Direto

O esquema de manutenção da qualidade do solo por meio da cobertura vegetal integra uma das práticas do Sistema de Plantio Direto. Atualmente, estima-se que 50% das plantações brasileiras de grãos utilizam essa modalidade para o manejo sustentável do solo, uma das alternativas que podem contribuir para reduzir os impactos causados por práticas da agricultura tradicional, como a aração e a gradagem, e trazer maior estabilidade na produção. Entre os pontos positivos, o sistema possibilita a redução das emissões de carbono pelas queimadas, as perdas de solo e água pelo processo erosivo e a compactação do solo.

 

Isso porque, explica Paulo César Timossi, um dos pilares do modelo agrícola é a gestão da terra pela rotação de culturas, que permite, a partir dos resíduos vegetais e raízes deixadas por plantações anteriores, a manutenção permanente do solo. Esses restos das culturas contribuem para o enriquecimento do solo com matéria orgânica, que irá ser decomposta gradualmente e se tornará nutrientes importantes para o melhor desenvolvimento do plantio. A cobertura promove ainda melhor infiltração da água das chuvas no solo e, assim, reduz a ocorrência de erosões.

  

Braquiaria 

Pesquisas do Laboratório de Plantas Daninhas, coordenada pelo professor Paulo César Timossi, aposta no manejo sustentável 

 

Benefícios

Para Paulo César Timossi, um dos benefícios do manejo das plantas de cobertura é a diminuição do uso de produtos químicos nas lavouras. Ele explica que, atualmente, o Sistema de Plantio Direto no Cerrado tem se sustentado a partir do uso do herbicida glyphosate para o controle das plantas daninhas, em função das próprias características climáticas da região, que têm dificultado a alternância de culturas e, consequentemente, o estabelecimento da palhada na superfície do solo, de forma a favorecer o crescimento dessas plantas. Tais herbicidas não têm se mostrado eficientes, durante o processo de pré-semeadura, na redução da incidência de espécies de plantas daninhas como a buva (Conyza sp.), o capim-amargoso (Digitaria insularis), a erva-quente (Spermacoce latifolia) e a trapoeraba (Commelina benghalensis).

 

“Devido ao uso incorreto de tecnologias e excesso de uso do herbicida glyphosate, tem ocorrido a seleção de espécies de plantas daninhas tolerantes à molécula, o que tem levado alguns agricultores a retornar para o sistema convencional de cultivo por não conseguirem controlá-las quimicamente”, alerta o pesquisador, que acredita ser um retrocesso para a agricultura. No entanto, Paulo César Timossi destaca que as crotalárias e braquiárias têm se adequado bem ao sistema de rotação de culturas no Cerrado e, por isso, têm possibilitado a diminuição do uso de herbicidas, sem, no entanto, dispensá-los. Isso tem sido possível desde que se adotem espécies que sejam sensíveis à molécula herbicida glyphosate.

 

Para ler o arquivo completo em PDF clique aqui

 

Fonte: Ascom UFG

Categorias: pragas herbicidas plantas de cobertura Jataí